Técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (Sistema CNA) levarão assistência técnica e gerencial a quatro mil propriedades rurais, a partir de 2019, como parte das atividades em campo do Projeto Bioma Cerrado.
A ação integra o Projeto “FIP Paisagem”, uma iniciativa inédita que pretende promover a gestão integrada da paisagem do Cerrado – o segundo maior bioma do Brasil (o primeiro é a Amazônia).
Financiado pelo Programa de Investimentos em Florestas (FIP), esse trabalho será apresentado ao mundo durante a 24ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-24), no mês de dezembro, na Polônia.
O “FIP Paisagem” terá duração de seis anos e atenderá produtores rurais dos Estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Minas Gerais, Piauí e Tocantins, além do Distrito Federal.
Monitoramento via satélite
A gestão integrada, conforme descreve a CNA/Senar, será feita por monitoramento de imagens via satélite, disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A partir daí, será possível verificar os avanços das ações implantadas.
“Vamos estimular a adoção de tecnologias sustentáveis de baixa emissão de carbono, associadas às orientações técnicas para a conservação e recuperação de áreas degradadas”, informa Matheus Ferreira, diretor de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar.
Atendimento profissional
Cada propriedade rural receberá atendimento por 24 meses, com ações voltadas para o aumento da produtividade e da renda nas cadeias produtivas assistidas.
Conforme Ferreira, o diferencial desse projeto gira em torno dos treinamentos específicos que serão aplicados aos profissionais da área de assistência técnica rural do Senar, de forma que, posteriormente, eles possam transferir informações e ações práticas para mulheres e homens que trabalham com a terra, nas regiões do Cerrado.
“Os profissionais terão a habilidade de elaborar planos de adequação ambiental que serão um caminho para os Projetos de Recomposição de Áreas Degradadas ou alteradas (Pradas) exigidos pelo Programa de Regularização Ambiental (PRA), que estão sendo construídos nos Estados.”
O Sistema Florestal Brasileiro, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Banco Mundial e a Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) também integram o projeto.
Sobre a COP24
O Sistema CNA/Senar levará à 24ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP24), que será realizada entre os dias 3 e 14 de dezembro na Polônia, as práticas sustentáveis do produtor brasileiro para mitigação dos gases de efeito estufa, como o Projeto ABC Cerrado.
No Brasil, o produtor tem acesso a financiamentos do governo federal para produzir com mais sustentabilidade, reduzindo os impactos no clima, e uma das iniciativas do governo nessa linha é o Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono.
As principais tecnologias financiadas pelo Programa ABC no País são recuperação de pastagens degradadas, florestas plantadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), tratamento de dejetos animais, fixação biológica de nitrogênio e sistema plantio direito.
Para incentivar o produtor a adotar as tecnologias, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural desenvolve, desde 2015, o Projeto ABC Cerrado, que contempla quatro das seis tecnologias do Programa ABC do Mapa, além de assistência técnica e gerencial para produtores de nove Estados do Bioma Cerrado.
A iniciativa é uma parceria da instituição com o Ministério da Agricultura e Embrapa com recursos do Banco Mundial.
Técnicas de conservação de água e solo
“Essas tecnologias são baseadas em técnicas de conservação de água e solo, sobretudo, na manutenção da cobertura vegetal durante todo o ano dentro da propriedade, favorecendo a capacidade suporte do solo e, consequentemente, o sequestro de carbono,” afirma Mateus Tavares, coordenador do Projeto ABC Cerrado no Senar.
Os principais benefícios do projeto são aumento na oferta de alimentos, diversificação da geração de renda no campo e preservação do meio ambiente. Até o momento, 5,8 mil produtores foram capacitados nas tecnologias e 1957 receberam assistência técnica. Mais de 84 mil hectares já foram recuperados por meio da aplicação das tecnologias ABC.
Ganhos para o meio ambiente
Com isso, o meio ambiente ganha triplamente, com o solo recuperado, a redução das emissões dos gases de efeito estufa e, como a produtividade aumenta em um mesmo ambiente, evita que o produtor abra novas áreas.
“O aumento da produtividade tem sido um dos resultados mais visíveis do ABC Cerrado. O produtor está produzindo três vezes mais do que produzia ou ainda, produzindo o mesmo, mas em um terço da área anterior”, ressalta Tavares.
O setor agropecuário é um dos principais atores no esforço brasileiro de cumprir as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, sigla em inglês) previstas no Acordo de Paris, entre elas, a redução da emissão de gases do efeito estufa em 37% até 2025 e 43% até 2030, tendo como base o ano de 2005. O Acordo passa a vigorar a partir de 2020.
Fonte: Senar/CNA