O Brasil possui uma agenda estratégica para os próximos anos, baseada em três desafios: governança fundiária, inovação tecnológica e qualidade sanitária. Foi o que apresentou a ministra Tereza Cristina, do Ministério Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), durante encontro do Banco Mundial, realizado na segunda-feira (18 de novembro), em Washington, Estados Unidos.
Ela também mostrou a experiência brasileira com a agricultura de baixo carbono, do projeto ABC Cerrado. Segundo a ministra, a ideia é levar a mesma proposta a outras regiões do País. Desenvolvido em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o programa recebeu recursos do Fundo de Investimento Florestal (FIP) e atendeu a 7,8 mil produtores rurais em oito Estados.
De acordo com o Senar, o projeto contribuiu para o aumento da produtividade nas propriedades atendidas, como a pecuária de corte, que subiu de 0,7 unidade/animal por hectare para 2,5. O ganho de peso dos animais com a renovação da pastagem também aumentou, passando de 400 para 900 gramas por dia. Além disso, o produtor investiu nas tecnologias de baixa emissão de carbono.
A cada um real gasto pelo ABC Cerrado, o produtor investiu R$ 7 em recuperação e R$ 5 em manutenção e manejo da pastagem.
Para Daniel Carrara, diretor-geral do Senar, apresentar o projeto ABC Cerrado, depois de cinco anos de capacitação, “é uma oportunidade de levar mais recursos para ampliar iniciativas semelhantes”.
AgroNordeste
Em seu discurso no encontro do Banco Mundial, Tereza Cristina afirmou que vai buscar apoio dessa instituição financeira e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o desenvolvimento do programa AgroNordeste, um plano de ação para impulsionar o desenvolvimento econômico.
O programa será implantado até 2020, em 230 municípios dos nove Estados do Nordeste e parte de Minas Gerais, divididos em 12 territórios, o que engloba uma população rural de 1,7 milhão de pessoas. “Vamos tratar de temas que envolvem questões sociais, produtivas e ambientais junto a esse projeto AgroNordeste”.
A ministra informou que nos encontros com o Banco Mundial e o BID vai tratar de um projeto semelhante ao AgroNordeste para a Região Norte e que o foco será a regularização fundiária.
“A base para levar prosperidade, os projetos que possam colocar as pessoas na vida produtiva com dignidade têm que começar com o primeiro pilar, que é a regularização fundiária”, afirmou Tereza Cristina, nos EUA.
Para os próximos anos, a executiva ressaltou que um dos grandes desafios é colocar o pequeno agricultor na zona produtiva. “Hoje existe uma diferença muito grande entre a agricultura comercial e a pequena agricultura. Então, essa é uma grande preocupação nossa à frente do Ministério”.
Carne brasileira
A agenda da ministra incluiu outro encontro, com o secretário norte-americano de Agricultura, Sonny Perdue. Entre os temas tratados estão a suspensão das importações de carne bovina brasileira in natura pelos EUA.
Segundo o Mapa, a intenção é esclarecer os questionamentos dos americanos sem a necessidade de nova missão técnica ao Brasil. Outro assunto debatido na viagem é a abertura do mercado para o trigo e a cooperação entre os países do AG-5 (Estados Unidos, Brasil, Canadá, Argentina e México).