Um programa de bioeconomia para a Amazônia visa atrair startups e empreendimentos sustentáveis nos Estados da região Norte, com o objetivo de estimular o desenvolvimento do ecossistema de inovação, alinhado à conservação da biodiversidade ambiental. O anúncio foi feito por representantes do Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no dia três de setembro, durante a Conferência Ethos 360º,
A partir de fevereiro de 2020, os empreendedores que acreditam na Amazônia, e veem um potencial de bionegócio nela, serão apoiados e fomentados pelo Sebrae e seus parceiros para criar e acelerar negócios na região.
Gerente de Inovação da instituição, Paulo Renato Cabral apresentou a iniciativa – intitulada “Bioeconomia na Amazônia” –, salientando que ela deve atrair pequenos negócios do Brasil e do mundo.
“O Sebrae vai apoiar a criação de novos empreendimentos nesse bioma, que é tão importante para o Brasil e para o mundo, e que muitas vezes não é explorado ou tem abordagens incorretas para explorar”, avaliou. “Vamos oferecer um programa de inovação aberta para atrair empreendedores para o bionegócio na Amazônia”, disse o executivo.
De acordo com Cabral, essa é uma iniciativa acessível, aberta e que busca desenvolver a capacidade criativa e de execução dos empresários. A proposta é que tudo seja realizado sempre conservando a Amazônia.
“O programa vai gerar emprego e renda, com potencial para se tornar um exemplo para outros países e, no futuro, podermos atuar em outros biomas brasileiros”, comentou o gerente do Inovação.
Cases de sucesso
Pequenos negócios de bioeconomia também estiveram presentes no painel com o apoio do Sebrae. Para o CEO da Biozer da Amazônia, Danniel Pinheiro, um dos grandes feitos da empresa, que é especializada em cosmética natural, vegana e sem sintéticos na formulação, foi fazer com que o valor agregado dos produtos fosse revertido para a comunidade. Apesar de hoje ser bem-sucedida, a empresa encontrou dificuldades pelo caminho.
“Nosso papel como marca é mostrar para os pares a importância de a floresta ficar de pé, pois é de onde obtemos insumos. Mostrar que a floresta tem suas características e particularidades é fundamental, pois quando um produto ou matéria prima não está disponível, não é uma falha, mas sim uma questão sazonal: ele não está em sua época. Isso tem de ser mostrado, pois agrega valor”.
Outra marca de cosméticos naturais, a Ekilibre Amazônia, comandada pela CEO Maria José de Freitas, vem se destacando em Alter do Chão, no Pará, e incentiva a comunidade local a aproveitar os ingredientes naturais que tem à mão. Maria e o sócio, Kairós Kanavarro, participaram do Empretec, programa com o apoio do Sebrae e estabelecido pela Conferência das Nações Unidas, e que visa promover pequenas e médias empresas que tem a intenção de se tornar sustentáveis, além de inovar e serem competitivas a nível internacional.
O resultado foi um sucesso: hoje, a Ekilibre também tem um e-commerce e armazena estoque em São Paulo para otimizar a logística dos produtos.
Lidando com a floresta
Conforme o Sebrae, trabalhar com madeira também é uma forma sustentável de lidar com a floresta. É isso o que faz o pequeno empresário Maqueson da Silva, dono da Marchetaria do Acre. Filho de seringueiros, ele chegou a desempenhar essa profissão quando jovem.
“Nasci em plena floresta amazônica. Fui ribeirinho e seringueiro, com muita honra”. No entanto, a região não permitia o acesso a escolas, o que o fez sair para ter sua formação. Como seminarista, estudou filosofia, teologia e, em uma das escolas, se deparou com a obrigatoriedade de aprender marcenaria”, relata o rapaz.
A marchetaria é uma arte milenar oriunda de um gênero raro de incrustação ou aplicação de partes recortadas de madeira, marfim, bronze, entre outros, em objetos de marcenaria, formando desenhos dos mais diversos tipos. Os mais antigos exemplares de marchetaria encontram-se nas escavações no Egito, no ano 3.000 a.C (antes de Cristo).
A partir dessa habilidade, ele se interessou pela marchetaria, que considera uma evolução da marcenaria. E desempenha a arte com esmero: hoje, além de outros produtos, suas bolsas finamente decoradas em madeira já foram parar até no Oscar, prêmio mais famoso do cinema mundial. “Não existem fronteiras. Não importa de onde viemos, mas onde queremos chegar”, afirma Silva.
Por que estimular os bionegócios?
Veja cinco motivos para fortalecer esse segmento, segundo o Sebrae:
1. Destaca a importância da conservação ambiental para a geração de emprego, renda e lucro para o país.
2. Proporciona a criação de novos modelos de negócios, que, com o uso da tecnologia e inovação, transformam os processos produtivos.
3. Combate a exploração descontrolada dos recursos florestais, já que eles precisarão ser renovados e recuperados para que os negócios se mantenham ao longo do tempo.
4. Promove o ecossistema regional, o ambiente corporativo e a inovação, ampliando o mercado de circulação dos produtos e colocando o Brasil num patamar mundial de uso sustentável dos recursos naturais.
5. Acelera a transição de uma economia tradicional, baseada na extração predatória, para uma pautada no desenvolvimento sustentável.
Benefícios
O Sebrae também indica os benefícios de investir em um bionegócio para o empreendedor, Estados, Brasil e para o planeta:
Entenda mais sobre o projeto de bionegócios do Sebrae clicando no link: bit.ly/
Fonte: Sebrae