O manejo da adubação em áreas de integração lavoura-pecuária (ILP) pode melhorar a qualidade das pastagens e garantir boa produtividade de milho, segundo demonstrou experimento realizado na Embrapa Milho e Sorgo.
A pesquisa foi feita com avaliação de consórcio da cultura do milho com capim braquiária para forragem. Essa tecnologia de ILP é a que desperta maior interesse entre produtores, conforme explica o pesquisador Ramon Alvarenga. Isso porque é possível produzir grãos ou silagem de milho e, depois da colheita, tem-se uma pastagem que, em pouco tempo (aproximadamente 30 dias), estará disponível para uso.
Um dos fatores que comprometem o rendimento e a qualidade da produção do milho nesse tipo de consórcio é a competição do capim nos primeiros 50 dias após o plantio. “Essa questão estará resolvida com a aplicação de subdose de herbicida pós-emergente seletivo ao milho”, orienta o pesquisador. Entretanto, há outros aspectos que precisam ser solucionados. Um deles é a necessidade de dar condições mais favoráveis para que o capim da entrelinha cresça numa taxa semelhante ao capim da linha do milho que recebe adubo.
“Observa-se que depois da colheita da lavoura de milho o capim da linha, que cresce numa situação mais favorável devido aos fertilizantes residuais, tende a abafar o da entrelinha, mesmo sob pastejo controlado. O pasto fica com falhas e produz menos, as touceiras de capim ficam maiores e causam transtornos quando a nova lavoura for semeada na área”, explica Ramon Alvarenga.
Solução do problema
Para tentar solucionar esse problema, foi conduzido o experimento que testou diferentes estratégias de adubação. Buscou-se avaliar como manter a produtividade do milho e melhorar a pastagem, com melhor nutrição do capim da entrelinha.
Foram analisados nove tratamentos, sendo quatro em consórcio de milho com braquiária na linha e braquiária na entrelinha, quatro tratamentos com milho solteiro e um com braquiária solteira.
Foi observado que o tratamento em que 100% da adubação de plantio é colocada na linha do milho (sistema convencional) não resultou em ganhos de produtividade do cereal e afetou negativamente o capim braquiária da entrelinha.
A fertilização de maior volume de solo, com a adubação tanto na linha do milho como também em linhas laterais, não comprometeu a produtividade do cereal. “Possivelmente, os nutrientes dos adubos puderam ser absorvidos por maior volume de raízes que cresceram em condições de menor concentração salina, devido à melhor distribuição do fertilizante no solo”, explica Ramon.
Resultados
Os resultados demonstraram que o crescimento das plantas de milho não foi afetado significativamente pela braquiária, mesmo quando não houve uso de herbicida. Ou seja, a pressão de competição exercida pelo milho no consórcio, por si só, já afeta a braquiária que assim tem diminuída a sua capacidade de competição.
Por outro lado, a braquiária cresceu menos no consórcio, principalmente as plantas na linha do milho. Esses dados são de grande importância por demonstrar que a tecnologia usada é compatível com os objetivos da não interferência da forrageira no crescimento da lavoura e de formação de pastagem em seguida à colheita do milho, conforme propõe a ILP.
O pesquisador Ramon Alvarenga conclui que os resultados do experimento permitem recomendar, para solo já recuperado quimicamente, a adubação de plantio do consórcio de milho com braquiária distribuída, na proporção de 33-34-33% ou de 25-50-25%, em sulcos de plantio do milho com braquiária e laterais somente com braquiária para sistemas de integração lavoura-pecuária.