A saída dos pets dos quintais para dentro dos lares vem mudando completamente a relação entre seres humanos e animais de estimação. A posse ou guarda responsável, que poderia ser comparada aos cuidados que o tutor deve ter com bebês e crianças, exige que ele pense bem, antes de ter um bichinho em casa. Isso porque esses “novos filhos” exigem idas ao médico veterinário, cuidados com vacinas, banho e tosa, uma alimentação equilibrada, fora o carinho e a atenção diários.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), no ano de 2003, a instituição britânica Farm Animal Welfare Committee determinou as cinco liberdades do bem-estar animal, que são reconhecidas internacionalmente:
- Liberdade de sentir fome e sede (liberdade nutricional): o animalzinho deve ter acesso livre à água fresca e limpa, bem como à dieta que garanta sua plena saúde e vigor;
- Liberdade de não passar por desconforto: o bichinho de estimação precisa ter acesso a um ambiente adequado, com abrigo e área de repouso confortável;
- Liberdade de não sentir dor, lesão e doença: isso deve ser garantido por meio da prevenção e/ou do diagnóstico e tratamentos imediatos;
- Liberdade de expressar o comportamento normal: ocorre a partir do acesso às instalações adequadas e espaços suficientes, além da companhia de animais da mesma espécie;
- Liberdade de não ter medo e angústia: os pets também devem receber tratamentos que evitem sofrimento mental.
A garantia do bem-estar dos animaizinhos de companhia começa, principalmente, pela alimentação adequada. Mas a escolha da melhor comida vai depender – é claro! – da disponibilidade financeira do tutor que, sempre quando for possível, deve seguir as orientações de um médico veterinário, de preferência um nutricionista animal, que levará em conta a raça, o porte e a idade do pet.
Dados do setor
Antes das dicas de especialistas sobre a dieta adequada para cães e gatos, é importante ressaltar que a produção nacional de pet food, conforme dados divulgados em maio de 2018 pela Abinpet, chegou a 2,66 milhões de toneladas. O aumento foi de 3% em relação ao ano anterior, quando o segmento produziu 2,58 milhões de toneladas.
Esses números, segundo a instituição, colocam o Brasil em segundo lugar no mundo em produção de pet food, atrás somente dos Estados Unidos, sendo que, na grande maioria, esse mercado é direcionado para cães e gatos.
Para a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação, isso provavelmente ocorre porque as aves, que estão em segundo lugar entre os principais bichinhos de companhia no País, possuem uma dieta mais direcionada e, possivelmente, não aceitam muita variação. Por conta desse cenário, as empresas mais inovadoras têm focado bastante na alimentação de cachorros e gatos.
Tipificação dos alimentos
Além da classificação pontuada pelo Sebrae (veja quadro abaixo), a Abinpet diferencia os tipos de alimentos para cães e gatos da seguinte forma: natural, industrializado, completo, coadjuvante, específico e caseiro.
- Alimento natural: derivado de ingredientes vegetais, animais ou minerais em seu estado natural ou que tenha sido objeto de transformação física, tratamento térmico, processamento, purificação, extração, hidrólise e enzimólise, fermentação. Não contém, em sua composição, elementos sintetizados quimicamente, exceto em quantidades inevitáveis pelas boas práticas de fabricação (definição AAFCO, 2014);
- Alimento industrializado: é aquele que sofreu qualquer tipo de processamento em ambiente industrial e que atende a todas as regulamentações específicas do setor. No caso do segmento pet food, enquadram-se nas categorias alimentos completos, alimentos coadjuvantes ou alimentos específicos (Artigo 3o – in no 30 / 2009);
- Alimento completo: produto com características específicas ou funcionais, composto por ingredientes ou matérias-primas e aditivos. É destinado, exclusivamente, à alimentação de animais de companhia, sendo capaz de atender integralmente às suas exigências nutricionais.
- Alimento coadjuvante: composto por ingredientes, matérias-primas ou aditivos e destinado exclusivamente à alimentação de animais de companhia com distúrbios fisiológicos ou metabólicos. É capaz de atender integralmente suas exigências nutricionais específicas, cuja formulação é incondicionalmente privada de qualquer agente farmacológico ativo (in no 39/2014).
- Alimento específico: produto feito a partir de ingredientes, matérias-primas ou aditivos. É destinado exclusivamente à alimentação de animais de companhia com finalidade de agrado, prêmio ou recompensa, e não se caracteriza como alimento completo.
- Alimento caseiro: preparado fora de ambientes industriais. A Abinpet recomenda um cuidado maior com a alimentação caseira porque, caso não seja corretamente manipulada e o balanço nutricional esteja inadequado, ela pode prejudicar o desenvolvimento mental e físico dos pets, levando-os a contrair doenças diversas.
