Os cordeiros recém-nascidos necessitam de alguns cuidados simples e baratos, que podem lhes garantir a sobrevivência. Algumas recomendações foram descritas pela Embrapa Pecuária Sul com o intuito de facilitar o manejo dos cordeirinhos. Por exemplo, para a captura do filhote pode ser utilizado um gancho de pastor, que facilita as atividades necessárias. No caso dos cordeiros saudáveis, o primeiro cuidado após o nascimento é desinfetar o umbigo com uma solução de iodo a 2%, para reduzir as infecções bacterianas. Depois é importante identificar individualmente cada animal.
Uma prática simples é o uso de um colar de elástico com brinco numerado que, posteriormente, será colocado de forma definitiva na orelha de cada cordeiro no momento da assinalação.
O produtor precisa neste momento também anotar numa caderneta o peso do cordeiro e a identificação de sua mãe. Caso o número da ovelha não esteja visível, deve-se soltar o cordeiro e deixar para anotar na caderneta o número da mãe em outra oportunidade.
Fracos e pequenos
No caso de cordeiros fracos e pequenos em relação aos outros, é necessário uma intervenção maior, principalmente se o recém-nascido não estiver mamando ou parecer encolhido (encarangado), que são indícios de cordeiros hipotérmicos. Primeiro, é necessário verificar se o cordeiro suporta o peso da cabeça para poder engolir.
Em caso positivo, deve ser alimentado com sonda estomacal, realizada com uma seringa com 60 ml de colostro, de preferência da própria mãe, retirado na hora.
Como precaução, é possível ordenhar as primeiras ovelhas paridas e guardar o colostro congelado em porções individuais (não mais de 100 ml) em frasco de tampa rosca ou saco plástico, para usar quando necessário.
Se for preciso, utilizar colostro que tenha sido congelado, descongelando-o em banho-maria e misturando de vez em quando até que fique morno, para, então, dar para o cordeiro. Pode-se utilizar uma sonda retal, número 20, de uso humano e seringa plástica descartável de 60 ml com ponta tipo “luer-lock”.
É necessário que o operador esteja em pé, com o cordeiro no colo, em posição confortável aos dois para introduzir a sonda lentamente na boca do animal, dando tempo para que o cordeiro a engula.
A sonda deve ser introduzida até chegar ao estômago, estando pelo menos 20 cm para dentro do cordeiro. Após colocar a sonda, pressionar o vazio do cordeiro e escutar se não sai ar pela sonda, desta forma, garante-se que ela esteja no estômago e não no pulmão, antes de injetar o colostro. Depois de confirmado que a sonda está no estômago, conectar a seringa com o colostro, injetar o conteúdo da seringa lentamente até o final e retirar a sonda com a seringa ainda conectada.
Depois de usadas, a seringa e a sonda precisam ser lavadas com água e sabão e escaldadas com água quente. Depois de secas, guardar dentro de um saco plástico, num local limpo para novo uso quando necessário. A sonda pode ser usada várias vezes desde que não tenha sido mastigada pelo cordeiro no momento da colocação.
Colostro
É importante que o cordeiro receba colostro até 6 horas após seu nascimento para receber a imunidade da sua mãe e energia suficiente para manter sua temperatura, permitindo, assim, que o cordeiro siga a mãe que continua amamentando (colostro possui quase quatro vezes o conteúdo de sólidos quando comparado com o leite). À medida que o tempo passa após o nascimento, o cordeiro aproveita menos a proteção imunológica que vem do colostro, e a secreção da glândula mamária da mãe é menos rica em sólidos totais. Por isso, é muito importante identificar os cordeiros que não estão logo após seu nascimento. Para isso, é imprescindível fazer, pelo menos, duas recorridas cuidadosas por dia para identificar o cordeiro que não está mamando. É fundamental atender o cordeiro antes que fique encarangado, já que depois dele ficar frio é mais difícil de salvar o pequeno animal.
Aleitamento
Após o atendimento, caso o cordeiro não possa ser retornado de imediato à mãe, ele deve ser aleitado com 120 ml/kg/dia, distribuídos em pelo menos 3 vezes ao dia, em intervalos regulares (exemplo: 7, 15 e 23 horas). Em recém-nascidos deve-se dar ênfase na prevenção da hipotermia, pois cordeiros mais velhos e que já apresentem hipotermia, necessitam de aplicação de glicose intraperitoneal antes de serem aquecidos e receber alimentação por sonda estomacal.