A Embrapa divulgou uma publicação feita por meio de uma rede de instituições de Mato Grosso e Rondônia para a avaliação de cultivares e épocas de semeadura quanto à reação à podridão de grãos de soja. Os experimentos realizados na safra 2022 e 2023 testaram 42 cultivares geneticamente modificadas e 12 cultivares convencionais em 14 locais.
Os resultados mostram que as cultivares têm níveis distintos de suscetibilidade ao problema que passou a ser percebido nas lavouras do médio-norte de Mato Grosso na safra 2018/2019 e que ainda não tem uma causa definida pelos pesquisadores.
Os dados de 14 ensaios realizados em Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum em Mato Grosso e em São Miguel do Guaporé e Ariquemes, no estado de Rondônia, demonstraram consistência no comportamento dos materiais avaliados.
Pelos resultados, os pesquisadores afirmam que cultivares de hábito determinado/ semideterminado mostraram um maior nível de resistência à podridão de grãos e maior nível de produtividade de grãos que as cultivares de hábito indeterminado. Além disso, a incidência de podridão tem baixa correlação com o grau de maturidade, sendo a ocorrência similar para cultivares de ciclos precoces, médios e tardios.
Em relação às épocas de semeadura, a pesquisa mostrou maior ocorrência de podridão dos grãos de soja em semeaduras precoces, realizadas até meados de outubro.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Cerrados e um dos autores do estudo, Austeclínio Farias Neto, esse trabalho traz informações importantes para os produtores usarem na escolha das cultivares para evitar o problema da podridão de grãos.
“É fundamental que a escolha da cultivar seja feita de forma aliados ao manejo de fungicidas, conforme recomendações de pesquisas feitas pela Embrapa. Esses resultados aplicados de forma conjunta facilitarão bastante o manejo da cultura e controle da podridão de grãos de soja”, afirma o pesquisador.
A publicação Cultivares de soja e épocas de semeadura para reação à podridão de grãos da soja está disponível para download gratuito na página de publicações do site da Embrapa. Nela é possível verificar o resultado de cada uma das mais de 50 cultivares avaliadas.
Rede de pesquisa
Na safra 2023/2024 este estudo está sendo realizado novamente como forma de validar os dados obtidos na safra anterior. Os ensaios são realizados por 16 instituições entre empresas de pesquisa, fundações, universidades, empresas de consultoria, cooperativa e empresas detentoras de cultivares.
“É importante se ressaltar o aspecto cooperativo do estudo, por meio da rede de avaliação de cultivares que foi formada. Essa rede contou com a participação de cerca de 16 instituições. Isso é fundamental na troca de informações e melhoria do aumento do conhecimento sobre a podridão de grãos”, avalia Austeclínio Farias Neto.
Podridão de grãos de soja
Inicialmente chamado de anomalia da soja, o apodrecimento de grãos vem sendo estudado por pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Cerrados e Embrapa Soja, juntamente a às instituições parceiras, desde sua identificação na safra 2018/2019.
Diferentes espécies de fungos foram identificadas em vagens e hastes com e sem sintomas de apodrecimento de grãos, mas os fatores que desencadeiam o problema ainda são desconhecidos.
Por isso, diversas redes multidisciplinares de pesquisa estão analisando dados como clima, fertilidade e física do solo, teor de lignina e outros que possam dar pistas sobre a doença.
Uma rede de pesquisadores tem avaliado a eficiência dos fungicidas no controle do problema. Os primeiros resultados estão disponíveis na circular técnica Eficiência de fungicidas para o controle da podridão de grãos da soja, na safra 2022/2023: resultados sumarizados dos ensaios cooperativos
Gabriel Faria (MTB 15.624 MG)
Embrapa Agrossilvipastoril