Para a instituição, a alimentação caseira pode não ser precisamente balanceada com os nutrientes essenciais, nas quantidades mínimas recomendadas para os bichinhos. Caso o proprietário queira fazer, ele próprio, o alimento de seu pet, é aconselhável que procure um profissional da área para melhor orientação.
Objetivos da dieta balanceada
De acordo com a equipe de Comunicação Científica da Royal Canin, especializada em alimentação industrializada para pets, preparar uma alimentação balanceada para eles é “como montar um complexo quebra-cabeça”.
Um único alimento, segundo a empresa, deve conter a quantidade correta de aproximadamente 50 nutrientes necessários para satisfazer aos quatro objetivos nutricionais propostos abaixo, atendendo, assim, às reais necessidades de cada órgão dos bichinhos de estimação, de forma concreta e precisa.
- Desenvolvimento e manutenção do organismo: os aminoácidos, minerais, oligoelementos (elementos traços), vitaminas e ácidos graxos correspondem às necessidades nutricionais básicas para a manutenção e desenvolvimento do corpo do animal.
- Fornecimento de energia: os lipídios e carboidratos são as principais fontes de energia para os cães. Os gatos também dependem das proteínas para seu metabolismo energético.
- Nutrição e prevenção: alguns nutrientes são incorporados ao alimento (antioxidantes, prebióticos, fibras, ácidos graxos essenciais etc.), para evitar riscos como as doenças renais, problemas digestivos e os efeitos do envelhecimento.
- Nutrição e cuidado: certos nutrientes são adicionados e outros limitados, a fim de sustentar o processo terapêutico ou de convalescença, ajudando os animais a se recuperarem de uma série de doenças.
Industrializado x natural
Presidente da Comissão Técnica de Nutrição Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), o médico veterinário Yves Miceli de Carvalho explica que alimento é “toda substância que, ao ser consumida pelo animal, seja capaz de contribuir para a manutenção da vida e sobrevivência da espécie à qual pertence”.
Conforme o especialista, esses alimentos podem ser oferecidos das seguintes formas:
- In natura: quando é ofertado e consumido em seu estado natural, sem sofrer alterações industriais que modifiquem suas propriedades físico-químicas (textura, composição, propriedades organolépticas etc.). “Frutas, legumes, verduras e leite fresco, são exem- plos de alimentos in natura”, cita.
- Natural: é considerado natural aquele alimento preparado com a mistura de ingredientes naturais, semelhante ao in natura.
- Caseiro: diz respeito à alimentação feita em casa pelo tutor, com ingredientes que ele dispõe para consumo habitual do pet. “Na maioria dos casos, não é balanceado”, alerta. Por isso, ele aconselha aos tutores que queiram oferecer este tipo de alimentação, a consultarem um médico veterinário.
- Industrializado completo e balanceado: trata-se daquele alimento capaz de prover, ao animal, as quantidades e proporções apropriadas de todos os nutrientes necessários para um período de 24 horas.
- Caseiro industrializado: novo segmento do setor de pet food composto pelo preparado industrialmente, com ingredientes para consumo habitual, “mas seguindo regras de processamento e que dispõe de balanço nutricional básico”.
Prós e contras do alimento caseiro
Carvalho também aponta os prós e contras da alimentação caseira, principalmente porque é a que tem mais gerado controvérsias entre especialistas em nutrição de pets.
A vantagem da comida feita em casa é que o tutor pode escolher os ingredientes, de acordo com a condição financeira e/ou disponibilidade de tempo, preparando-a ou contratando um profissional para fazê-la. “Esse tipo de alimento fornece palatabilidade e é de boa aceitação pelo animal, mas o quantitativo e qualitativo são controversos”, diz o médico veterinário.
Segundo o especialista, as dificuldades consistem em possíveis desequilíbrios nutricionais; menor controle de qualidade e microbiológico das matérias-primas e do produto acabado; eventuais problemas de digestibilidade e de comprovação de garantia de uso, sem causar danos à saúde do animal; além de conseguir encontrar a formulação adequada para as espécies.
Prós e contras da alimentação industrializada
Dentre as utilidades da alimentação, destacam-se o embasamento técnico e científico com comprovações em testes de campo e laboratório; os ajustes dos níveis nutricionais e de acordo com a legislação; a garantia do fabricante, caso o animal venha a adoecer e for comprovado que o alimento foi o causador do distúrbio, exceto com produtos vendidos abertos e/ou a granel. Além disso, existem categorias e segmentos de alimentos de acordo com a faixa etária, estado fisiológico, de saúde, atividade física e animais doentes/convalescentes.
