Novo tomate, BRS Zamir é antioxidante e pode ajudar na prevenção de doenças degenerativas
Recém lançado, o novo híbrido de tomate desenvolvido pela Embrapa apresenta elevados teores do carotenoide licopeno, antioxidante tido como um dos mais eficientes na prevenção de doenças degenerativas e cardiovasculares. A cultivar BRS Zamir, do tipo cereja, atende ainda ao segmento de cozinha gourmet pelos equilibrados teores de açúcares e ácidos.
Desenvolvido pela Embrapa Hortaliças, o híbrido é representante de uma nova geração de tomates nutricionalmente enriquecidos, ao mesmo tempo em que conserva todas as principais características típicas do segmento “grape” (textura, sabor e cor).
“A demanda por tomates especiais, do tipo gourmet, tem crescido muito no Brasil. O desempenho do híbrido BRS Zamir, tanto na parte sensorial, conservação pós-colheita, como na produtividade, comprovadas em testes realizados em Goiás e São Paulo, coloca esse híbrido entre os melhores materiais genéticos em termos de desempenho agronômico”, avalia o pesquisador Leonardo Boiteux, coordenador do Programa de Melhoramento de Tomate do Centro de Pesquisa.
Vantagens Nutricionais
Com relação aos nutrientes, o BRS Zamir também apresenta vantagens, como os elevados teores do carotenóide licopeno, em torno de 114 mg/kg de peso, o que confere ao tomate maior quantidade do antioxidante tido como um dos mais eficientes na prevenção de doenças degenerativas e cardiovasculares. De acordo com o pesquisador, do ponto de vista do consumidor, esse é um aspecto importante, mas não o único.
Além da nutrição antioxidante, os frutos desse híbrido apresentam uma combinação bastante equilibrada entre os teores de açúcares e ácidos, resultando num excelente impacto sensorial/gustativo. Essas características fazem desse tomate um dos mais saborosos dentro do segmento ‘grape’.
Para os produtores rurais, essas vantagens são agregadas a outros componentes de cultivo, a exemplo da produtividade e durabilidade pós-colheita: são, em média, oito quilos por planta e duração de até 15 dias na prateleira, após ser colhido. O material, segundo o coordenador Leonardo Boiteux, possui um gene que estimula a bifurcação dos cachos e aumenta o número de frutos por penca, o que o torna extremamente atrativo para o produtor. “O BRS Zamir foi testado por grandes produtores de tomate de Goiânia e teve uma excelente aceitação”, registra.
Cultivo protegido
O cultivo protegido é preferencialmente recomendado para o novo híbrido, embora, com manejo adequado, o plantio em campo aberto não diminua as suas qualidades. O pesquisador José Mendonça, um dos integrantes da equipe de lançamento do híbrido BRS Zamir, recomenda, no entanto, que seja priorizado o cultivo na época de sequeiro, durante os meses de maio a setembro, quando costuma haver menos chuva.
Sementes
O BRS Zamir é um híbrido para consumo in natura, muito rústico, com hábito de crescimento indeterminado (para cultivo estaqueado) e excelente cobertura foliar. A colheita se inicia em torno dos 80 dias após o transplante. Os cachos são bem formados com excelente grau de bifurcação, aumentando o número de frutos por penca (45-50 frutos).
Características Agronômicas
As características dos frutos do híbrido ‘BRS Zamir’ atendem aos requisitos e demandas do segmento “grape”. Os frutos maduros são alongados (média de 10-15 gramas), coloração externa vermelha intensa e brilhante, sabor adocicado e um balanço adequado de ácidos orgânicos. Apresenta cicatriz peduncular diminuta, garantindo uma boa conversação pós-colheita (15-18 dias). Dependendo do manejo, o teor de sólidos solúveis pode atingir valores de até 11°B (graus Brix).
Manejo
Um manejo inadequado de irrigação ou colheita muito tardia dos frutos pode levar a rachadura de frutos maduros, especialmente em híbridos com altos teores de açúcares, como é o caso do BRS Zamir. A causa mais frequente do aparecimento de rachaduras são as flutuações bruscas na umidade do solo. A irrigação por gotejo, o emprego de cobertura morta, ou mulch, e a colheita dos frutos não muito maduros, apresentam efeitos positivos na redução da incidência de rachaduras.
Resistência a doenças
Embora sem dispor de nenhum gene conhecido de resistência, o híbrido BRS Zamir tem mostrado bons níveis de tolerância aos danos causados por espécies de begomovírus (= geminivírus). infecções tardias por esse grupo de patógenos causam, em geral, perdas reduzidas de vigor e produtividade. BRS Zamir apresenta resistência aos fungos Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici raça 1; F. oxysporum f. sp. lycopersici raça 2 e Verticillium dahliae raça 1.
A cultivar BSR Zamir foi desenvolvida via contrato de parceria em pesquisa e desenvolvimento agropecuário celebrado entre a Embrapa Hortaliças e a empresa Agrocinco Comércio de Produtos Agropecuários Ltda. O contrato é regido pelos termos da Lei nº 10.973, de 02 de dezembro de 2004, e pelo Decreto nº 5.563, de 11 de outubro de 2005, que dispõe sobre incentivos à inovação e garante exclusividade de comercialização das sementes pela empresa Agrocinco.
