Tratamentos na hora certa, realizados de acordo com o regime de chuvas da região, favorecem ganho de peso em todas as categorias e melhoram índices reprodutivos
O tratamento com produtos endectocidas de qualidade comprovada eliminam tanto os principais parasitos internos como externos de bovinos, e é, sem dúvida, ferramenta fundamental para a produtividade da pecuária. Quando bem feito, pode trazer uma série de benefícios, como a melhora do ganho de peso em todas as categorias, dos índices reprodutivos e até da qualidade do couro e do acabamento de carcaça. Contudo, a maior parte dos pecuaristas ainda não usufrui de seus benefícios porque podem não realizar o procedimento na hora certa.
É comum a realização da vermifugação durante as vacinações obrigatórias contra a febre aftosa, o que nem sempre coincide com os períodos ideais para o tratamento. “Infelizmente o uso racional de antihelmínticos ainda não foi assimilado por parte dos pecuaristas brasileiros e disso decorrem problemas como baixa produtividade e resistência parasitária”, afirma o professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Walter dos Santos Lima.
Segundo o prof. Walter Lima, a vermifugação apresenta melhores resultados quando realizada com estratégia, que consiste em diminuir a infecção no animal (e consequentemente contaminação das pastagens). Isto é feito por meio de tratamentos com vermífugos de longa ação no início e no final do período chuvoso, de acordo com o regime de chuvas de cada região e categoria animal da fazenda. Caso o produtor opte por utilizar vermífugos convencionais, recomenda-se um terceiro tratamento realizado em torno da metade do período seco do ano, para manter os níveis de parasitismo controlados nos animais e nas pastagens.
“Uma regra prática é tratar os animais no mês imediatamente anterior ao início da época mais seca do ano e um tratamento realizado no mês imediatamente posterior a este período. No caso do Brasil Central, maio e a partir de setembro”, explica o médico veterinário Marcos Malacco, da Merial Saúde Animal. Segundo ele, os vermes encontram condições muito favoráveis nas pastagens nas épocas mais úmidas e quentes do ano e o contrário ocorre nas épocas mais secas e frias.
“Por isso, é importante um tratamento no início da seca, quando a infecção parasitária encontra-se no auge nos animais. A vermifugação nesta época desparasita o animal e ajuda-o a enfrentar a carência alimentar da seca. Além disso, diminui a contaminação no campo no período em que os vermes têm mais dificuldade de se desenvolver no meio ambiente. Já no final da seca, a vermifugação limita a contaminação das pastagens por ovos e larvas dos vermes, diminui as taxas de infecção dos animais e proporciona melhores condições de desenvolvimento e ganho de peso. O mesmo conceito se emprega nas regiões de clima temperado, como na Região Sul do Brasil, quando as condições de baixa temperatura no inverno exercem o mesmo papel das secas nas regiões de clima tropical”, diz.
Os dois profissionais lembram ainda que é impossível erradicar as parasitoses do rebanho. O produtor terá de aprender a conviver com elas e executar manejos preventivos em respeito ao regime de chuvas e temperaturas médias de sua região para diminuir ao máximo os níveis de infecção no ambiente e nos animais. “Quando tratado em épocas incorretas, o animal volta a se reinfestar rapidamente. E as consequências se manifestam na baixa produtividade, no uso desnecessário de anti-parasitários, o que pode até culminar com o surgimento da resistência parasitária”, afirma Malacco.
Todas as categorias precisam de tratamento
Bezerros neonatos
O primeiro tratamento antiparasitário indicado é feito ao nascimento, com objetivo de prevenir a bicheira do umbigo. Por volta de quatro meses de idade, o animal deve ser vermifugado preferencialmente com produto de longa ação. Estudos comprovam que o tratamento com tais produtos nesta fase proporciona até 12% (algo entre 4 e 7 quilos) o peso dos animais ao desmame.
Bezerros desmamados (7 a 8 meses de idade)
A vermifugação ao desmame talvez seja a mais importante na vida de um bovino. Nesta fase, o bezerro é apartado da mãe, o que determina grande estresse, e enfrenta ainda a carência nutricional do pasto, já que o desmame dos animais de corte normalmente coincide com o início da seca, entre outros fatores. A vermifugação desparasita e ajuda a enfrentar o estresse pós-apartação.
Animais de sobreano
Devem ser vermifugados no início e no final da seca (vermífugos de longa ação). Quando usados vermífugos convencionais, realiza-se um terceiro tratamento no meio da seca, o que permite desenvolvimento pleno dos animais.
Vacas e Novilhas Primíparas
As fêmeas em fase reprodutiva devem ser vermifugadas o mais próximo do parto quanto possível (entre 60 a 30 dias antes do parto ou até no máximo até 30 depois). Quanto mais próxima ao parto, melhores serão seus resultados. Nesta fase, a fêmea passa por um período de relaxamento imunológico que visa prepará-la para o nascimento do bezerro e produção de leite. A vemifugação auxilia na recuperação da fêmea e pode permitir que o cio retorne mais cedo após o parto. Nas vacas de 1ª cria e novilhas, como ainda são animais que estão em desenvolvimento, ainda é indicado um tratamento que poderá coincidir com o início ou final do período seco, além do tratamento no peri-parto.
Animais adultos
No caso de animais criados a pasto, a vermifugação deve ocorrer antes da terminação, que normalmente coincide com o final da seca. Em gado confinado, o tratamento deve ser realizado na entrada do confinamento. Atenção deverá ser dada ao período de carência para o abate dos animais, após o último tratamento antiparasitário, a fim de não determinar resíduos penalizáveis na carne e vísceras dos mesmos. Atualmente temos no mercado brasileiro um endectocida que não determina carência para o abate dos animais tratados, a Eprinomectina. Este endectocida, além disso, caracteriza-se pela alta potência contra os principais parasitos internos dos bovinos, além de controlar a mosca dos chifres, o berne, ser de aplicação pour on (não determina lesões na carcaça passíveis de serem penalizadas ao abate) que se mostra resistente a chuvas e pode ser aplicada nos animais mesmo com os pelos molhados. Tal produto permite a comercialização para abate dos animais tratados em qualquer época após o tratamento.