Embrapa Instrumentação mostra, no campo, robô agrícola e novos sensores
Apresentar, no campo, em Ribeirão Preto (SP), as tecnologias que nasceram em projetos de pesquisa nos seus laboratórios, em São Carlos (SP). É dessa forma que a Embrapa Instrumentação participará da 20ª edição da Agrishow, no período de 29 de abril a 03 de maio de 2013.
O Centro de Pesquisa apresentará diversas tecnologias que buscam maior retorno econômico e social e menor impacto ambiental, na área dinâmica da feira, especialmente, ligadas à Agricultura de Precisão, Automação Agrícola, Pós-Colheita e Agricultura Familiar.
Robô agrícola móvel
Desenvolvido em parceria entre a Embrapa Instrumentação, a Escola de Engenharia da USP de São Carlos-SP e a empresa Jacto Máquinas Agrícolas, a Plataforma Autônoma para apoio à Agricultura de Precisão emprega o que há de mais avançado em tecnologia robótica modular para aquisição de dados em campo. O protótipo pretende ser um conceito de mobilidade e grande capacidade operacional. O uso da robótica em sistemas autônomos vem suprir a ausência de profissionais frente à crescente demanda para aquisição massiva de dados em campo, além de servir como laboratório para desenvolvimento de tecnologia nacional, adaptada às condições da agricultura tropical.
Sensor Ótico de Índice Vegetativo
Com um sensor remoto de cultura, chamado Sensor Ótico de Índice Vegetativo, que permite visualizar a cor da planta, será possível saber se ela está com deficiência, ou não, de nutrientes. Muitas vezes, a cor é um indicativo de que a planta está ou não deficiente. Com essas leituras, são elaborados mapas para identificar áreas com estresse – como deficiências nutricionais e incidências de danos de pragas e doenças em diversos estágios vegetativos das culturas. Esses sensores ainda apresentam a possibilidade de interação com implementos agrícolas para a aplicação de fertilizantes nitrogenados, em taxa variada, corrigindo as deficiências em tempo real.
Sensor de condutividade elétrica do solo
Uma das maiores dificuldades em agricultura de precisão é a amostragem e gestão de um determinado fenômeno, sem conhecimento prévio das zonas de manejo (áreas com características homogêneas ou iguais) da propriedade. Em áreas pequenas, o número de amostras é também pequeno e fácil de coletar, mas, quando se trata de grandes áreas, a dificuldade aumenta, tanto em tempo como em custo. Neste contexto, a Medida da Condutividade Elétrica do Solo está se tornando uma importante ferramenta para uma prévia avaliação da área a ser estudada, facilitando as definições das áreas de manejo.
O mapeamento é realizado para avaliar a composição global do solo e baseia-se no estudo da variação da condutividade. A técnica verifica a facilidade ou dificuldade que a região-alvo oferece à passagem de um determinado valor de corrente elétrica. O equipamento funciona de modo automático, tracionado por veículo, adaptado a diferentes implementos e manualmente.
OTC – Estufas de topo aberto
Em busca de soluções para administrar o aumento da concentração de dióxido de carbono atmosférico, as conseqüências sobre crescimento mais rápido da planta e, principalmente, a proliferação de pragas e insetos, é possível simular essa situação em diferentes culturas. As OTCs (open-top chambers) são Estufas de Topo Aberto, adequadas para estudos com aumento do teor de CO2 devido à possibilidade de conduzir ensaios em todos os estágios de desenvolvimento de plantas, com menor interferência de artefatos, exceto o plástico, que altera parte da radiação solar e um pequeno aumento da temperatura, que pode ser solucionado com instalação de sistema de refrigeração. Além disso, a condução destes experimentos permite a obtenção de respostas ao gás em condições naturais que incluem as flutuações diárias e sazonais do clima.
A Embrapa Instrumentação, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna – SP), dentro das ações do projeto “Impacto das Mudanças Climáticas Globais Sobre Problemas Fitossanitários” ou Climapest, tem diversos experimentos com OTCs instalados: Belém (PA), Petrolina (PE), Sete Lagoas (MG), Londrina (PR), Jaguariúna (SP) e Vacaria (RS). Estudos com espécies florestais, maçã, pêssego, soja, uva, milho, algodão, forrageiras, mandioca e banana estão sendo conduzidos nas OTCs.
Turgormeter
O Turgormeter é um sistema que utiliza um sensor para determinar o estado de hidratação de caules, frutas e hortaliças volumosas. Permite ampliar a utilização dessa medida – chamada de pressão de turgescência – nas áreas de pós-colheita, ecofisiologia e irrigação.
Apresentado pela primeira vez na Agrishow, o Turgormeter possui as seguintes aplicações:
- em laboratório – para avaliação da qualidade, mediante leituras da firmeza dependente da hidratação e do amadurecimento de frutas e hortaliças;
- no campo – para leituras da pressão de turgescência celular, em estudos de ecofisiologia;
- na irrigação – para manejo em acionamento automático em resposta ao estado de hidratação da planta.
A rapidez e praticidade do sistema são seus maiores diferenciais. Além disso, possibilitará a primeira automatização da irrigação diretamente controlada pelo estado hídrico da planta. A Embrapa Instrumentação já promoveu uma rodada de negócios em novembro de 2012 e, em abril, deverá fazer o licenciamento para que a tecnologia chegue ao mercado.
Agricultura Familiar
A Embrapa Instrumentação vai demonstrar, ainda, soluções para o Saneamento Básico Rural. O sistema de Fossa Séptica Biodigestora, que inclui o Clorador Embrapa, será apresentado em tamanho real na área dinâmica. Para isso, serão utilizadas caixas de fibrocimento em tamanho real, tubos e conexões, além da distribuição de folderes da tecnologia.
A Fossa Séptica Biodigestora é um sistema barato e de fácil instalação, que transforma o esgoto humano, canalizado direto do vaso sanitário, em adubo orgânico, pelo processo de biodigestão.
Essa tecnologia vem sendo difundida pela Embrapa há uma década e já tem milhares de unidades instaladas nas cinco regiões do Brasil. Dessas, 5.638 unidades contaram com apoio de duas instituições, a Fundação Banco do Brasil (2.873 unidades) e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (2.765 unidades).
O Clorador Embrapa complementa o processo, garantindo qualidade de água aos consumidores. O aparelho, acoplado ao reservatório, clora a água, eliminando o risco de contrair uma série de doenças.
Agrishow em números
A organização da Agrishow 2013 está otimista com a feira, que completa duas décadas. Essa perspectiva pode ser traduzida pelos seguintes números:
- 790 expositores
- Presença de 130 novas empresas nacionais e 25 novas empresas estrangeiras;
- 440 mil m² de área (crescimento de 19% das áreas de estandes);
- 76% dos visitantes participam do processo de compras: agricultores, pecuaristas, agroindustriais, estudantes, industriais e empresários do setor;
- R$ 2,150 bi em negócios realizados e 152.836 mil visitantes de 18 países durante a feira, em 2012.