Elaborada pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD), a publicação traz orientações a grandes empresas sobre contratos de compra e venda de energia limpa, como a eólica (foto), por exemplo
Apontados como uma das principais formas de financiamento de fontes renováveis para as próximas décadas, os contratos corporativos de compra e venda de energia limpa (PPAs, na sigla em inglês de Power Purchase Agreements) vêm registrando crescimento acelerado no Brasil. Até março de 2019, tinham sido assinados e registrados no país contratos PPA de energia renovável com 250 MW de capacidade de energia; até novembro do mesmo ano, esse volume dobrou, saltando para 590 MW.
É o que indica o Guia para Power Purchase Agreements (PPAs) Corporativos de Energia Renovável no Brasil, lançado hoje pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). Disponível gratuitamente para download no site do CEBDS, o Guia PPA traz informações sobre esses contratos de compra de energia renovável que viabilizam investimentos para a construção de novas usinas e entrega de energia para grandes consumidores nos anos seguintes.
“O investimento na compra de energia limpa é alternativa estratégica para a empresa reduzir custos de energia, diminuir pegada de carbono e ajudar no alcance de suas metas de sustentabilidade. Esse material visa orientar e estimular o crescimento do mercado de PPAs renováveis assinados no Brasil entre grandes empresas consumidoras de energia e companhias fornecedores de energia”, explica a presidente do CEBDS, Marina Grossi.
A compra corporativa de energia renovável permite maior segurança para desenvolvedores e financiadores do projeto, bem como previsibilidade de custos com energia no longo prazo aos compradores, protegendo a companhia da volatilidade do preço do mercado.
Empresas consumidoras de energia
Voltada para profissionais de diferentes áreas de grandes empresas consumidoras de energia (engenharia, sustentabilidade, jurídico, financeiro e outras), a publicação traz informações detalhadas sobre o atual funcionamento deste mercado no Brasil e questões regulatórias – tendo em vista o atual processo de modernização do setor elétrico –, e indica as vantagens (custo mais competitivo da energia e redução da pegada de carbono, entre outras), e oportunidades e riscos de investimento em PPAs e as principais tendências para os próximos anos.
Coordenado pelo CEBDS e WBCSD, o Guia PPA contou com o envolvimento de 10 grandes empresas participantes do Fórum de PPA Corporativo de Energia Renovável, que visa melhorar o entendimento das companhias sobre o uso de PPAs corporativas renováveis no Brasil.
“Desde que o Fórum de PPA foi formado, há 18 meses, temos visto um rápido crescimento na frequência de contratos assinados em todo o Brasil, que é hoje o 10.⁰ maior mercado do mundo em volume de capacidade de energia renovável assinada. Esperamos que as empresas continuem acelerando a aquisição de energia renovável, introduzindo modelos inovadores para o fornecimento, como alguns dos detalhados neste relatório”, disse Lucy Hunt, gerente de Energia e Líder da WBCSD para o Fórum de PPA.
Dados da International Energy Agency (IEA) apontam que quase 95% da eletricidade precisaria ser de baixo carbono até 2050, o que demandaria investimentos de US$ 3,5 trilhões por ano no setor de energia.
Principais destaques
- Atualmente, o governo brasileiro está atuando na modernização do setor elétrico, com discussões sobre revisão do marco regulatório visando implementar melhorias, como redução de custos, racionalização de subsídios, preços robustos e incentivos eficientes para impulsionar investimentos no setor elétrico. O Guia PPA explica como essas possíveis mudanças regulatórias poderiam afetar os contratos de longo prazo para grandes compradores corporativos e desenvolvedores de projetos de energia.
- O Brasil é apontado com grande potencial para liderar o mercado de PPAs renováveis corporativas.
- Entre as principais tendências identificadas pelo estudo estão as PPAs com benefício de autoprodução, PPAs com certificação de baixo impacto ambiental (RECs) e a negociação de contratos indexados ao dólar.