Seria necessário plantar e manter um bilhão de árvores nativas ao longo dos próximos 20 anos para alcançar o mesmo resultado (Foto: Unica/Divulgação)
Este ano, o setor sucroenergético e de bioenergia marca os avanços ambientais dos cinco anos do RenovaBio, uma política pública de longo prazo que se consolidou como uma das mais bem-sucedidas estratégias de descarbonização do mundo.
Desde o início da comercialização dos Créditos de Descarbonização (CBios), em junho de 2020, o programa vem impulsionando a participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira, ao transformar ganhos de eficiência ambiental em redução efetiva das emissões de gases de efeito estufa.
Desde então, mais de 147,6 milhões de CBios foram aposentados. ou seja, retirados de circulação e que não podem ser mais negociados no mercado. A quantidade é o equivalente ao mesmo volume de dióxido de carbono que deixou de ser emitido na atmosfera.
Para se ter uma ideia do impacto climático dessa redução, seria necessário plantar e manter um bilhão de árvores nativas ao longo dos próximos 20 anos para alcançar o mesmo resultado, segundo estimativas da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica).
Maior eficiência nas usinas de etanol
Além da contribuição direta para a redução das emissões, o RenovaBio também impulsionou avanços relevantes na eficiência das usinas.
Desde sua implementação, mais de 280 unidades produtoras de etanol certificadas atualizaram seus dados no programa, refletindo uma redução média de 4% na intensidade de carbono entre a primeira e a segunda certificação. Isso significa que as usinas estão produzindo biocombustíveis cada vez mais sustentáveis, com menos emissões por unidade de energia.
Com metas progressivas, sistema de certificação robusto e incentivos baseados em desempenho ambiental, o RenovaBio se tornou um modelo de governança climática observado por diversos países.
“O RenovaBio é a política que transforma resultado ambiental em desenvolvimento econômico. Mostramos que descarbonizar, além de possível, é desejável, competitivo e estratégico”, avalia Evandro Gussi, presidente da Unica.
“O Brasil tem neste programa uma referência de governança para o mundo, construída com muito trabalho técnico sob a liderança do Ministério de Minas e Energia, que desde então está comprometido com o fortalecimento dos biocombustíveis”, completa.
Desde o lançamento dos veículos flex, em 2003, a combinação entre o uso de etanol hidratado e a mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina, com mandato atual de 27%, o país evitou a emissão de mais de 730 milhões de toneladas de CO₂eq. Esse volume é equivalente às emissões anuais totais da Indonésia, a oitava maior emissora do mundo.
“O Brasil não precisa escolher entre produzir alimentos, energia e proteger o meio ambiente. Já fazemos tudo isso junto e podemos fazer ainda mais. Os biocombustíveis são uma contribuição concreta do país para os desafios globais da transição energética”, destaca Gussi.
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Potencial de crescimento: mais bioenergia, menos emissões
As perspectivas para os próximos anos são ainda mais promissoras. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), encomendado pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), “Impacto das novas tecnologias para aumento de produtividade no potencial de mitigação de GEE pela cana-de-açúcar até 2042”, projeta que o setor poderá mais que dobrar sua contribuição climática.
De acordo com o estudo, a adoção intensiva de tecnologias de alta produtividade na cadeia de cana-de-açúcar pode elevar o volume de emissões evitadas para 178,6 milhões de toneladas de CO₂ por ano em 2042 , um aumento de 129% em relação aos níveis atuais.
Mesmo em um cenário mais conservador, mantendo o atual mix entre etanol e açúcar, a mitigação de emissões poderá crescer de 46,06 para 109,6 milhões de toneladas anuais, um crescimento de quase 138%.
“O estudo mostra que ciência e inovação são as novas fronteiras da sustentabilidade. Com o uso de genética avançada, biotecnologia, manejo de precisão e maior eficiência industrial, o setor tem potencial para oferecer mais energia limpa e descarbonização, tudo isso sem necessidade expandir a área agrícola”, destaca Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica e um dos autores do estudo.
Fonte: Unica