Já os pontos contrários a este tipo de alimento, são atribuídos aos ingredientes industrializados; ao uso de conservantes (naturais/artificiais) e à utilização de flavorizantes e aromatizantes (naturais/artificiais).
Respeito às diferenças
“Independente da categoria – se é caseiro, industrializado ou qualquer outro tipo de comida –, o importante é que o alimento seja específico para a espécie que se propõe a alimentar, no caso, cães e gatos. Isso porque ambos apresentam necessidades de nutrientes e de energia distintos dos humanos”, ressalta o médico veterinário Yves Miceli de Carvalho.
Ele ainda comenta que o “o maior erro ocorre quando não respeitamos ou não temos conhecimento dessas diferenças”. Também avisa que nunca devem ser oferecidos, aos pets, os restos do almoço ou do jantar das pessoas.
Para evitar essa situação, ele cita um humano adulto, que pode receber pela própria dieta, em um período de 24 horas, dois terços da energia proveniente dos carboidratos (açúcares).
“Se oferecermos um alimento contendo esse perfil de energia para um gato, por exemplo, ele poderá adoecer e até vir a óbito, por causa de distúrbios digestivos.”
Mais dicas
Saber se a alimentação do pet está adequada pode se tornar uma tarefa mais fácil, conforme explica Carvalho, se o tutor buscar a orientação de um profissional capacitado – de preferência um nutricionista animal – e que o animalzinho seja submetido, de tempo em tempo, a um check-up de saúde realizado por um médico veterinário.
Para saber se o animal está desnutrido, o dono deve seguir as orientações anteriores, associando-as a exames de análises clínicas e laboratoriais. Também é importante que o pet esteja bem hidratado.
“A água deve ser oferecida à vontade para os animais, optando sempre pela água limpa e fresca e, de preferência, potável”, aconselha Carvalho.
O especialista reforça que se o tutor do bichinho decidir fornecer comida caseira preparada em casa, deve seguir as normas de controle e de qualidade, após a consulta com um profissional, que irá avaliar a raça, o porte e a idade do pet, entre outras características.
“Nossa sugestão é que a pessoa procure profissionais idôneos e capacitados, que realmente tenham formação e conhecimento no preparo dos alimentos e saiba das necessidades nutricionais, de acordo com as espécies.”
Tipos de rações
Professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) – Campus de Jaboticabal (SP) e membro do Comitê Técnico de Pet do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA), o médico veterinário Aulus Cavalieri Carciofi resume as principais diferenças entre as rações standard, premium e superpremium.
De acordo com o ele, a standard é vendida por preço, considerando a própria estrutura de comercialização. “Esse tipo de ração busca ser um alimento barato para aquele tutor que não quer ou não pode gastar muito dinheiro com a alimentação do pet.”
Já as classificadas como premium são aquelas rações que focam no custo-benefício: “São mais caras (em comparação às standard) e pretendem oferecer maior segurança alimentar e maior palatabilidade para cães e gatos, além de terem preços intermediários”.
As rações de categoria superpremium, por sua vez, são as mais caras e, “em teoria, seriam de melhor qualidade e trariam mais benefícios à saúde animal”, diz Carciofi.
O produto
Na opinião do médico veterinário, os benefícios reais das rações premium e superpremium, no entanto, “dependem muito da marca, do fabricante e de como ele fez esse produto, incluindo a qualidade dos ingredientes, a segurança, a composição química”, entre outras características.
“Na realidade, não existem vantagens ou desvantagens intrínsecas (entre esses dois tipos de rações), porque se uma empresa é idônea, todas as rações fornecidas por ela serão completas e balanceadas para cães e gatos, independente de o produto ser de maior ou menor preço”, comenta o professor da Unesp.
Ele ainda pondera: “Por outro lado, se não assume alguns compromissos e responsabilidades, a empresa pode trazer problemas para os pets, independentemente se for premium ou superpremium. Mas falando de forma geral, esses dois tipos de rações trarão, sim, um benefício e uma segurança alimentar para o animal”.
Como escolher
O especialista também aconselha: a escolha da ração deve levar em conta o animal, “pois alimentaremos sempre o indivíduo”.
“É importante considerar a raça, a idade, quanto de exercício físico ele faz, se apresenta alguma doença, se está obeso ou não, observando que, atualmente, um terço dos pets está obeso.”.
Por causa das particularidades de cada pet, ele sugere que o tutor procure sempre o auxílio de um médico veterinário ou de um zootecnista, preferencialmente que entenda de nutrição de cães e gatos.
