Pedagoga apresenta ferramentas que podem auxiliar educadores e professores em uma abordagem econômica e consciente
Marcado por temperaturas mais amenas, pela queda das folhas e a permanência de uma brisa mais fresca no ar, na chegada do outono, dia 20 de março, as atenções se voltam para o clima.
Além disso, este é o ano em que o Brasil sediará, em novembro, a COP 30, maior conferência da ONU sobre mudanças climáticas, assim, o debate sobre educação ambiental e a necessidade de uma consciência agora regenerativa sobre o meio ambiente, ganha força.
Muitos especialistas apontam que o ensino sobre sustentabilidade e a vivência em meio a natureza desde a infância é essencial para formar adultos mais conscientes e comprometidos com o futuro do planeta.

Crianças precisam estar integrados à natureza para entender a importância da preservação do meio ambiente Foto Pixabay/Divulgação
Crianças e temas ambientais
A pedagoga Maria Malerba é uma das que defende que a escola é um dos principais espaços para despertar o interesse das crianças sobre temas ambientais.
“O contato com a natureza, a observação das estações do ano e a compreensão de fenômenos climáticos contribuem para que os alunos sintam-se integrados à natureza, o que os leva além ao entender a importância da preservação do meio ambiente”, acredita.
Em sua opinião, simples hábitos, como aulas e brincadeiras em meio aos espaços naturais, cultivo de uma pequena horta, evitando sempre o desperdício de água, além de ações como separar o lixo reciclável, e a conscientização contra o desperdício, podem fazer a diferença.

Aulas e brincadeiras em meio aos espaços naturais contribuem para que os alunos sintam-se integrados com a natureza Foto Prefeitura de São Paulo
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Lixo por habitante
De acordo com a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) aumentou a quantidade de lixo produzida por habitante no País. Ao todo, foram 81 milhões de toneladas em 2023, cerca de 382 kg descartados por habitante durante um ano no Brasil. A Região Sudeste é a maior geradora de resíduos e também a que possui maior produção por habitante.
“Quanto maior o poder de compra, mais as pessoas consomem e geram resíduos. Quando não tratado e descartado incorretamente, maior o prejuízo ambiental. Daí a necessidade de ensinar desde cedo sobre o valor do dinheiro e o desperdício para as crianças”, explica a pedagoga.
Ela ainda acrescenta que a relação entre educação e sustentabilidade também passa pelo conceito de que ecologia e economia devem caminhar juntas, ambas possuem a mesma raiz, oikos, que em grego significa “casa”, “lar”. Logos significa “conhecimento” enquanto nomos significa “gestão”.
“Ensinar sobre consumo consciente também tem impacto econômico. Uma criança que aprende a reduzir, reutilizar e reciclar se torna um adulto mais preparado para escolhas sustentáveis, inclusive no mercado de trabalho e na gestão de recursos financeiros”, pontua Maria Malerba.

Hábitos simples como o cultivo de uma pequena horta podem fazer a diferença para as crianças Foto Prefeitura Municipal Guarujá SP/Divulgação
Mudanças climáticas
A especialista destaca ainda que, no contexto das mudanças climáticas, o outono também pode ser uma ferramenta pedagógica para as crianças maiores, de ensino fundamental, por exemplo.
E sua avaliação, a estação, que antes era marcada por padrões climáticos bem definidos, tem sido afetada pelo aquecimento global, trazendo eventos extremos como estiagens prolongadas e chuvas intensas.
“Observar essas mudanças e discutir suas causas nas escolas, com as crianças maiores, é uma forma de preparar as novas gerações para um futuro onde a consciência ambiental será essencial”, ressalta a pedagoga.

A quantidade de lixo produzida por habitante no País vem aumentando ano a ano Foto Câmara dos Deputados/Divulgação
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Aulas na natureza
Já na educação infantil, aulas em meio à natureza, contextos investigativos no jardim da escola com as folhas que caem, com a terra, podem ser excelentes opções, segundo a especialista.
“A utilização de materiais naturais como galhos, flores e tintas extraídas de sementes e frutos são ferramentas simples, porém muito potentes, para não permitir o distanciamento da criança com a natureza, cultivando nela, naturalmente, o sentimento de pertencimento e cuidado, suficientes nessa idade para um futuro mais consciente”, ressalta Maria Malerba.
A pedagoga sublinha que disciplinas como Matemática, Ciências e Língua Portuguesa, por exemplo, podem tirar proveito da nova estação e usá-la como “gancho” na resolução de problemas envolvendo economia de energia e reciclagem.
“Através de leituras de histórias ou explorando poesias, contos inspirados no outono, o professor incentiva os alunos a escreverem suas próprias histórias. Ou, também, desenvolvendo atividades com gráficos sobre temperaturas médias, enfim, uma série de opções para serem usadas em salas de aula”, enfatiza.
Conferência do Clima – Brasil sede da COP 30
Atualmente, importantes eventos globais têm acontecido em busca de ampliar o debate sustentável. Em novembro do ano passado, o encontro do G20, sediado no Rio de Janeiro, foi um exemplo. Neste ano de 2025, em Belém (PA), o Brasil sediará a COP 30, 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.
Segundo estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias de conferência. Os líderes das principais economias do mundo estão discutindo formas estratégicas e colaborativas de salvar o planeta.
“Diante desse cenário, o papel das escolas é fundamental para integrar o aprendizado acadêmico com a vivência prática. A integração em meio à natureza, aliada à educação ambiental, quando trabalhada desde os primeiros anos, podem ser os principais caminhos para um futuro mais equilibrado entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental”, acredita Maria Malerba.

Maria Malerba: “Uma criança que aprende a reduzir, reutilizar e reciclar se torna um adulto mais preparado para escolhas sustentáveis” Foto Assessoria de Imprensa/Divulgação
Fonte: Assessoria de Imprensa