Em toda a Ásia, mais de 3,8 mil elefantes são explorados em cativeiro em 357 atrações turísticas, aonde são forçados a interagir com seres humanos, realizarem truques de circo, serem montados e outras peripécias
A Proteção Animal Mundial, organização não-governamental que atua em prol do bem-estar dos animais, apresenta o relatório “Elefantes. Não Mercadorias”, que expõe as alarmantes tendências do turismo com elefantes em toda a Ásia e compara pesquisas de uma década em turismo na Tailândia, Índia, Laos, Camboja, Nepal, Sri Lanka e Malásia.
Em toda a Ásia, mais de 3,8 mil elefantes são explorados em cativeiro em 357 atrações turísticas, aonde são forçados a interagir com seres humanos, realizarem truques de circo, serem montados e outras peripécias. De acordo com o relatório, na Tailândia, que abriga 75% do total de animais, houve um aumento de 70% no número de elefantes cativos nos últimos 10 anos.
“O turismo com elefantes é um dos principais estímulos para o turismo local. As atrações que oferecem essas experiências permitem que os turistas assistam shows circenses, montem e passeiem com esses animais, possam banhá-los ou utilizá-los como acessório para selfies. Apesar do fato de que essas experiências causam extremo sofrimento aos elefantes, os turistas, por conta do discurso da indústria, são convencidos de que não há mal em banhar os animais. Nossa pesquisa mostra que a popularidade dessa experiência triplicou nos últimos cinco anos e, apesar de parecer inofensiva, é responsável por manter os elefantes em cativeiro e promover enorme sofrimento”, explica João Almeida, gerente de vida silvestre na Proteção Animal Mundial.
Indústria de turismo
A pesquisa da Proteção Animal Mundial também revelou que 63% desses animais vivem em atrações de baixíssimo bem-estar, enquanto apenas 7% do total vive em santuários com um alto índice de bem-estar. Estima-se que, antes da pandemia, a indústria de turismo com elefantes gerava entre 581 e 770 milhões de dólares todos os anos.
Almeida comenta ainda que muitos desses locais se disfarçam de santuários e centros de resgate, se posicionando como éticos e enganando turistas bem-intencionados.
“Os elefantes são extremamente inteligentes e sociáveis, e são vítimas de um comércio que as explora. Os turistas precisam saber o quão nociva esta indústria de elefantes é para os animais. E uma vez que os turistas passarem a comprar as experiências de observação dos elefantes livres, teremos conseguido a transformação desse setor.”, pontua.
Por conta da pandemia da Covid-19, muitas atrações foram forçadas a fechar e demitir seus funcionários, enquanto os animais foram abandonados. Desde então, a Proteção Animal Mundial vem fornecendo recursos financeiros para 12 campos éticos, que atuam com resgate de elefantes, a fim de auxiliar na manutenção do bem-estar desses animais.
Como solução sustentável e de longo prazo, a Proteção Animal Mundial defende a proibição da criação de elefantes em cativeiro, a fim de garantir que as gerações futuras desses animais sejam poupadas deste trauma. A organização ainda pontua que os turistas são parte vital nesta mudança de comportamento, ao optarem por ver elefantes em seus habitats naturais, sem nenhum tipo de contato ou interação com o animal.
Fim do comércio de animais silvestres
Acabar com o comércio mundial de animais silvestres é essencial para proteger a saúde humana e a economia de novas pandemias como a Covid-19 e garantir uma vida sem sofrimento para os animais. Por isso, a Proteção Animal Mundial lançou uma campanha global que pede que os líderes do G20 trabalhem para a proibição permanente do comércio de animais silvestres no mundo.
Em abaixo-assinado, iniciado em maio de 2020, a organização pede que o tema seja incluído na agenda da cúpula anual do G20 que acontece em novembro próximo. Como parte do G20, o governo brasileiro tem o poder de influenciar as superpotências globais a tomarem a atitude necessária para proteger os animais, as pessoas – saúde e economia – e o planeta.