Novos recursos tecnológicos podem ser usados na fruticultura, e o melhor, com poucos recursos
Imagens de satélites, sistemas de informação geográfica, GPS, equipamentos automatizados e de informática são alguns dos recursos tecnológicos à disposição dos produtores rurais pela agricultura de precisão (AP). Neste cenário, já existem conhecimentos e informações bem estabelecidos, que permitem seu emprego no dia a dia das propriedades, de maneira mais simples, fazendo com que o agricultor se organize melhor e possa controlar suas atividades, custos e produtividade.
Pesquisador da Embrapa Semiárido (PE), Luís Henrique Bassoi confirma que a AP também pode ser utilizada em fruticultura e que esta forma de gestão é perfeitamente aplicável a pequenas lavouras.
No levantamento feito em uma área de apenas 1,6 hectare, a partir de um trabalho realizado com a cultura de uva de mesa em Petrolina (PE), foi possível encontrar uma variabilidade significativa. Segundo Bassoi, isto permitiu, entre outras avaliações, um manejo diferenciado e mais econômico da irrigação.
Ele explica que, com o auxílio de uma ferramenta nada sofisticada (o trado, velho amigo dos agricultores na coleta de solo para análise em laboratório) e com um procedimento típico de agricultura de precisão (por amostragem em vários pontos formando uma malha ou reticulado), foi possível perceber que, em alguns locais, havia pedras e encharcamento, a partir de 80 centímetros de profundidade, indicando uma limitação, justamente onde a drenagem é mais lenta. Dividindo a área em seis zonas e monitorando a umidade do solo, foi aplicada uma lâmina de irrigação maior, naquelas menos úmidas, e uma lâmina menor, nas mais úmidas.
Visualização
“O produtor observava esse problema visualmente. Ele mesmo havia dividido a área em vários segmentos e já estava praticando um manejo diferenciado da irrigação, mas ainda de maneira intuitiva. O que nós fizemos foi dar um ‘empurrãozinho’ para ajudá-lo a visualizar melhor a variabilidade no campo”, explica Bassoi.
A aplicação da AP neste sistema de produção subsidiou também outras decisões. Com um equipamento simples — o clorofilômetro — foi mapeado o conteúdo de nitrogênio na folha, ao longo do ciclo. As zonas homogêneas, apontadas com estes dados, indicaram os locais mais apropriados para a coleta das bagas de uva, que serviram de amostra para verificar se já estavam no ponto de colheita.
Procedimentos de rotina
Ao longo de vários anos, o agricultor vinha marcando, a cada safra, as plantas que apresentavam problemas com uma simples pintura nas estacas de sustentação.
Isto permitia que ele registrasse um “histórico” daquelas culturas e em qual parte apresentavam um desenvolvimento mais fraco. Os mapas gerados com os diversos dados coletados nestas áreas eram referenciados, pelo próprio produtor, nos números colocados em cada planta e em cada fileira.
“A numeração já nos dá a referência de onde estamos colhendo a informação, não precisamos sequer de GPS”, observa o pesquisador, que conclui: “Com ferramentas simples e alguns ajustes em procedimentos de rotina, pode-se também fazer agricultura de precisão”.