Padrão de qualidade alcançado na região Serrana do Rio de Janeiro proporciona “Marca Coletiva” concedida pelo INPI, para Amorango
Nova Friburgo é a única região produtora de morango do Estado do Rio de Janeiro. A área cultivada com a fruta está na terceira geração familiar e corresponde hoje a nove hectares, o equivalente a nove campos de futebol.
O padrão de qualidade alcançado permitiu a competitividade com grandes estados produtores no Brasil e, também, que a marca coletiva Amorango (Associação dos Agricultores Familiares Produtores de Morango de Nova Friburgo) ganhasse, em abril deste ano, o registro no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual).
A marca coletiva vale por 10 anos e pode ser prorrogada indefinidamente, desde que sejam cumpridas as regras de uso. É diferente da Indicação Geográfica (IG), que possui requisitos específicos e não tem prazo de validade. O slogan da marca — “Cultivados com amor” — resume bem a evolução da Amorango, que reúne hoje 18 famílias de produtores.
Em 2007, ao sentir que precisavam melhorar a comercialização e tornar sua produção mais eficiente e com menos impacto para o meio ambiente, buscaram a orientação do Sebrae/RJ.
Marca reconhecida
Desenvolver uma marca forte e reconhecida pelo mercado comprador e consumidor já era um objetivo previsto durante o planejamento estratégico da associação, elaborado em 2008 pelo Sebrae/RJ em conjunto com os associados.
De lá para cá, muito foi feito por meio de um processo estruturado de reflexão, com a visão de futuro do grupo. O início do processo caracterizou-se por ações de organização, realização de encontros técnicos anuais (com palestras sobre manejo integrado de pragas, nutrição, monitoramento do sistema de irrigação, ambiental e pós-colheita) e, finalmente, pela visita de uma missão técnica ao Paraná para conhecer grandes fazendas produtoras a fim de adquirir conhecimento de outras práticas de cultivo e acompanhamento das exigências processuais do INPI.
Colhendo resultados positivos
Os esforços dos produtores e entidades, como Sebrae/RJ, Prefeitura de Nova Friburgo, Embrapa e empresas privadas que atuam no segmento de mudas e insumos, geraram resultados significativos. No ano passado, a Amorango produziu 250 toneladas, um aumento de mais de 315% comparado a 2009.
O acréscimo da área plantada foi relativamente pequeno — de seis para nove hectares —, mas a produção tornou-se contínua, sem entressafras e nem perdas.
Houve um investimento grande em mudas de procedência, tecnologia de irrigação e manejo biológico de pragas. As mudas são fertilizadas na Califórnia e trazidas para viveiros no Chile, sendo, então, distribuídas nos Estados brasileiros por representantes.
Por meio de um convênio entre o Sebrae e a Associação Brasileira de Embalagem (Abre), que subsidiou 70% do valor da consultoria, uma empresa de design desenvolveu uma caixa para transporte, com uma ilustração que expõe a delicadeza do morango, proporciona um contraste com a fruta e reforça a mensagem de um produto diferenciado. Foi realizada, inclusive, pesquisa de campo no ceagesp, em São Paulo, para testar o produto.
Demanda crescente
Todas essas ações possibilitaram aumento na demanda local e de outras regiões, que exigem e pagam um valor maior pelo sabor doce da fruta cultivada pela Amorango. A fruticultura in natura é um dos setores que movimentam a economia brasileira e muda a realidade de micro e pequenos produtores.
Acompanhar o grupo desde o início das atividades, em 2007, e verificar os excepcionais resultados alcançados reforça a importância de um planejamento focado em metas e comprometimento com procedência, qualidade e, principalmente, o reconhecimento do consumidor.
Toda a cadeia de produção obteve orientações e soluções do Sebrae/RJ e, ao longo desses últimos seis anos, a Amorango prosperou, fidelizou sua comercialização e consolidou sua marca. E o grupo quer mais: o objetivo é obter a certificação PIMo (Produção integrada do morango), por meio do ministério da agricultura e da Embrapa, para validar a origem de produção.