Soluções biodegradáveis podem reduzir a quantidade de objetos que não se deterioram facilmente na natureza, como foi o caso recente da proibição de canudos plásticos, em estabelecimentos comerciais de várias cidades do Brasil, por meio de leis municipais e estaduais
Considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a “era geológica do plástico”, o século 21 já está marcado pelo excesso desse tipo de material jogado, todos os dias, no meio ambiente. É como se todo o planeta estivesse mergulhado em torno de cinco bilhões de toneladas de lixo plástico. E não adianta negar: os vilões são homens e mulheres, sejam eles de quaisquer esferas da sociedade civil, pública ou privada.
Diante de um cenário cada vez mais alarmante, medidas sustentáveis tornam-se cada vez mais urgentes, levando em conta que, por exemplo, uma garrafa plástica demora cerca de 450 anos para desaparecer totalmente na natureza. Pelo “andar da carruagem”, será que o mundo suporta esperar mais?
Especialistas dizem que não, apontando que o pior cenário pode ser observado nas águas do planeta – tanto doces quanto salgadas. Somente nos oceanos, pesquisadores estimam a existência de mais de cinco trilhões de pedaços de plástico boiando pelos mares e outras oito milhões de toneladas do mesmo material despejado no mundo marinho.
As águas ‘pedem socorro’
Espalhadas pelas águas oceânicas, por exemplo, são encontradas garrafas, embalagens e outros resíduos plásticos, que podem ser ingeridos por animais – verdadeiras vítimas, reféns das ações criminosas da humanidade.
Em várias partes do mundo, já virou cena comum, especialmente em vídeos veiculados nas redes sociais, tristes imagens que mostram tartarugas, baleias e golfinhos mortos à beira de praias, após terem ingerido uma grande quantidade daquilo que não tem nada de comida natural para eles.
Em junho de 2018, uma baleia morreu na Tailândia após comer 80 sacos plásticos, que ficaram entalados em seu estômago. Mas as tartarugas são as principais vítimas, segundo biólogos, porque costumam confundir sacos plásticos com algas marinhas.
Aves marinhas ‘condenadas’ à morte
Conforme um estudo da Organização de Pesquisa Industrial e Científica da Commonwealth (CSIRO, na sigla em inglês), localizada na Austrália, 90% das aves marinhas já ingeriram algum tipo de plástico. Esse tipo de lixo é uma ameaça para mais de 600 espécies marinhas, sendo que 15% delas se encontram em extinção.
De acordo com o CSIRO, no início da década de 1960, cientistas encontravam menos de 5% de aves marinhas, que haviam engolido algum tipo de plástico, mas esse número deu um enorme voo ao subir para 80%, em 2010. Conforme os estudiosos, se seguir esse ritmo, o problema atingirá 99% dessas espécies.
Objetos “indesejados” encontrados nos estômagos de animais dos mares incluem sacolas plásticas, tampas de garrafas e fibras plásticas de roupas sintéticas, que chegam aos oceanos vindas de rios urbanos, esgotos e depósitos de lixo. Tudo “obra” da humanidade!
Outros exemplos negativos são as chamadas “manchas de lixo”, que podem ser vistas nas regiões centrais dos Oceanos Pacífico, Atlântico e Índico, segundo alertam pesquisadores ambientais de todo o mundo.
Qual é o papel da humanidade?
Se por um lado o plástico é o grande vilão da natureza, depositado nela por mãos humanas, o papel – literal e fisicamente – pode ser a solução para esse problema ambiental.
Soluções biodegradáveis podem reduzir a quantidade de objetos que não se deterioram facilmente na natureza, como foi o caso recente da proibição de canudos plásticos, em estabelecimentos comerciais de várias cidades do Brasil, por meio de leis municipais e estaduais.
Cada vez mais conscientes, as empresas têm substituído esses produtos por canudos biodegradáveis, muitos deles de papel, dentre outras opções a copos, garrafas, plástico filme.
