Instituto Agronômico (IAC) chega a cultivar de número mil com o lançamento do feijão IAC Milênio
O Instituto Agronômico (IAC ), de Campinas, chegou a cultivar mil no mês de junho com o lançamento da cultivar de feijão carioca IAC Milênio, uma das 90 espécies estudadas no IAC . O resultado marcante na ciência agrícola coincide com os 126 anos do IAC , fundado em 1887. Ainda em 2013, o Instituto lançará cultivares de cana-de-açúcar, amendoim, citros, arroz e quiabo.
“De 2013 a 2022, 175 novas cultivares devem ser registradas, uma média de 18 por ano, ou uma nova cultivar a cada 21 dias”, diz Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor-geral do IAC , da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Carioca
Na década de 70, o IAC desenvolveu o tipo de feijão carioca, o mais consumido no Brasil até hoje. De lá para cá, 42 cultivares de feijoeiro foram desenvolvidas e aperfeiçoadas pois este é o objetivo do melhoramento genético de plantas, carro-chefe do Instituto Agronômico. “Esta continuidade mostra que o Instituto Agronômico segue produzindo ciência agrícola com elevada competência, com resultados que atravessam décadas e a mesma credibilidade junto aos setores de produção”, avalia Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor-geral do IAC , da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
A permanência da adoção das tecnologias IAC é fruto dos benefícios gerados junto às diversas cadeias do agronegócio. De acordo com Carbonell, a ciência agrícola contribuiu para o feijoeiro se tornar um negócio, deixando de ser cultura de subsistência. “Estamos na nona geração do feijão carioca, já resolvemos problemas fitossanitários e agora focamos na qualidade nutricional do produto”, diz o diretor do IAC.
Diferencial
O diferencial da cultivar IAC Milênio não está restrito a uma característica, mas ao pacote tecnológico composto por qualidade de grão de alto padrão no mercado, com caldo espesso e bom rendimento de panela, alta produtividade, porte ereto que viabiliza colheita mecanizada, resistência à antracnose e à murcha de Fusarium. A antracnose é uma doença que danifica folhas e vagens, depreciando o produto. A murcha de Fusarium, principal doença da raiz, leva a planta à morte.
“A resistência a essas doenças reduz em cerca de 30% a aplicação de agrotóxicos. Hoje o agricultor tem alto custo para controle da antracnose”, explica o pesquisador Alisson Fernando Chiorato. No Brasil, o melhor trabalho envolvendo esta doença é do IAC . Ele afirma que o custo total de produção do feijoeiro varia de R$ 2 mil a R$ 6 mil, por hectare, sendo que grande parte desse montante envolve produtos químicos de prevenção e controle de pragas e doenças.
A qualidade do grão de alto padrão do IAC Milênio é a mesma do IAC Alvorada, lançado em 2008, que apresenta grãos claros e inteiros após o cozimento, com tamanho e formato almejados pela indústria, além de caldo encorpado apreciado pelo consumidor. Entretanto, o IAC Alvorada é suscetível à murcha de Fusarium e, por esta razão, hoje é produzido em áreas novas do feijoeiro, onde não há infestação da doença e em propriedades com alta tecnologia. Chiorato afirma que o IAC Alvorada seria um dos feijões mais plantados no Brasil, não fosse a suscetibilidade à doença.
Aval dos produtores
A avaliação do pesquisador é confirmada pela opinião de usuários da tecnologia IAC.
“Plantei por dois anos a IAC Alvorada, mas parei porque ela era muito sensível a doenças. O Alvorada é um feijão com grãos de qualidade e produtividade excelentes. Até hoje foi o feijão com maior produtividade na minha propriedade. Se não fosse a sensibilidade das raízes à doença, eu continuaria plantando. No ano passado, plantei o IAC Formoso porque ele é mais resistente a doenças”, diz Mariana Figueiredo Bergamo Salvador, que cultiva 443 hectares de feijão irrigado em Avaré, interior paulista.
O pesquisador explica que o IAC Milênio vem do melhoramento do IAC Alvorada, com a mesma qualidade do grão e a vantagem de ser resistente à murcha de Fusarium. É exatamente o perfil desejado pela agricultora Mariana Bergamo.
“Se tivesse semente de um feijão parecido com o Alvorada, mas resistente a doenças, eu plantaria com certeza”, diz.
Esta soma de qualidades atribui ao IAC Milênio potencial para ser uma das cultivares mais plantadas no Brasil. “Atualmente, cerca de 20% do mercado nacional de feijão são ocupados por materiais do Instituto Agronômico. Na região de Goiás, na safra 2012/2013, foram produzidos 530 mil quilos de sementes da cultivar IAC Formoso, lançado em 2010”, afirma o pesquisador. Segundo Chiorato, é uma presença bastante elevada, considerando a alta tecnologia envolvida nas instituições públicas brasileiras dedicadas ao melhoramento do feijoeiro.
Produtividade
A cultivar IAC Milênio tem produtividade média de 2.831 kg/hectare, que é semelhante a outros materiais do mercado, e potencial produtivo de 4.625 kg/hectare. “São Paulo tem a maior produtividade média por área no Brasil, em torno de 1.800 quilos por hectare, que ainda é considerado baixo, frente ao potencial produtivo da cultura, que fica acima de 4.000 quilos por hectare”, explica Chiorato.
O IAC Milênio é recomendado para a época das águas (colheita feita de novembro até meados de janeiro) e da seca (colheita em março e abril) nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Em 2014, a recomendação será estendida para Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio de Janeiro. “Chegar a cultivar mil com um material de feijão, adaptado a várias regiões, é muito significativo para o Instituto por se tratar de um alimento muito presente na dieta do brasileiro, além de ser um grão carioca, o mais consumido no Brasil e que foi gerado pelo Instituto Agronômico de Campinas”, comemora Carbonell.