Em dois anos, os custos do tomate aumentaram 51%, em Mogi Guaçu, importante região produtora de São Paulo
As fortes elevações nos custos de produção de hortaliças, que ao longo de 2021 já vinham deixando agricultores brasileiros em alerta, foi reforçado neste ano, agravando as preocupações de produtores. Esse movimento de alta é destaque do Especial Hortaliças de 2022, das revista Hortifruti Brasil, publicação do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Segundo a publicação, em Mogi Guaçu (SP), importante região produtora de tomate, a alta acumulada dos custos em dois anos é de 51%. Em Caçador (SC), a safra de verão de tomate, que acaba de ser colhida, registrou aumento de 37% nos gastos frente à temporada anterior, em grande escala de produção, e de 50%, em pequena escala. Para a cebola, na região de Lebon Régis (SC), que também encerrou a safra recentemente, a alta dos custos foi de 34% comparada à temporada passada.
Outros fatores de pressão
Com intensa valorização pelo segundo ano consecutivo, os fertilizantes seguem pressionando os custos de produção. No início de 2022, houve certo enfraquecimento no avanço nos preços, tendo em vista que adversidades globais e internas geradas pela pandemia de covid-19, entre outros fatores, que frearam o ritmo de alta. No entanto, a partir de março, após a invasão da Rússia na Ucrânia, importantes fornecedores globais de fertilizantes, os valores do insumo voltaram a disparar.
Outro importante item que tem impulsionado os custos neste ano é o petróleo. A valorização do combustível fóssil elevou os gastos com diesel e, consequentemente, encareceu as operações mecânicas e os fretes, resultando em aumentos nos preços de outros insumos agrícolas.
A mão de obra também tem contribuído para os custos no campo. Os produtores de cebola e tomate consultados pela equipe de Hortifrúti do Cepea relataram dificuldade na contratação de mão de obra, o que tornou esse item ainda mais caro.
Para 2023, a previsão é de novo aumento expressivo nos custos, já que os valores dos insumos não param de subir. Para os produtores de hortaliças, a recomendação da equipe de Hortifrúti do Cepea é que os produtores sejam cautelosos quanto aos investimentos, como boa parte já vem fazendo desde o início da pandemia.