Resultado recorde retrata profissionalismo do setor e qualidade dos produtos
As cooperativas brasileiras registraram um novo recorde em exportações. Nos primeiros dez meses de 2011, o setor contabilizou crescimento de 34,6% em relação ao mesmo período de 2010, alcançando US$ 4,4 bilhões em vendas ao exterior. Para o intervalo avaliado, esse foi o melhor resultado registrado desde 2005. Os dados fazem parte de um estudo elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O resultado positivo se repetiu no saldo da balança comercial do segmento, que fechou em US$ 4,9 bilhões nos primeiros dez meses do ano, outro recorde, superando em 34,7% o de 2010, quando atingiu US$ 3,6 bilhões.
Para o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas, os indicadores comprovam que o movimento cooperativista está respondendo às exigências de mercado com produtos e serviços de qualidade. “O profissionalismo marca a gestão das cooperativas brasileiras e isso reflete nos resultados alcançados. Por isso, trabalhamos com um cenário positivo e a indicação é de que chegaremos a praticamente US$ 6 bilhões no final de 2011”, disse.
Produtos
No grupo de produtos exportados pelas cooperativas, continua em primeiro lugar o complexo sucroalcooleiro, com US$ 1,9 bilhão, respondendo por 37,2% do total. Em seguida, aparece o complexo soja, com US$ 1,1 bilhão e 22,4%. Café em grão fechou o período com US$ 623,7 milhões, representando 12,1% das vendas. A carne de frango também está entre os principais itens, registrando US$ 461,2 milhões e correspondendo a 9%. Vale citar ainda o trigo, com US$ 241,5 milhões e 4,7% das exportações.
A permanência do complexo sucroalcooleiro na liderança pode ser explicada, de acordo com o gerente de Ramos e Mercados da OCB, Gregory Honczar, pelos mesmos condicionantes já observados no passado, principalmente pela forte demanda do etanol brasileiro aliada aos bons preços.
Mercados
A China se mantém como o principal mercado de destino dos produtos cooperativistas. De janeiro a outubro, os chineses compraram US$ 661 milhões. O valor corresponde a 12,9% das exportações do segmento. Os Emirados Árabes ocuparam a segunda colocação, com US$ 497,2 milhões e 9,7%. Na sequência, estão Estados Unidos (US$ 483,5 milhões; 9,4%), Alemanha (US$ 384,9 milhões; 7,5%) Holanda (US$ 265,1 milhões; 5,2%) e Japão (US$ 243,5 milhões; 4,7%).
Estados exportadores
Na relação dos estados exportadores, São Paulo, mais uma vez, registrou o maior valor, com US$ 1,7 bilhão, representando 33,4% dos negócios do setor. O Paraná, por sua vez, fechou com US$ 1,6 bilhão e 33% do total. Na terceira colocação, está Minas Gerais (US$ 666,8 milhões; 13%), seguido do Rio Grande do Sul (US$ 331,4 milhões; 6,5%) e Santa Catarina (US$ 248,9 milhões; 4,8%).
Importações
Também houve expansão de 33,8% nas compras externas efetuadas por cooperativas de janeiro a agosto deste ano, se comparadas ao mesmo período do ano passado, passando de US$ 165,6 milhões para US$ 221,6 milhões. Sob a ótica das importações, a participação na pauta é 0,3%. Entre os principais produtos importados pelas cooperativas nos primeiros oito meses de 2011, destacam-se os seguintes: cloretos de potássio (com compras de US$ 39,5 milhões, representando 17,8% do total importado pelas cooperativas); cevada cervejeira (US$ 23,8 milhões, 10,7%); malte não torrado (US$ 17,7 milhões, 8,0%); e diidrogeno-ortofosfato de amônio (US$ 17,2 milhões, 7,7%).
Gabriela Afonso Prado – OCB
Cooperativas mostram força no campo com exemplo de boas práticas
Fomentar boas práticas agrícolas é fundamental para pautar um futuro de sucesso no Brasil, reconhecido internacionalmente pelo seu potencial para ser o celeiro do mundo. Algumas cooperativas brasileiras já aderiram à ideia e demonstram engajamento à causa, apresentando resultados sensíveis na valorização da educação e sustentabilidade no campo.