Veja sete exemplos de empresas listadas pela revista A Lavoura, que oferecem embalagens biodegradáveis, já disponíveis no mercado brasileiro e que podem ajudar a diminuir a quantidade de plástico produzido e consumido no Brasil:
1) Bio Copo
Indicada para o setor de food service (bares, restaurantes ou para quem costuma trabalhar e oferecer festas e bufês), a Bio Copo – linha de produtos sustentáveis da Fulpel Group, que incluem copos e canudos biodegradáveis e podem ser customizados por seus clientes –, ao serem descartados, são absorvidos pela natureza sem gerar nenhuma agressão ao meio ambiente, promovendo um processo natural na decomposição biológica de resíduos orgânicos (www.biocopo.com.br).
Segundo relata a empresa, o primeiro canudo biodegradável feito de papel no Brasil, lançado pelo grupo, possui matéria prima e insumos certificados para contato com alimento; fabricação e matéria prima 100% nacional; são biodegradáveis e, por isso, não poluem o meio ambiente; apresentam a durabilidade necessária para o uso em bebidas. Mesmo oferecendo essa alternativa ao plástico, a companhia indica que o comerciante, ainda assim, só ofereça o canudo de papel se o cliente pedir.
2) Embalagem Ideal
As embalagens biodegradáveis da Embalagem Ideal – Soluções para Embalagens Flexíveis (www.embalagemideal.com.br) são fabricadas com uma resina especial extraída do amido de milho. Em sua composição estão argilas e elementos provenientes do petróleo, além de contar com matérias-primas naturais.
Trata-se de “um produto altamente rentável, de acordo com a empresa, pois é produzido por materiais proveniente das terras brasileiras, além de ser um produto ideal para empresas comprometidas com a sustentabilidade e por possuírem responsabilidade socioambiental”, descreve a empresa.
Dentre as embalagens oferecidas estão sacolas com alça camiseta, sacolas com alça vazada, bobinas, envelopes, filmes, sacos, entre outros produtos.
4) Favo
Alternativa ecológica e biodegradável aos plásticos de cozinha, a bioembalagem da empresa Favo (www.favobioembalagem.com.br) é produzido com ingredientes naturais e orgânicos, possui propriedades antibacterianas e antifúngicas, que protegem os alimentos. É impermeável e, ao mesmo tempo, permite troca de ar, o que impede que os alimentos ressequem ou acumulem líquidos.
4) Keep Eco
Também indicadas para a cozinha, as embalagens ecológicas da Keep Eco (keepeco.com.br) são feitas de tecido 100% algodão orgânico e uma liga com cera de abelhas e outras matérias-primas naturais, que serve para manter os alimentos frescos dentro ou fora da geladeira.
Pode ser utilizado como substituto do plástico filme ou papel alumínio na embalagem de pratos, pedaços de frutas ou metades de vegetais. Também serve para envolver sanduíches ou lanches para levar à escola ou trabalho, embalar pães frescos, substituir o plástico nas compras a granel ou até mesmo embalar barras de sabonete em sua viagem.
5) Oka
A empresa Oka Bioembalagem – Biotecnologia produz embalagens biodegradáveis e até comestíveis, tendo como base a fécula de mandioca, água e fibras naturais, em vários tamanhos e modelos (www.okabioembalagens.com.br).
A companhia garante que “as bioembalagens são produzidas com matérias-prima renováveis, produção limpa e o resultado é um material integrado ao ciclo natural da vida, podendo ser descartadas em qualquer bioma, ser compostado, ou servir de ração animal no pós uso”.
6) Papel Semente
A TudoBiodegradável fornece produtos biodegradáveis como copos, canudos, pazinhas para sorvete, sacolas, potes, marmitas, talheres e embalagens para alimentos e refeições prontas, além de sacos de lixo. Parte do faturamento, segundo a empresa anuncia em seu site (www.tudobiodegradavel.com.br), é destinada ao plantio de árvores pela Organização Não Governamental Funverde (www.funverde.org.br/blog).
Seus produtos biodegradáveis apresentam, para cada lote, um laudo de análise do Instituto Ideais; e ainda possuem aditivo certificado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e aprovados pela Certificadora OPA (www.biodeg.org) e ONG Funverde.
Por Marjorie Avelar (Da Terra Agrocomunicação) com informações das empresas