O mundo busca a autossuficiência em alimentos, o que passa pelo estabelecimento de acordos comerciais e uso de tecnologia
Três temas devem ser observados pelo agronegócio no curto prazo: a nova globalização (com dois pólos, o ocidente, sem liderança e com a perda do protagonismo de organismos internacionais, e o oriente, liderado pela China), a segurança alimentar e o novo cenário transformado pela pandemia, que levou as empresas a trazer seus insumos para localidades próximas. Essa é a visão do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que participou do painel Agronegócio: Perspectivas 2023/2026, durante 21º Congresso da Abag, realizado dia 1º de agosto.
“O mundo está em busca de autossuficiência, por isso precisamos trabalhar para garantir nosso papel, que depende de estratégias, como tecnologia e inovação, acordos comerciais fortes, não aceitação de ilegalidades no país, infraestrutura e logística, além de organização da classe rural, através das cooperativas brasileiras”, disse o ex-ministro.
O também ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, ressaltou a importância do Brasil como fonte de alimentos e energia em um cenário de crise alimentar mundial como o atual. “Superamos outros países pela qualidade da produção, tecnologia e produtividade, mas imagino que esses índices podem ser multiplicados com agregação de valor aos produtos exportados”, comentou. “Há cerca de 180 mercados do mundo abertos ao Brasil”, completou Turra.
Oportunidade
Já o ministro da Agricultura no governo Geisel (1974 a 1979), Alysson Paolinelli, que vem acompanhando o crescimento da agricultura brasileira, citou o momento atual como uma grande oportunidade para o país reafirmar seu protagonismo no cenário da segurança alimentar mundial.
“O aumento no número de habitantes no planeta, especialmente em países altamente populosos como a China, traz consigo o aumento de renda e capacidade aquisitiva com a consequente troca de carboidratos por proteínas”, analisou Paolinelli. “O Brasil está preparado para suprir essa demanda, pois dominamos quase todas as cadeias produtivas de proteínas, mas é preciso investir no aumento significativo da produção para atender esse número crescente de pessoas.”
O ex-presidente da República Michel Temer enfatizou a relação multilateral, o que implica em parcerias comerciais com diversos países, como a China, que é o maior parceiro do Brasil, seguido pelos Estados Unidos. “Os países têm interesse em investir no agronegócio, por terem a certeza da lucratividade do setor.”
Temer também destacou a necessidade de incentivar as ações da iniciativa privada, a fim de que tenham financiamentos adequados para o agro brasileiro. “Esse tipo de evento é incentivador de todos esses fatos, prestigiando esse setor, que é o suporte de nossa economia.”
No encerramento do Congresso da Abag 2022, o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio, Carlos Corrêa Carvalho, reforçou a importância da integração como ponto central para o agronegócio brasileiro ampliar sua competitividade em âmbito global com um nível ainda maior de conservação ambiental.
“Precisamos estar presentes nas discussões das métricas de sustentabilidade e informar o que é importante para uma agricultura tropical e não apenas aceitar o que é bom para o mundo temperado. Por isso, estamos discutindo em nível nacional com diversos agentes como podemos atuar.”