Esta raça vem despontando como alternativa de pecuária de ciclo curto e mais produtivo
Raça taurina adaptada de bovinos, a Senepol é originária da ilha caribenha de Saint Croix. Seu desenvolvimento foi feito através do cruzamento de bovinos das raças Red Poll (britânica) e N’Dama (africana). O objetivo era viabilizar a produção de gado de corte no clima tropical caribenho, já que as raças de clima temperado não se desenvolviam nas condições climáticas e nutricionais da região.
Criada no início do Século XX, a Senepol buscou — e conseguiu— incorporar excelentes características zootécnicas e produtivas para as condições tropicais, especialmente aquelas associadas à conformação frigorífica, precocidade sexual, docilidade, tolerância ao calor, boa habilidade materna, precocidade sexual aliada à alta libido, longevidade, carne macia, boa resistência a parasitas e ao excelente desempenho a pasto.
Senepol no Brasil
Está distribuída em diversos países de clima tropical e subtropical. No Brasil, o bovino Senepol ingressou no ano de 2000 e, hoje, possuímos o maior e um dos melhores rebanhos, em termos de qualidade, do mundo.
Fato estratégico foi que, desde aquela época, entraram no País animais de excelente procedência e qualidade genética, vindos, principalmente, dos Estados Unidos da América e da região do Caribe.
Essa raça tem um potencial ímpar de contribuir para o fortalecimento da qualidade e da produção de carne superior na pecuária nacional, por causa de seus atributos positivos, sua genética taurina e a maior heterose (vigor do animal cruzado).
No Brasil, a Senepol tem sido acompanhada, avaliada e aprimorada por meio da parceria do Programa Embrapa de Melhoramento de Gado de Corte — Geneplus e a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol.
Esta parceria, cujo o produtor é o ator-chave do processo, tem buscado, a partir da variabilidade genética da raça, identificar animais geneticamente superiores, capazes de contribuir para a melhoria das características de conformação frigorífica e de qualidade da carne, além de outros aspectos. Está em sintonia com os sistemas de produção de gado de corte predominantes no Brasil, para os quais os atributos de adaptabilidade e funcionalidade são de fundamental importância.
Sucesso
A tecnologia Geneplus/Embrapa, que se aplica junto ao criador, oferta aos produtores o que há de melhor em resultados de avaliação genética de matrizes, touros e produtos. O sucesso da parceria tem sido observado também nas gerações seguintes às análises. Adicionalmente, a avaliação de touros jovens é outro ganho estratégico, dada a grande demanda e o déficit de reprodutores geneticamente superiores nos rebanhos brasileiros.
Em menos de 15 anos, de importador, o País passou a exportador de genética e tecnologia associadas à Senepol para o mundo.
Qualidade genética
A Senepol é uma das raças que tem se destacado na pecuária brasileira em qualidade genética e incremento de produtividade e lucratividade. Hoje, a genética Senepol brasileira não é só sinônimo de qualidade e produtividade, é, também, de investimentos de curto, médio e longo prazos.
Para a Embrapa, é motivo de orgulho fazer parte dessa história e da parceria que, em tão pouco tempo, muito tem contribuído para o aumento da produção de carne de qualidade, geração de renda e motivação da classe produtora. É, sem dúvida, um bom exemplo a ser seguido.
Cleber Oliveira Soares – Chefe-geral da Embrapa Gado de Corte
Aumento do consumo de alimento impulsiona a pecuária de corte
Com o avanço do setor, cresce o investimento em animais de ciclo curto, como a raça Senepol
As projeções da carne bovina para o Brasil mostram que o setor deve continuar apresentando intenso crescimento nos próximos anos. Segundo estimativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), de 2013 até 2023, a produção de carne bovina deverá crescer 2% ao ano. Essas taxas correspondem ao acréscimo na produção, em dez anos, de 22,5%. Se atualmente o país produz 8,9 milhões de toneladas, até 2023 precisará chegar a 10,9 milhões.
A perspectiva da Food and Agriculture Organization (FAO) para 2050, é a de que a população mundial aumente em 2,3 bilhões de habitantes. Com isso, a produção de alimentos necessitará avançar em torno de 70% para atender a essa crescente população. É nesse quadro que a FAO reserva ao Brasil a missão de oferecer 40% da demanda suplementar de alimentos das próximas décadas.
Perspectivas de consumo
A partir das perspectivas de consumo de carne para os próximos anos, uma das possibilidades para atender à demanda, é utilizar animais adaptados e altamente produtivos no sistema pecuário de ciclo curto. À vista disso, utilizar bovinos que correspondem às características mencionadas, como o taurino Senepol, representa para o Brasil a possibilidade de ser o grande fornecedor de carne bovina para a exportação, atendendo, ainda, ao mercado interno.
Encurtamento no ciclo de abate
“A raça Senepol proporciona encurtamento de até um ano no ciclo de abate, possibilita o rendimento de carcaça acima de 57%, além de garantir 30% a mais de ganho de peso quando comparado ao zebu. Basicamente, com a heterose, o Senepol contribui para a melhoria e a quantidade de carne produzida”, declara o Gilmar Goudard, Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB Senepol).
Goudard explica que a Senepol está “em franco crescimento no país e atende à tais necessidades, uma vez que os animais são precoces, adaptados ao clima tropical, e produzem carne de qualidade. Os touros cobrem a pasto as fêmeas zebuínas, F1 ou Tricross, atingindo a heterose máxima. As fêmeas, rústicas, precoces, possuidoras de grande habilidade materna e donas de fertilidade singular, desempenham, por excelência, a função de doadoras de embriões, assim como o papel de matriarcas a campo”, ressalta o presidente da ABCB Senepol.