Novas armas de controle biológico contra a lagarta, que já causou enorme prejuízo aos produtores brasileiros, chegam ao mercado este ano
Um exército composto de vírus, parasitóides e feromônios está entre as novidades disponíveis ao produtor para combater a lagarta Helicoverpa armigera. é o caso do parasitóide Trichogramma pretiosum, vespa e inimigo natural, capaz de atacar mariposas e ovos da praga que vem tirando o sono e a renda dos sojicultores, desde a safra passada.
Distribuídos no Brasil pela BUG Agentes biológicos, 45 bilhões de Trichogrammas estão indo para o campo de batalha apenas nesta safra de soja (2013/2014), em cerca de 150 mil hectares. Para chegar a esse número, foi feito um cálculo a partir da recomendação de liberação de 100 mil vespas por hectare em cada liberação. O ideal é fazer três liberações de vespas no período vegetativo e duas na fase reprodutiva da soja, na proporção de 40% e 60%, respectivamente.
Menos inseticida e mais sustentabilidade
Estima-se que atualmente 16 países estão criando em massa quase 20 espécies de Trichogramma para liberações em 18 milhões de hectares. Estas vespas pertencem ao grupo de insetos entomófagos mais usado em diversas nações para o controle biológico. Elas atuam parasitando os ovos das principais pragas que atacam culturas como soja, algodão, milho e feijão. Além de mais eficiente e econômico (R$ 35 por liberação) — no mínimo 40% mais barato que o inseticida —, o controle biológico da Helicoverpa armigera com o parasitóide evita a contaminação decorrente dos inseticidas no solo, nos cursos d’água, e em quem aplica o produto.
Diogo Carvalho, diretor executivo da BU G, conta que em cinco anos de análise dos resultados de campo, houve casos de redução de mais de 50% do uso de inseticida e até de suspensão total do uso do controle químico, como no município de Eduardo Magalhães, na Bahia. “Em lavouras de feijão irrigado a eficiência chega a 85%”, diz ele, que, nesta safra, está colhendo os resultados do controle biológico nas lavouras de soja.
E quem pensa que a introdução do parasitóide pode provocar um desequilíbrio ambiental está enganado, pois a vespa só se multiplica se houver a praga, ou seja, como é um parasitóide, depende da praga para se reproduzir; só sobrevive se houver ovos para parasitar. Assim, o fim da praga é também o fim do parasitóide. “Quanto mais o produtor usar, maior será o controle porque haverá mais chance de o parasitóide se instalar nas lavouras. Dessa forma, também estaremos manejando a resistência do inseto ao inseticida”, finaliza Diogo Carvalho.
Helicoverpa vira história em quadrinhos
“FMC em identificando o inimigo”. Com esse título, uma das principais empresas no segmento de defensivos agrícolas do país, a FMC Agricultural Solutions, criou uma história em quadrinhos, para contar o passo a passo de como fazer a identificação da lagarta e o manejo de outra nova solução tecnológica no combate à Helicoverpa: o feromônio Plato.
Com cadastro obtido nos estados da Bahia, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Maranhão, o feronômio faz parte de uma armadilha, desenvolvida pela FMC, que atrai a mariposa da lagarta, já na fase adulta, o que permite ao agricultor a identificação e monitoramento da praga nas lavouras.
“Os produtores vêm sofrendo em determinar se essa lagarta está presente em sua lavoura e correm o risco de adotar medidas de controle não eficientes”, explica Adriano Roland, gerente de produtos inseticidas da FMC.
“Com o feromônio Plato para Helicoverpa armigera, além de auxiliar na identificação da praga, o produtor poderá definir o melhor o manejo a ser adotado, conseguindo uma melhor proteção da sua lavoura, melhorando sua produtividade e rentabilidade. O produtor vai saber com quem ele está lutando”, acrescenta Roland.
Aprovação de emergência
Neste campo de batalha, o Diplomata, nome popular para nucleopolyhedrovirus Helicoverpa armigera (HearNPV), é mais uma das novidades que chegam ao mercado. Fabricado na Suíça, o vírus, com distribuição exclusiva da Koppert, obteve, no final do ano passado, a aprovação de emergência no Brasil para combate à lagarta Helicoverpa. A aprovação do Ministério da Agricultura para uso do produto é válida por dois anos.
O Diplomata pertencente à família do baculovírus. Os baculovírus são seguros e não causam riscos à saúde humana, além de não originarem sintomas fitóxicos nas plantas após a aplicação.
Ele será utilizado no país não só para o controle da Helicoverpa armigera, como também de outras espécies da lagarta que atingem as lavouras de milho espiga (Helicoverpa zea) e fumo (Helicoverpa virescens).
Curiosidade
A utilização do trichogramma é, no mínimo, 40% mais barata que o inseticida convencional.