Embalagens e conservação
Em relação às embalagens e à conservação das rações em casa, Carciofi diz que, apesar de ainda ser muito comum a compra de alimentos a granel, abertos e por quilo, “isso não é bom e pode sair mais caro para o tutor”.
“As embalagens industrializadas (apropriadas para a conservação das rações) foram desenhadas por equipes de técnicos e engenheiros, que visam à segurança nutricional, impedindo a contaminação por microrganismos, fungos, bactérias e a entrada de insetos. Elas também retêm o aroma e a textura, mantendo todas as características nutritivas do produto.”
Segundo ele, “em casa, devemos armazenar (as rações destinadas aos pets) em lugar seco, fresco, não muito quente, ao abrigo da luz direta – se possível – e longe da umidade.
A embalagem deve ser bem fechada. Se for retirado, esse alimento deve ser conservado em um recipiente hermético, bem lacrado”, informa Carciofi.
Rações para filhotes
As rações para os pets filhotes, informa o professor da Unesp, são aquelas formuladas para atender às necessidades de crescimento, considerando as raças.
“Para gatos, isso não varia muito. O tutor deve fornecer rações que contenham mais gordura e proteínas, uma quantidade maior de vitaminas e minerais, conforme o que existe no mercado para filhotes de felinos”.
Já a escolha da ração para os filhotes de cachorros exige maior critério, porque a raça deve ser considerada.
“As melhores rações para filhotes de cães grandes e gigantes são aquelas com quantidade de cálcio abaixo de um e meio, e gordura abaixo de 14%. É importante alertar que o excesso de cálcio para os cães de maior crescimento podem provocar a ossificação exagerada e distúrbios na formação das cartilagens. Já o excesso de gordura fará com que o cãozinho cresça muito rápido e isso pode sobrecarregar as articulações, podendo desenvolver alterações esqueléticas.”
Cães e gatos juntos
Se em casa o tutor tem cães e gatos convivendo harmoniosamente juntos, é necessário ter em mente que o primeiro é totalmente diferente do segundo.
“Eles nunca serão semelhantes. O gato, por exemplo, tem a necessidade de proteína muito mais alta, precisa de alguns aminoácidos e ácidos graxos, além de gorduras que só o felino necessita. O alimento para gato é exclusivo e único”, ressalta Carciofi.
Ele ainda alerta: “se um cão comer o alimento do gato, não haverá muitos problemas, mas não pode, de jeito algum, acontecer o inverso. Se um gato comer a comida do cachorro, ele pode ter problemas sérios, incluindo cegueira e doenças cardíacas irreversíveis.”
Obesidade
Outro problema de saúde que, assim como em humanos, vem atingindo também o mundo animal é a obesidade. Conforme a médica veterinária da Total Alimentos, Giovanna Rocha nunes, essa doença – definida como o acúmulo excessivo de gorduras no corpo, suficiente para deteriorar suas funções e prejudicar a boa saúde e o bem-estar dos pets – vem sendo cada vez mais frequente em cães e gatos, na atualidade.
“A obesidade do pet é resultado de um desequilíbrio entre a ingestão e o gasto de energia, fato que traz inúmeros fatores de riscos, que predispõem sua alta prevalência, tais como alimentação inadequada e excessiva, castração, predisposição genética e sedentarismo.”
Ela avisa que ainda podem ocorrer, além dos fatores destes riscos, complicações médicas associadas à obesidade em pets, a exemplo da Diabetes Mellitus Tipo 2, doenças ortopédicas, cardiorrespiratórias, dentre outras.
Em caso de gatos obesos e para reduzir o peso deles, o médico veterinário Aulus Cavalieri Carciofi sugere substituir o amido pela proteína, além de introduzir exercícios no tratamento. Ainda esclarece que se o cão obeso ficar diabético é uma coincidência. “Em gatos, a obesidade é a causa do diabetes.”
Alimentação para aves
Se o dono de um pet prefere ter uma ave em casa, é importante saber que os alimentos disponíveis para esses tipos de animais costumam seguir, de acordo com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), à seguinte classificação: farelados, misturas de sementes, paletizados e extrusados.
Conforme a instituição, os alimentos que passam pelo processo de extrusão permitem uma excelente digestão dos nutrientes e um prazo de validade maior, por conta da eliminação de fungos e bactérias, que podem existir em sementes vendidas a granel.
De acordo com o Sebrae, a variação dos tipos de alimentos para aves é menor, embora poucas empresas foquem nesse tipo de alimentação no mercado. Mesmo assim, é necessário que o tutor de uma ave tenha esses conhecimentos prévios. Na dúvida, ele deve consultar um médico veterinário.
Fontes:
Associação Brasileira da indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet),
Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae),
Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo CRMV-SP,
Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA)
Royal Canin.