Em março do ano passado, um grupo de 16 criadores de ovinos e caprinos do Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, fundaram uma Central de Negócios para ter mais competitividade no mercado, por meio de ações conjuntas de compra, venda e troca de tecnologias, de forma a reduzir custos e padronizar a qualidade. A iniciativa conta com o apoio do Sebrae-SP e reúne 16 produtores dos municípios paulistas de Cunha, Guaratinguetá, Lagoinha, São Luiz do Paraitinga, Silveiras, Pindamonhangaba e Taubaté.
“Embora tenhamos metas a alcançar, como compras conjuntas, para baratear custos e organizar a nossa cadeia produtiva, nosso principal objetivo é ter uma marca própria de carne para agregar valor ao nosso produto”, afirma o presidente da Central, Gerardo Hauszler.
“A Central estabeleceu regras comportamentais e produtivas para a padronização dos processos e identificação regional, de forma a orientar os interessados em participar e produzir”, afirma Felipe Rimkus, consultor de agronegócio do Sebrae-SP. Segundo ele, a realização de compra e venda conjuntas fortalece o grupo que concorre em igualdade de condições com grandes produtores.
De acordo com Rimkus, o sabor diferenciado da carne de cordeiro vem conquistando espaço na mesa do brasileiro, além de ser bastante apreciada por chefes de restaurantes de alto padrão. “Por isso, a criação dos animais tornou-se um negócio promissor e o Vale do Paraíba tem se de destacado graças ao rígido padrão de produção implantado na região.”
O Vale do Paraíba é uma região montanhosa, rodeada pela Serra do Mar e Serra da Mantiqueira, com propriedades pequenas e médias, localizada entre dois grandes centros consumidores, São Paulo e Rio de Janeiro, com demanda por produtos diferenciados, de acordo com Hauszler.
Na região, a criação comercial de ovinos e caprinos começou há alguns anos. “Estamos trabalhando para tecnificar as propriedades com a ajuda do Sebrae, tendo o apoio de técnicos especializados na produção. Outras atividades, voltadas à melhoria do conhecimento técnico dos produtores, como palestras com especialistas e dias de campo, também estão sendo adotadas. Queremos que o produtor tenha todas as ferramentas em mãos para produzir melhor e com menor custo”, explana.
A Central está trabalhando para ter, no futuro, produtos de qualidade que possam ser oferecidos aos clientes. De acordo com Hauszler, a padronização passa pelo tipo e tamanho de carcaça, idade e peso de abate, e até pela raça de animais. A marca de carne da associação deverá ser premium para atender a um público exigente. “Podemos produzir carne de primeira qualidade se fizermos um trabalho correto na padronização dos cordeiros destinados ao abate”, afirma.
Rimkus informa que o grupo possui cerca de 4.000 matrizes e a produção abastece restaurantes e açougues no Vale do Paraíba, cidades litorâneas, além da Grande São Paulo e Litoral Sul Fluminense. A meta é buscar novos mercados.“Boa parte das carnes é vendidas no Vale, mas, certamente, Campos do Jordão e São José dos Campos são pontos chave”, revela, acrescentando que Cunha também tem se mostrado um mercado promissor para comercialização do produto. No mês de agosto, durante o Festival do Cordeiro de Cunha, a Central de Negócios participará este ano de forma mais ativa.