Tutores de cachorros levam mais seus bichinhos aos profissionais em saúde animal do que os de felinos, revela pesquisa do Ibope Inteligência
Uma pesquisa do ibope inteligência, publicada em julho de 2016, revela que os tutores levam seus cães 2,8 vezes em média, anualmente, ao médico veterinário. Deste total, 79% vão para fazer consultas de rotina e vacinação, pelo menos, uma vez ao ano.
Já os donos de gatos levam seus bichinhos, em média, 2,3 vezes e 76% para consultas comuns e para vacinar, no mesmo período. Aproximadamente 26% levam seus cachorros por causa do surgimento de alguma doença e 19%, os felinos.
Encomendada pela Mars Brasil, a pesquisa foi feita em parceria com o Centro de Pesquisa Waltham – principal autoridade científica mundial em bem-estar e nutrição de pets – e o professor doutor Ricardo Dias, docente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP).
Este trabalho também mostrou que 51% dos donos de cães procuram um médico veterinário para entender melhor sobre a alimentação mais equilibrada e 52%, no caso dos gatos.
É importante ressaltar que, dentro do universo do mercado de animais de estimação, o setor de pet serv – que inclui os atendimentos veterinários – aparece em segundo lugar com 15,8% do faturamento total do segmento, que foi de R$ 20,37 bilhões em 2017, seguido de pet care (7,9%) e pet vet (7,7%), conforme dados da Associação Brasileira da indústria de Produtos Para Animais de Estimação (Abinpet).
Importância da imunização
Um dos principais serviços de atendimento veterinário envolve a vacinação dos pets. Isso porque, assim como para os humanos, ela é fundamental para prevenir uma série de doenças, que pode levar os bichinhos à morte. Por isso, é recomendado que a imunização seja programada com a orientação de um profissional, considerando o ciclo de vida dos animais.
De acordo com o médico veterinário Marcelo Quinzani, diretor clínico do Hospital Veterinário Pet Care, em São Paulo, a exemplo de bebês e crianças ou até mesmo adultos, a vacinação dos filhotes é a mais recorrente, embora haja a necessidade de ser mantida depois de adulto.
Segundo o especialista, os pets recém-nascidos devem receber, normalmente, três doses de vacinas com um intervalo de 21 a 30 dias.
“Iniciamos as aplicações com 45 a 60 dias de idade e terminamos esse primeiro ciclo com quatro a cinco meses. Isso vale tanto para cães como para gatos”, informa o diretor clínico do Pet Care.
Animais adultos
O médico veterinário diz que os animais adultos também devem receber, anualmente, de três a quatro tipos de vacinas. Para os cães, as mais importantes são a polivalente (v10 ou v8), que atua como auxiliar na prevenção contra cinomose, hepatite infecciosa canina, adenovírus canino tipo 2, coronavírus canino, parainfluenza canina, parvovírus canino e leptospirose canina; contra a gripe canina (Bordetella); e a antirrábica.
“Contra giárdia, leishmaniose e leptospirose, avaliamos o tipo de exposição que cada animal tem, para averiguarmos a necessidade destas vacinas.”
No caso dos gatos, ele destaca que as vacinas mais importantes são a polivalente (tríplice ou quádrupla), que atua na prevenção de doenças como panleucopenia, rinotraqueíte, calicivirose e clamidiose; além da antirrábica.
“As vacinas aplicadas dependerão do local onde o pet vive. Animais de apartamentos estão menos expostos a doenças; já os de casa ou mesmo de algumas regiões do Brasil estão expostos a outras doenças mais específicas. Quem vai decidir quais vacinas ele deve receber é o médico veterinário”, orienta Quinzani.
Raça e tipo de vida
O médico veterinário José Augusto Martinez Lopes Júnior, da Clínica Veterinária Dom Bosco, em Brasília (DF), reforça que, atualmente, a vacinação de cães e gatos está bem diferente.
“Devemos analisar a raça e o tipo de vida que o pet leva, para montarmos um esquema vacinal que o proteja bem, no entanto, com menor número possível de vacinas.
Ele cita como exemplo um cachorro da raça york shire, que geralmente vive apenas em apartamento. “Para esse tipo de cão, seria indicada a vacinação múltipla (que protege contra cinomose, parvovirose, coronavirose, hepatite infecciosa e leptospirose) e a antirrábica. Se esse mesmo cachorro mora em casa com quintal, em área endêmica de leishmaniose, além da múltipla e da antirrábica, seria aconselhável a vacinação contra leishmaniose.”
