No Rancho Rosa Machado (RRM), localizado em Piraí, região do Vale do Paraíba (RJ), José Mauro Leite Lima destina 9,6 hectares à produção de leite, área suficiente para tornar a atividade lucrativa. “Há 27 anos, ininterruptos, dedico-me à atividade leiteira, e só de uns oito anos para cá aprendi a ganhar dinheiro com o leite”, afirma o produtor. Inspirado no modelo produtivo neozelandês e no “Balde Cheio”, da Embrapa, o produtor elaborou e coordenará o programa “NeoLeite”, em Piraí. Um Termo de Cooperação Técnica foi assinado com a Prefeitura Municipal de Piraí/Secretaria de Agricultura com objetivo de fomentar o aumento da produção e da produtividade de leite de vaca em propriedades rurais de pequeno porte.
Alinhado com a tendência das parcerias público-privadas, o projeto funcionará como mecanismo para o desenvolvimento social e econômico.
Como incubadora, atuará tanto no plano de ação de acompanhamento direcionado, bem como de transferência de tecnologia da Célula Demonstrativa, em 12 hectares no Rancho Rosa Machado, cujo padrão adquirido, ao longo de vários anos, é o estímulo principal para garantir a capacidade de multiplicação de conhecimento.
Inicialmente, serão contempladas 10 propriedades rurais de pequeno porte. Em cada uma delas, a área tratada será de um hectare, para um sistema de 30 piquetes de 334m2 (19m x 19m) cada, para o mínimo de 10 vacas/piquete. A partir do segundo ano, mais 10 propriedades serão beneficiadas como estratégia para estimular o interesse pela multiplicação da tecnologia, e institucionalizar a marca Projeto NeoLeite Piraí-RJ.
400 mil litros/dia
Com um parque industrial capaz de processar 400 mil litros de leite por dia, a Cooperativa Agropecuária de Barra Mansa possuía, em 2005, 1.700 associados, mas, atualmente, são apenas 620 cooperados. Resultado, segundo José Mauro Leite Lima, na grande maioria dos casos, da má gestão da propriedade, pois ele garante que “um hectare de pasto manejado corretamente, pode render até cinco vezes mais que um hectare de milho”.
Auxiliado por dois parceiros, o pecuarista produz 400 litros de leite/dia, com 26 vacas em lactação. Segundo ele, as tecnologias disponíveis agregam todas as ferramentas necessárias para que o produtor possa baixar seus custos de produção. Em sua opinião, a principal lição do programa quanto à redução de gastos é “produzir bem e com fartura o alimento (capim), para o rebanho”. Para isso, mantém piquetes de capins marandu (por sua resistência à cigarrinha-das-pastagens) e mombaça, ambos sob irrigação, para não ficar totalmente à mercê das condições climáticas. “Assim, podemos oferecer capim de qualidade, com teor máximo de proteína e tenro, em qualquer época do ano”, alega.
Suplementação no pasto
A ideia é que nem na seca as vacas passem pelo cocho. Até a suplementação é feita a campo, com o pastejo sobre semeio de aveia-preta. Por garantia, Lima ainda mantém dez piquetes, em área total de 1,3 ha, de capim napier, que são reservados, a partir do final de fevereiro, para uma eventual emergência. No mais, só sal proteinado.
Ele garante que, para vacas que produzem até 12 l/leite/dia, um bom pasto e sal proteinado são suficientes. Já os animais de produção superior, logicamente, receberão concentrado (ração formulada na propriedade), de acordo com sua produção diária. O produtor desistiu de cultivar a cana-de-açúcar como complemento
depois que as capivaras deram cabo de 1,5 hectare. Foi quando decidiu, também, irrigar os piquetes. “Com o espaço reduzido dos piquetes, as vacas andam menos e gastam menos energia. Ali, elas têm água limpa e farta, áreas de sombra para descanso e pasto da melhor qualidade, com ponta de capim”, dá a receita.
Persistência leiteira
Outro grande aprendizado do programa, conta José Mauro Lima, é observar e reduzir os intervalos entre partos. O ideal é que sejam de 12 a 14 meses, para que a vaca esteja sempre produtiva, observando sempre os 60 dias de descanso pré-parto. “O que interessa ao produtor é a persistência leiteira”. Segundo ele, não é desejável uma matriz que se comporta como animal de torneio leiteiro, apresentando picos de produção, se não houver persistência leiteira. “Melhor produzir um pouco menos, mas por mais tempo, com regularidade”, conclui.
As vacas devem ter de 450 a 500 quilos, no máximo. Assim, não compactam muito os piquetes e desenvolvem menos doença no casco. “Depois que o problema de comida para os animais estiver resolvido, ou seja, que tivermos oferta de comida farta e de qualidade, então podemos cuidar da genética”.
Contato
Contatos com o produtor pelo e-mail: ranchorm@ig.com.br