A agilidade na tomada de ações de controle dos surtos ajuda a evitar mortes no plantel e diminuir perdas. No inverno as doenças respiratórias nos suínos se agravam, principalmente no sul do País
As doenças respiratórias estão entre as mais prevalentes na produção de suínos e são causadas por diferentes fatores – infecciosos, ambientais, sanitários e de manejo. Estudo brasileiro realizado em 2002 aponta que 69,3% dos animais no País apresentam lesões pulmonares no momento do abate. O impacto econômico relacionado aos problemas respiratórios é bastante sério, mesmo quando os animais não apresentam sintomas, e recai sobre os produtores. Para se ter uma ideia, a pneumonia suína, por exemplo, pode provocar entre 3% e 8% de queda de desempenho no ganho de peso por animal produzido no Brasil.
E os prejuízos não param por aí: estima-se que 0,5% dos suínos abatidos no País tenham suas carcaças desviadas da linha de abate por causas respiratórias. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), foram abatidos 29.072.584 de suínos no Brasil em 2010, ou seja, mais de 145 mil animais teriam tido suas carcaças desviadas por conta das doenças respiratórias.
“O estabelecimento de um programa eficiente de prevenção e a agilidade na tomada de ações para controle dos surtos aliada à escolha de medicamentos que permitam o tratamento global do lote ajudam a evitar mortes no plantel e diminuir as perdas relacionadas aos problemas respiratórios em suínos”, explica a veterinária Djane Dallanora, doutoranda da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), consultora da equipe Integrall Soluções em Produção Animal e professora de Doenças dos Suínos na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc).
O principal agente causador e porta de entrada das doenças respiratórias em suínos é o Mycoplasma hyopneumoniae. Esse patógeno modula o sistema imune e altera os mecanismos de defesa dos pulmões, facilitando a instalação de infecções por outras bactérias. Os animais têm sinais de tosse, dispneia (dificuldade respiratória), corrimento nasal, febre, falta de apetite e perda de peso. Na fase inicial, a tosse é seca, mas os sintomas evoluem de acordo com o quadro clínico que se estabelece.“É preciso lembrar que, mesmo antes dos sinais clínicos dos problemas respiratórios aparecerem, há uma demanda de nutrientes no organismo dos suínos para produzir a resposta imune”, alerta Djane.
A especialista salienta ainda que o prejuízo das manifestações subclínicas não é fácil de ser mensurado no campo, mas existem dados de pesquisa que estimam essas perdas. “Toda vez que o animal precisa acionar o sistema imune, o desenvolvimento é prejudicado. Não deixar o suíno adoecer, impedir que o sistema imune seja minimamente ativado traz um importante benefício de ganho de peso. A metafilaxia – forma de tratamento que permite tratar os que estão doentes e prevenir as doenças nos animais sadios que tiveram contato com suínos já clinicamente doentes – é uma boa estratégia nesse sentido”, reforça.
No inverno é pior
No inverno as doenças respiratórias nos suínos se agravam, principalmente no sul do País, pois as instalações dos plantéis são mantidas fechadas. As recidivas também se mostram um desafio constante para o controle destas doenças. “Para controlar as doenças respiratórias, é preciso trabalhar o ciclo como um todo. Os leitões são colonizados ainda na maternidade, pela própria matriz, para todos os agentes respiratórios relevantes. E, se um lote tem problemas clínicos nas creches, o risco de recidiva é muito maior nas terminações. As doenças respiratórias precisam ser tratadas de maneira preventiva para se evitar que aconteçam na forma de surto. Caso contrário, os prejuízos passam a ser muito grandes”, afirma Djane.