Apicultores devem estar atentos a alguns cuidados para manter a produtividade das abelhas em períodos de altas temperaturas (Foto: Fabiano Bastos/Embrapa)
Em tempos de calor, as abelhas também são afetadas, pois são sensíveis às altas temperaturas. Elas possuem diversos mecanismos e estratégias para se protegerem e se manterem vivas e produtivas em períodos com temperaturas elevadas. No entanto, esse esforço pode impactar o desenvolvimento e a produção da colônia.
Isso exige que o apicultor tome alguns cuidados, como sombreamento e disponibilidade de água para garantir que a produtividade de mel não seja reduzida.
A pesquisadora da Embrapa Meio-Norte, Maria Teresa Lopes, ensina que as abelhas procuram manter a área de cria do ninho numa faixa de temperatura entre 33-35°C, que é considerada favorável ao desenvolvimento da colônia.
Já temperaturas acima de 36°C, por longo tempo, podem afetar severamente as abelhas, causando inclusive anomalias no desenvolvimento e até a morte das crias.
“Quando a temperatura ultrapassa esse limite, as abelhas precisam utilizar estratégias para o resfriamento da colônia. Elas começam a se dispersar nos favos e podem até mesmo sair da colmeia, formando aglomerados do lado de fora”, explica a pesquisadora.
“Além disso, podem realizar ventilação, batendo as asas, e promover a evaporação de gotas de água que são espalhadas sobre os favos”, diz.
Redução na produtividade
Segundo Maria Teresa, enquanto investe tempo e energia buscando água para evaporação, ventilando a colônia e utilizando todas as estratégias para reduzir a temperatura, a abelha deixa de visitar as flores para coletar alimento (néctar, pólen) e produzir o mel.
A pesquisadora alerta os apicultores para tomarem algumas medidas que possam garantir a sobrevivência e a produtividade das abelhas nos períodos de estiagem ou de altas temperaturas.
Esses cuidados devem ser iniciados logo na escolha do local para instalação do apiário, que deve ser sombreado e com fonte de água limpa, de acesso seguro, abundante e permanente.
Sombreamento
Apicultores podem aproveitar a sombra das árvores para favorecer conforto térmico às colmeias. Foto: Ronaldo Rosa/Embrapa
O sombreamento pode ser natural (sombra de árvores) ou artificial (coberturas artificiais construídas a partir de diversos materiais, dos mais rústicos aos mais resistentes).
“O apicultor deve escolher um local com espécies arbóreas que mantenham as folhas mesmo no período da seca para garantir o sombreamento nos períodos com temperaturas mais altas e escassez de chuvas”, recomenda a pesquisadora.
Água em abundância
Outro fator essencial na criação de abelhas é a presença de água, fundamental para a manutenção dos enxames, principalmente em regiões de clima quente.
Maria Teresa explica que a água é usada para auxiliar na termorregulação das colmeias. Em casos extremos, uma colmeia pode chegar a consumir 20 litros de água por semana.
“Deve-se fornecer fonte de água pura para as abelhas e disponível próxima às colmeias. Caso o local não disponha de fonte natural (rios, nascentes, etc.), deve-se instalar um bebedouro artificial, tomando-se o cuidado de mantê-lo sempre abastecido com água limpa”.
Para isso, a pesquisa lembra que deve-se trocá-la frequentemente e lavar o bebedouro com uma escova, evitando focos de contaminação.
“É importante também que as abelhas tenham acesso seguro à água, isto é, a fonte ou bebedouro deve ter materiais ou superfícies que permitam que as abelhas pousem no local e coletem a água sem se afogarem”.
Alimentação alternativa
“No período entre as floradas, o apicultor deve também ter atenção especial com a alimentação”, alerta a pesquisadora.
Nesse período, em geral, também as temperaturas são mais elevadas, e com a redução das floradas, a oferta de alimento diminui e, especialmente na região semiárida, é necessário fornecer alimento para as abelhas para manter as colônias e reduzir a perda por abandono.
A alimentação suplementar pode ser uma alternativa que estimula a postura da rainha e ajuda a aumentar a população, acelerando o crescimento do enxame.
A Embrapa Meio-Norte desenvolveu diversas fórmulas que buscam suprir as necessidades nutricionais das abelhas nativas e africanizadas nesse período. Clique aqui para acessar o material.