Ainda considerando a raça, o médico veterinário ressalta que os braquicefálicos (pug, buldogue, entre outros), por conta da morfologia do sistema respiratório superior, são mais suscetíveis a doenças respiratórias. Por isso, ele aconselha a vacinação para a “tosse dos cães”.
“Com os gatos é a mesma coisa: aqueles de vida livre ou que recebam muitas ‘visitas’ de outros gatos, aconselhamos que tomem, além da múltipla, a vacina contra a leucemia felina. Também é importante lembrar que, no Brasil, é obrigatória a vacinação antirrábica em cães e gatos, anualmente”, alerta o especialista.
Reações
Diretor clínico do Hospital Veterinário Pet Care, Marcelo Quinzani avisa que, em alguns casos, a vacinação pode acarretar reações de hipersensibilidade.
“A maioria dos animais pode apresentar dor local e, algumas vezes, uma pequena febre decorrente das vacinas. Outros podem ter reações alérgicas, mas somente uma porcentagem pequena de cães e gatos apresenta esse tipo de reação. Por isso, o procedimento da vacinação é um ato seguro e realizado sem riscos na grande maioria dos animais domésticos”, garante o especialista.
Banho e tosa
O médico veterinário José Augusto Martinez Lopes Júnior também destaca, além da vacinação dos pets, outros cuidados profissionais que os animais de estimação devem receber, especialmente no que diz respeito ao banho e à tosa.
“Para banhos em casa, é necessário tomar os seguintes cuidados: use produtos específicos para cães e gatos; não dê banhos quentes – a água deve estar levemente morna; tenha cuidado para não entrar água nas orelhas e xampu nos olhos e nariz; enxague e seque bem o bichinho, para evitar problemas de pele; se usar secador de cabelo, quando necessário, coloque-o em temperatura baixa e a, pelo menos, um palmo de distância da pele do animal.”
Já os banhos em pet shops, Lopes Júnior sugere que o tutor conheça o local, observe as instalações e verifique os produtos usados: “Para animais com a pele mais sensível, é recomendável fazer um kit de banho próprio, com xampu, toalha etc. Tente marcar a hora para o banho, para que eles não fiquem esperando muito tempo em gaiolas. Procure locais bem avaliados e indicados por veterinários”.
Outros cuidados
Segundo o especialista, “dependendo da raça, há a necessidade da tosa higiênica, que visa à redução de pelos perto dos olhos, barriga e regiões genitais, para não ter acúmulo de sujidades, devendo ser feita por profissionais treinados ou sob orientação de um médico veterinário”.
“Devemos sempre deixar água à vontade. uma particularidade dos gatos é que a maioria gosta de água em movimento, sendo necessária a utilização de fontes para que eles bebam a quantidade ideal”, salienta Lopes Júnior.
Em sua visão profissional, esse é um grande problema dos dias atuais, por pura desinformação. “Os tutores são levados a cometerem o erro de não estimularem o consumo de água pelos gatos, não trocando a água constantemente e não utilizando fontes. E isso está levando ao aparecimento, cada vez mais frequente, de gatos com problemas renais”, alerta.
Ainda sobre os gatos, “devemos ressaltar que eles necessitam de alimentação específica, que contenha taurina”. “Não há problemas se o cão comer a ração do gato, mas gatos não devem consumir rações caninas como fonte única de alimentação, porque elas não possuem a taurina em sua composição”.
Controle pela alimentação
Para ajudar o tutor com a alimentação do pet, a médica veterinária Giovana Rocha Nunes, da Total Alimentos, indica a compra de comida com baixo teor energético, que auxilie no controle do excesso de gordura corporal; elevada quantidade de fibras solúveis e fibras insolúveis, que promovam a saciedade do animal, reduzindo o consumo de calorias e mantendo a saúde do trato gastrointestinal.
“As fibras solúveis diminuem a velocidade do esvaziamento gástrico e controlam a absorção de nutrientes. Já as insolúveis aumentam o volume do alimento e aceleram o trânsito gastrointestinal. Alta concentração de L-carnitina na formulação acelera também a queima de gorduras e mantém a massa magra”, informa a especialista.
Cuidados com filhotes
Os cuidados veterinários também devem envolver os filhotes. “Hoje, a máxima é a prevenção de problemas, ou seja, precisamos cuidar bem do pet em cada estágio da vida dele, observando suas necessidades específicas, para que tenha longevidade e maior qualidade de vida”, comenta o médico veterinário José Lopes Júnior, da Clínica Veterinária Dom Bosco.
