Objetivo é fortalecer turismo na região e gerar renda para pequenos produtores rurais
Em parceria com o Consórcio Intermunicipal para Desenvolvimento Regional (CONDER), a Embrapa Florestas (PR) e a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) estão conduzindo um projeto com o objetivo de apoiar a implantação de uma unidade agroindustrial de processamento de pinhão e fortalecer o turismo rural na Terra dos Pinheirais, região centro-sul do Estado do Paraná, além de agregar valor ao produto e incrementar a renda de famílias que residem no campo.
A unidade será instalada, a princípio, no município de Inácio Martins/PR, com recursos aprovados pelo Conder junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para apoio à Bioeconomia. Além de beneficiar a comunidade, também funcionará como Unidade de Referência Tecnológica (URT) para outras iniciativas que queiram desenvolver trabalho semelhante.
Além da definição do layout e dos equipamentos da agroindústria, o projeto inclui capacitações em processamento do pinhão, para a comunidade local, e em produção de mudas enxertadas de araucária, para produtores e técnicos extensionistas. Na agroindústria será implantada uma unidade de processamento de farinha de pinhão, desenvolvida pela Embrapa, e também uma linha para obtenção de pinhão descascado congelado e outros produtos de interesse.
Turismo
Na questão do turismo, o projeto será conduzido pela nutricionista Maria de Fátima Oliveira de Negre e prevê a adequação de rotas turísticas e treinamento na área gastronômica com pratos à base de pinhão cozido e farinha de pinhão, além de um livro de receitas, o segundo a ser coordenado pela Embrapa Florestas, que irá explorar novas tendências de consumo para o pinhão e gastronomia histórica.
A pesquisadora da Embrapa Florestas, Rossana Catie de Godoy, destaca que as ações desenvolvidas serão de grande impacto para a população da região, onde vivem 205.814 pessoas: “O uso sustentável dos produtos da sociobiodiversidade é fundamental para garantir o provento dessas populações de baixa renda”, destaca a pesquisadora.
Ela ressalta ainda que a coleta e a venda do pinhão é praticada na região a preços muito baixos, em beiras de estradas ou para atravessadores. “Portanto, o beneficiamento do pinhão em produtos de maior valor agregado é um fator decisivo como alternativa de renda para essas comunidades”, aponta.
Testes
Desde o fim de 2021, as equipes da Embrapa Florestas e da Embrapa Agroindústria de Alimentos têm antecipado vários testes para o controle da qualidade dos produtos a serem processados na agroindústria, principalmente a farinha de pinhão.
Os testes para a farinha têm correlacionado diferentes condições de matéria-prima com as características dos produtos finais. Rossana explica que o produto a ser comercializado precisa estar em conformidade com a legislação sanitária no que se refere aos padrões de identidade e qualidade de farinhas, controle microbiológico, matérias estranhas e fragmentos de insetos.
“Mesmo depois do processamento da farinha ter sido viabilizado em nível agroindustrial, pelo sistema de descascamento mecânico, é um produto novo e temos que minimizar as incertezas para levá-lo às prateleiras dos estabelecimentos”, explica. “É fundamental que sejam simuladas as operações de higiene e sanitização na indústria, já em escala maior, a análise de perigos e pontos críticos de controle, bem como o tempo de vida útil na embalagem final.”
As informações geradas nos estudos e ações preliminares subsidiarão as Boas Práticas de Fabricação e os selos de certificações que serão acrescidos aos produtos, como estratégia de agregação de valor: “Pretende-se que o produto alcance as exigências de mercados externos, pois já existe empresa internacional interessada”, arremata a pesquisadora.