O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou no Diário Oficial da União, no dia 24 de dezembro, as portarias com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) referente à safra 2019/2020, para a cultura de milho consorciado com braquiária – primeira safra no Estado de Roraima e na Região Nordeste (Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Maranhão, Ceará, Bahia e Alagoas).
Também foram publicadas as portarias que aprovam o Zarc do trigo para a safra 2019/2020, por sistema de produção: trigo duplo propósito no Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina; e trigo irrigado no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Minas Gerais e São Paulo; e trigo sequeiro no Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Diretor do Departamento de Gestão de Riscos da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Pedro Loyola, explica que, além da atualização da lista de cultivares indicadas, o zoneamento do trigo apresenta novidades em relação à safra passada.
“Houve a exclusão do plantio nos solos tipo 1 para o cultivo de sequeiro e o atraso das janelas de plantio em alguns municípios visando mitigar o risco de perdas por geadas. É sempre importante lembrar que devido aos riscos climáticos e de doenças que afetam a cultura, o produtor deve seguir as boas práticas agrícolas recomendadas pela pesquisa para a produção de trigo”, destaca.
Boas práticas no plantio do trigo
As portarias de Zarc de trigo trazem a recomendação de boas práticas agrícolas, como rotação de culturas e controle químico de doenças, via tratamento de sementes ou pulverizações da parte aérea, dentre outras. A ideia é que o produtor rural e os agentes da assistência técnica possam ir se acostumando com essa inovação no sistema Zarc, uma vez que, nos próximos anos, o uso de tecnologia de produção poderá adquirir caráter de obrigatoriedade.
O Zarc, além de ser uma ferramenta de gestão de riscos no cultivo de trigo no Brasil, para maior eficiência de uso, também deve atuar como indutor de tecnologia de produção desse cereal. No caso do trigo de sequeiro, além dos itens especificados nas portarias, admite-se como padrão mínimo de tecnologia de produção aquele que é especificado nas Informações Técnicas para Trigo e Triticale, que são anualmente atualizadas pela Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (CBPTT).
Destaca-se atenção especial ao manejo de doenças nesse cereal, enfatizando-se a importância da rotação de culturas, que apesar de não ser obrigatória na safra 2019/2020, sugere-se que seja adotada pelo menos um ano de alternância no cultivo de espécies não hospedeiras dos patógenos do trigo; pela comprovada eficiência no controle de manchas foliares e podridões radiculares.
Adicionalmente, recomenda-se que, no controle químico de doenças, via tratamento de sementes ou por pulverizações aéreas, sejam observadas a especificidade de controle dos produtos usados para a doença-alvo e a adoção de boas práticas de tecnologia de aplicação.
Trigo de duplo propósito
Os chamados trigos de duplo propósito, que têm aptidão para a produção de forragem (pastejo/corte) e grãos na mesma estação de crescimento, conforme experiências realizadas há vários anos no Sul do Brasil, são alternativas que visam à otimização do uso da terra no inverno, pela Integração Lavoura-Pecuária (ILP), facultando a cobertura do solo após a colheita dos cultivos de verão, atenuando o vazio forrageiro de outono para a produção animal, diluindo os custos fixos de produção e reduzindo os riscos pela colheita antecipada na forma de forragem.
Balanço 2019 do Zarc
Em 2019, foram publicadas 390 portarias do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), um aumento de 27% em relação ao ano anterior. As culturas contempladas com portarias deste ano foram: algodão herbáceo, amendoim, arroz de sequeiro, arroz irrigado, banana, banana irrigada, cacau, cevada de sequeiro, cevada irrigada, feijão 1ª safra, feijão 2ª safra, feijão caupi.
Também foram contempladas as culturas de girassol, mamona, milho 1ª safra, milho 2ª safra, milho com braquiária (2ª safra e safra), palma forrageira, soja, sorgo, trigo de sequeiro, trigo irrigado, trigo duplo propósito, uva clima tropical, uva clima subtropical ameno, uva clima subtropical ameno 2ª safra, uva clima subtropical frio.
App Plantio Certo
Produtores rurais e outros agentes do agronegócio poderão acessar por meio de tablets e smartphones, de forma mais prática, as informações oficiais do Zarc, ferramenta utilizada para orientar os programas de política agrícola do governo federal. O aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Informática Agropecuária (Campinas/SP), está disponível no sistema Android.
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Para que serve o Zarc?
O Zoneamento tem o objetivo de reduzir os riscos relacionados aos problemas climáticos e permite ao produtor identificar a melhor época para plantar, levando em conta a região do país, a cultura e os diferentes tipos de solos.
O sistema considera elementos que influenciam diretamente no desenvolvimento da produção agrícola como temperatura, chuvas, umidade relativa do ar, ocorrência de geadas, água disponível nos solos, demanda hídrica das culturas e elementos geográficos (altitude, latitude e longitude). Os agricultores são obrigados a seguir as indicações do Zarc para contratar recursos do crédito rural, da agricultura familiar e do seguro rural.
O Zarc foi publicado pela primeira vez na safra de 1996 para o trigo. Hoje contempla os 26 estados e o Distrito Federal, incluindo mais de 40 culturas.