Segundo ele, os filhotes – tanto cães como gatos –, por ainda não terem o sistema imunológico totalmente competente, “devem ser vacinados antes de ‘ganharem o mundo”, para evitar as viroses, que são muito comuns em pacientes não vacinados ou de ‘mães’ que não foram vacinadas corretamente”.
Sobre a alimentação, “eles precisam de ração ou alimentação natural específica para essa idade, com teor de proteínas e energia maiores para o bom desenvolvimento físico.”
Gestantes
Em relação às gestantes, o cuidado mais importante, conforme Lopes Júnior, precisa começar antes de a cadela se tornar uma gestante. “Devemos lembrar que a proteção imunológica dos filhotes virá da mãe. Então, ela deve estar com as vacinas e a saúde em dia, como forma de garantir a proteção dos futuros bebês.”
Outro fator importante é a alimentação: “Devemos dar alimentos ricos em nutrientes e energia – ração de filhote, por exemplo –, em pequenas porções e várias vezes ao dia, para que a mãe absorva corretamente os nutrientes, possibilitando, assim, o bom crescimento fetal”, recomenda o veterinário da Clínica Dom Bosco.
Cães e gatos idosos
Assim como os humanos, cães e gatos idosos necessitam de cuidados especiais para garantir o bem-estar durante a velhice.
Cada raça de cachorro tem etapas de vida e a terceira idade chega por volta dos oito anos. Os felinos vivem por volta de 25 anos, se não tiverem acesso às ruas, que oferecem muitos riscos à vida do animal, como envenenamento e atropelamento.
“O cálculo básico da idade do cão é que a cada um ano animal equivale a sete do homem. Porém, isso varia conforme o tamanho. Enquanto um pequeno com três anos de idade equivale a 20 anos humanos, no cão grande pode chegar a 26. Com o gato é um pouco diferente: um ano felino equivale a 15 anos humanos, dois a 24, três a 28 anos e por aí vai”, ensina o veterinário Rafael Justa de Oliveira, professor da Escola Superior Batista do Amazonas (Esbam).
Conforme o especialista, para garantir uma vida longa e saudável ao amigo de quatro patas, é preciso ter cuidados desde filhote. “Nunca devemos separar o animal da mãe antes dos 30 dias de vida, pois toda a imunidade vem do leite materno. Devemos vacinar e vermifugar nas épocas corretas”, além de garantir acompanhamento veterinário desde antes do nascimento. “Uma mãe saudável gera filhotes saudáveis”, resume.
Oliveira explica ainda que as doenças que acometem animais de idade avançada, variam de acordo com a raça. Problemas de vista, ósseos e articulares são mais comuns.
“É preciso levar isso em consideração, antes de comprar ou adotar um animal. Cães idosos, assim como os humanos, necessitam de atenção e cuidado maior”, diz o veterinário.
Cuidados com idosos
O professor da Esbam pontua que os animais idosos ficam mais propensos às enfermidades e seus órgãos vão ficando mais frágeis. “Rins, coração e pulmão necessitam de atenção redobrada, com exames de rotina para garantir seu bom funcionamento. O tutor nunca deve esquecer as vacinas e fazer check-ups semestralmente é recomendável.”
Segundo o veterinário, alguns animais, quando idosos, passam a ter dificuldades de fazer as necessidades em local correto e nunca devem ser punidos por isto.
“Como os animais mais velhos sofrem muito com artrite e artrose, causando grande dor ao animal, os tutores têm de medicar antes de chegar à terceira idade e precisam preparar a casa para as novas limitações, instalando rampas, por exemplo”, aconselha Oliveira.
Ele ressalta que a cegueira e a surdez são quase inevitáveis, dependendo da causa. Os dentes também precisam de cuidados, embora a escovação deva ser feita em todas as etapas de vida do pet.
“Para garantir uma velhice tranquila e o bem-estar do animal de estimação, é necessário proporcionar ambientes quentinhos e caminhas macias. E, mesmo que o cão ou gato sejam idosos, o tutor nunca deve tornar sedentária sua rotina. Atividades físicas precisam fazer parte do dia a dia do animal. Contudo, na terceira idade, os exercícios precisar ser mais leves, sempre respeitando o limite do animal”, lembra o médico veterinário.
Fontes:
Ibope Inteligência, Hospital Veterinário Pet Care, Clínica Veterinária Dom Bosco, Agência de Notícias de Direitos Animais-Anda e Total Alimentos