A “mosca dos estábulos” pode ser vetor de hemoparasitas responsáveis por anemia e outras doenças
A “mosca dos estábulos” (Stamoxys calcitrans) preocupa os pecuaristas pelas perdas que impõe. Segundo o professor Fabiano Antonio Cadioli, da Faculdade de Medicina Veterinária, Campus de Araçatuba, a infestação dos currais, áreas de pastagem ou de confinamento do rebanho é um problema sanitário. “Há uma mudança no ambiente que favorece a reprodução do inseto”, esclarece.
A “mosca dos estábulos” coloca seus ovos, preferencialmente, em locais onde há estoque de matéria orgânica vegetal. O acúmulo de fezes de herbívoros é um foco de proliferação dessas e de outras espécies de moscas, agravado pela temperatura elevada.
Cadioli recomenda que o pecuarista mantenha limpos os espaços de manejo dos animais. Para ele, essa ação é fundamental para eliminar os criadouros, pois apenas a pulverização é pouco efetiva para combater a infestação.
Proliferação
Outros focos de proliferação do inseto são, por exemplo, os canaviais onde palha e demais restos vegetais de cana-de-açúcar são utilizados para a fertilização, muito comuns no Estado de São Paulo, por exemplo.
De acordo com o especialista, a aplicação excessiva de vinhaça, um sub-produto da cana, empregada para enriquecer o solo, também favorece a propagação das moscas. “Nesse caso, é preciso entendimento entre pecuaristas e agricultores”, adverte.
Vetor de outras doenças
Quando o ovo depositado na matéria orgânica eclode e as larvas tornam-se adultas, as moscas vão buscar seu alimento nos pastos próximos aos criadouros. A “mosca dos estábulos” é hematófaga, ou seja, pica os animais para sugar o sangue. Surtos desse inseto causam anemia nos bichos, além do incômodo e do estresse. “Por isso eles perdem peso e diminuem a produção de leite em até 60%, causando perdas financeiras”, informa o Cadioli.
O pesquisador alerta também para outras doenças disseminadas pela “mosca dos estábulos”. Esse inseto pode ser vetor de bactérias causadoras de mastite e de muitos hemiparasitas, como Anaplasma sp e Trypanosoma sp. Nos animais em cujo sangue esses hemiparasitas se hospedam, há febre, icterícia, diminuição da produção de leite, perda de peso, diarreia, abortos e anemia. “Esses parasitas consomem as reservas energéticas do animal”, explica.
“O desequilíbrio ambiental favorece o aumento da população dessas moscas hematófagas, que, em grande número, podem facilmente difundir patógenos antes inexistentes em determinada região”, alerta do pesquisador.