No ano passado, dezenas de projetos realizados por produtores e associados conscientes atingiram milhares de pessoas em seus diversos grupos, irradiando oportunidades e conscientização à população rural e urbana de diversas faixas etárias.
Iniciativas
São iniciativas assim que tornam possível ao Brasil ser uma potência em alimentos e energia limpa. “Ao difundir os hábitos sustentáveis, é possível instituir uma nova mentalidade voltada à adoção de boas práticas e diminuir de maneira significativa os danos à saúde, ambiente e qualidade de vida dos profissionais envolvidos, bem como minimizar os impactos ao meio ambiente”, afirma José Annes Marinho, gerente de educação da ANDEF (Associação Nacional de defesa Vegetal), complementando que diversas iniciativas produtivas e eficazes foram apresentadas à entidade esse ano, ao longo do XIV Prêmio Andef – que destaca atividades de responsabilidade social e ambiental.
Projeto
Um dos projetos que chamou a atenção foi a iniciativa da Cooperativa Cooxupé, que em 2010 realizou 231 eventos educacionais, envolvendo mais de 26,5 mil participantes em debates e palestras sobre o uso correto e seguro de defensivos agrícolas.
Tal conscientização já surtiu efeitos. Com os eventos, as vendas dos equipamentos de proteção individuai (EPIs) aumentou em 28% nas lojas Cooxupé. Além das palestras e treinamentos, foram atendidas outras 64 mil pessoas em outros projetos realizados pela cooperativa, que alcançou desde propriedades rurais até comunidades inteiras.
Já a Coplana (cooperativa dos Plantadores de Cana da Zona de Guariba) foi pioneira na implementação de uma Central de Recebimentos de Embalagens de Defensivos. A unidade, coordenada pela Divisão Agrícola, completou16 anos de trabalho em prol da preservação ambiental e da saúde da população rural. Com sua estrutura recém modernizada e ampliada, a Central teve capacidade de processamento aumentada de 20 para 90 toneladas mensais.
Resultados
Os resultados obtidos pela Central da Coplana são modelo no mundo, ao atingir a marca de 100% de devolução das embalagens de defensivos utilizadas por seus cooperados. Desde a implantação, a unidade já retirou do meio ambiente 3,1 mil toneladas de embalagens (o equivalente a 2,8 mil caminhões carregados). O descarte adequado começa com o trabalho do produtos ainda no campo, com a tríplice lavagem. Ao chegar à Coplana, as embalagens são inspecionadas e separadas. Após prensagem e enfardamento, são levadas à indústria de reciclagem.
Outra referência no setor é a atividade desenvolvida pela Coplacana, Cooperativa dos Plantadores de Cana do estado de São Paulo, dentro do projeto Implantar, realizado pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV). Durante todo o ano de 2010, a Coplacana realizou ações itinerantes no estado de São Paulo para receber embalagens vazias. Nessas ocasiões, aproveitou para falar sobre a importância da aplicação segura de defensivos, abordando o uso de EPIs, tríplice lavagem e devolução em local correto.Resultados em eficácia e gestão foram notórios – a Coplacana ficou em terceiro lugar no programa, principalmente por causa da redução dos custos no processamentos das embalagens em 60%, um índice e tanto.
Responsabilidade social
Quando o assunto é responsabilidade social, a Cocari também se sobressai. Por meio da campanha Cocari Solidária, em atividade desde 2005, a cooperativa estimula o voluntariado, unindo forças de cooperados, familiares e colaboradores em prol da população carente. Além disso, a instituição organiza promoções para arrecadar recursos, para distribuição integral em asilos, creches e escolas. A partir de 2008, o projeto passou a incentivar o envolvimento a comunidade na preservação ambiental, distribuindo mudas de árvores produzidas por alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Mandaguari – esses alunos foram contratados pela Cocari, a fim de contribuir para a inclusão social de portadores de necessidades especiais.