Plasticultura ao alcance das mãos, facilitando o plantio e o manejo, e mudas produzidas pelos próprios produtores, viabilizando a antecipação do plantio e da colheita, são alternativas tecnológicas para a produção de morango no Rio Grande do Sul
Um novo sistema para o cultivo de morangos orgânicos em plásticos, desenvolvido pela Emater/RS-Ascar, vem proporcionando melhor qualidade de vida aos produtores, uma vez que os substratos e as mudas acomodadas em saco plástico são colocados em estruturas com altura que facilita o manejo.
Segundo o engenheiro agrônomo e extensionista Leandro Seger, uma das justificativas para a adoção do sistema é a possibilidade de elevar os sacos plásticos a uma altura em que o agricultor não precisa mais se abaixar, reduzindo a penosidade do trabalho. “Isso também gera interesse de outros integrantes da família em auxiliar na atividade”, destaca.
Outro benefício do sistema está relacionado à sanidade da planta. “A cultura do morango geralmente é suscetível a doenças. Quando identificado o problema nas mudas, pode-se manejar especificamente o saco daquela planta”, explica o extensionista, acrescentando que, de todo modo, é aconselhável proteger a cultura com estufa ou telado.
Sistema de irrigação
Para atender às necessidades da planta, é sugerido o sistema de irrigação por gotejamento e fertirrigação. Na mesma estrutura em que é conduzida a água, pode ser utilizado um fertilizante líquido à base de esterco de galinha. “A proposta é potencializar o aproveitamento dos fertilizantes e, ao mesmo tempo, suprir a demanda de água da planta. O cultivo orgânico já apresenta produção de um quilo de morango por pé, com baixo custo”, enfatiza Seger.
Nova técnica reduz até 80% aplicação de agroquímicos
Os produtores de morango iniciaram, em abril, o plantio da nova safra no Rio Grande do Sul. Conforme informações do engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Ângelo Todeschini, a implantação das primeiras áreas tem-se dado por meio de mudas produzidas em estufas pelos próprios moranguicultores.
“É uma técnica que permite antecipar o plantio e a colheita, além de garantir a qualidade da muda e otimizar o custo”, afirma Todeschini.
Os bons resultados obtidos na safra passada, tanto em termos econômicos, quanto produtivos, especialmente em ambientes protegidos e nos cultivos em substrato, têm estimulado os produtores a investirem na cultura, sendo grande a procura por mudas importadas, normalmente provenientes do Chile e da Argentina.
Mudas cultivadas
Levantamento realizado pela Emater/RS-Ascar indica que o Rio Grande do Sul possui uma área de 540 hectares cultivados com morangueiro, resultando em uma produção de 18,4 mil toneladas. Ao todo, são 1.255 produtores envolvidos na atividade, que, nesta safra, deverá ter um acréscimo de 10% no número de mudas cultivadas.
“Na fruticultura, diferentemente dos grãos e olerícolas, a área de cultivo oscila de forma menos intensa de um ano para outro”, diz Todeschini.
A cada ano tem aumentado o número de produtores que investem no sistema de cultivo em substrato, conduzido em ambiente protegido. Nessa técnica, as mudas são plantadas em sacolas plásticas cheias de substrato, especialmente formulado para a espécie, dispostas sobre bancadas elevadas a uma altura de 80cm em relação ao solo.
Três vezes mais mudas
Todeschini explica que no plantio em substrato é possível utilizar três vezes mais mudas por área do que no cultivo tradicional, havendo, por consequência, incremento no rendimento. “Em 250 m² podem ser cultivados 3.400 mudas. A produtividade pode chegar a até um quilo por planta, contra cerca de 350 gramas do cultivo realizado no solo”, destaca. E, como se reduz em até 80% a aplicação de agroquímicos, o produtor fica menos exposto a esses produtos, explica o agrônomo, destacando também a oferta de uma fruta mais saudável ao consumidor.
No município de Bom Princípio, tradicional produtor de morango no Estado, a maioria dos 56 produtores da Associação Bom Morango aderiu ao sistema de plantio em substrato, segundo o técnico agrícola Juliano Galina. “O cultivo em substrato permite que se produza nos 12 meses do ano. Com isso, o agricultor consegue colocar seu produto no mercado em períodos de entressafra, aumentando os ganhos”, frisa. Ao contrário do sistema convencional, em que se utiliza adubação química, esse cultivo usa uma solução nutritiva orgânica, explica Galina.