O ingresso de grandes indústrias no setor de alimentos orgânicos poderá gerar um impacto ainda desconhecido. Esta realidade é o mais novo desafio para os agricultores familiares e pequenos produtores.
A questão foi debatida no painel “Alimentos Orgânicos e a Indústria: qual é o Futuro?”, durante a Conferência Green Rio, realizada pelo Planeta Orgânico na Marina da Glória, no Rio de Janeiro.
Organizado pelo Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos) da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), o debate sobre orgânicos e indústria foi mediado pela coordenadora do CI Orgânicos, Sylvia Wachsner, e contou com a presença de reconhecidos representantes do setor público e de empresas privadas.
Ao longo do painel foram abordadas questões relacionadas ao conceito de orgânico, à necessidade de agregação de valor e aos desafios da indústria para garantir que os produtos orgânicos sejam elaborados dentro das normas legais.
Valor agregado
Virgínia Mendes Cipriano Lira, coordenadora de Agroecologia e Produção Orgânica do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), afirmou que “os orgânicos devem ter agregados em si preço justo, qualidade de vida para o trabalhador rural, assim como a qualidade orgânica intrínseca, com o cuidado do meio ambiente e a valorização do ser humano”.
Lira acrescentou que “esses fatores devem ser levados para as indústrias a fim de que o valor agregado do produto orgânico não se estabeleça apenas pela ausência de resíduos”. A coordenadora do Mapa citou ainda a importância de garantir a rastreabilidade do produto em todo o seu processo produtivo.
Políticas e desafios
Marco Aurélio Pavarino, coordenador-geral de Agroecologia e Produção Sustentável da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário, destacou a importância de parcerias com supermercados e da criação de ambientes favoráveis para a realização de feiras, fortalecendo o contato direto do produtor com o consumidor.
Luiz Carlos Rebelatto, coordenador de Agroecologia e Produção Orgânica do Sebrae Nacional, falou sobre o trabalho da entidade no apoio aos micro e pequenos empresários, e a representante da Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex), Dienice Ana Bini, afirmou que a questão das normas e a comunicação com o consumidor são os grandes desafios da exportação.
Parcerias
De acordo com a coordenadora do CI Orgânicos, Sylvia Wachsner, “para romper a estagnação das vendas, lidar com as mudanças no mundo do consumo e atender à demanda por alimentos mais saudáveis, a indústria alimentícia tem lançado novos produtos para os consumidores conscientes, concorrendo assim com as marcas menores, que viram seus mercados diminuírem”.
Ainda durante o painel, Taissara Martins, gerente de desenvolvimento de qualidade e Fornecedores da Nestlé Brasil, abordou em detalhes o processo de produção de leite orgânico realizado pela Nestlé no país, e ressaltou a parceria da empresa com a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) para a impressão de manuais de produção de milho orgânico.
Após o debate, a coordenadora do CI Orgânicos, Sylvia Wachsner, participou de uma mesa redonda ao lado de representantes do Sebrae e do Green Rio, para a discussão do tema: ‘Tendências, desafios e oportunidades para a cadeia de alimentos orgânicos e sustentáveis’.
Painel organizado pelo CI Orgânicos: Luiz Carlos Rebelatto,
Dienice Ana Bini; Taissara Martins; Sylvia Wachsner; Virgínia Lira,
Marco Pavarino e Reginaldo Morikawa (Korin).