Anelise Machado – Embrapa Hortaliças
Mais resistente e de elevada qualidade
Herdeiro do San Vito, o tomate BRS Montese agrega valor com gene de resistência a tospovírus
Os dois híbridos de tomate são do tipo italiano (Saladete). Têm características em comum, como resistência múltipla a doenças e destacam-se igualmente pela qualidade dos frutos quanto ao aroma e sabor. Lançado em 2005, o híbrido San vito foi apelidado à época de “supertomate”, por sua alta produtividade e maiores teores de licopeno, aliados ao grande número de genes de tolerância a doenças que atacam o tomateiro, como pinta-bacteriana, mancha de estenfilio e as principais espécies do nematoide-das-galhas, entre outras. Já o tomate BRS Montese, lançado pelo Programa de Melhoramento Genético de Tomate da Embrapa Hortaliças entre 2012-2013, além dessas qualidades, agrega mais dois importantes valores: maiores teores de vitamina C e o gene Sw-5, que confere resistência a todas as espécies de tospovírus que ocorrem na América do Sul.
“O BRS Montese tem no seu pedigree os mesmos pais do híbrido San vito, só que com essas duas novas características que foram agregadas. Todos os demais atributos do tomate San vito foram preservados no BRS Montese”, explica o pesquisador Leonardo Boiteux, coordenador do programa. Ele acrescenta que os trabalhos de pesquisa levaram em consideração as regiões mais vulneráveis ao vírus vira-cabeça-do-tomateiro (Sul de São Paulo, Serra gaúcha, Planalto catarinense), causado por várias espécies do gênero tospovírus, entre elas, o GRSv, tido como a espécie viral mais disseminada na cultura e responsável pelos grandes prejuízos econômicos que podem trazer à cultura.
“A resposta ao plantio do BRS Montese nas três regiões tem sido bastante positiva e àqueles produtores que gostam de plantar o San vito podem agora cultivar o BRS Montese com a segurança de contar com um tomate resistente a esses patógenos”, recomenda Leonardo Boiteux, para quem o BRS Montese seria a “upgrade” do San vito. Segundo o pesquisador, por manter o cultivo a céu aberto, essas regiões são mais suscetíveis ao ataque do vírus, ao contrário de outras localidades, onde o tomate é cultivado em estufa, com sucesso.
Mais valores agregados
Juntamente com o gene que possui resistência ao vira-cabeça-do-tomateiro, foi também introduzido no BRS Montese um gene que aumenta em mais de 20% o teor de vitamina C (ácido ascórbico). E mais: “o BRS Montese também se destaca pelo alto teor de licopeno — 70 mg por kg — e elevada produtividade — 10 kg por planta. Além disso, a sua qualidade tem permitido a comercialização de frutos para produção de tomate seco e saborosos molhos caseiros”, registra o pesquisador.
Mas não são apenas essas as vantagens do BRS Montese. A cultivar apresenta ainda resistência à mancha de estenfílio, doença causada por dois fungos e cujo ressurgimento vem sendo observado nas principais regiões produtoras de tomate do Brasil. Como o cultivo de materiais resistentes é considerado o meio mais eficiente de controle, a ampliação do cultivo do BRS Montese, segundo Boiteux, seria uma alternativa para combater essa ameaça, tendo em vista o seu maior número de genes de resistência entre os grupos de tomate italiano.
Salada enriquecida
BRS Imigrante atende nova tendência de tomate tipo salada
Considerado um dos mais importantes do mercado brasileiro, o segmento do tomate tipo salada ganhou mais um integrante com o lançamento, pela Embrapa Hortaliças, do BRS imigrante, híbrido F1 para consumo in natura. Lançado este ano, o híbrido tem tolerância às principais espécies de begomovírus (=geminivírus) e resistência às três raças do fungo Fusarium oxysporum f. sp. lycopersici . “O BRS imigrante é um dos primeiros híbridos de tomate que combina tolerância contra os geminivírus e o Fusarium raça 3”, esclarece o pesquisador Leonardo Boiteux, que coordena o Programa de Melhoramento de Tomate da unidade Hortaliças da Embrapa.
Boiteux explica que os passos iniciais do projeto de pesquisa foram conduzidos “em caráter emergencial”, a partir de uma demanda de produtores do Espírito Santo. Segundo ele, até 2005, só existiam no País duas raças do fungo Fusarium, que eram facilmente controladas com variedades resistentes. O cenário mudou drasticamente com a identificação de uma grande ameaça: a presença de uma nova raça do fungo ainda não detectada no Brasil. Essa raça (denominada raça 3) foi inicialmente percebida no município de Venda Nova do imigrante, no Espírito Santo. Hoje, a doença se encontra espalhada pelos estados da Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e todas as variedades de tomates líderes de mercado se mostraram extremamente suscetíveis à doença.
Terceira raça
O enfrentamento da terceira raça do fungo foi conduzido em parceria com o Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural. “O Incaper tem sido um grande e importante aliado da Embrapa Hortaliças e não foi diferente nos trabalhos de pesquisa para a identificação da doença e para a validação do BRS imigrante”, sublinha Boiteux. “O híbrido apresentou níveis elevados de resistência em todos os ensaios conduzidos em áreas contaminadas no Espírito Santo e em Minas Gerais”, registra Helcio Costa, pesquisador do Incaper que participou da equipe de desenvolvimento do híbrido.
Tamanho
O BRS imigrante também se destaca pela firmeza e tamanho dos frutos, pelo sabor adocicado (4.5°brix) e pela durabilidade pós-colheita. “normalmente, os tomates com alta resistência ao Fusarium raça 3 apresentam frutos moles e com reduzida vida pós-colheita. no entanto, isso não ocorre com o BRS imigrante”, ressalta Boiteux.
Características
A nova cultivar apresenta ciclo médio, porte do tipo “meia-estaca”, e potencial produtivo de até 480 caixas de 25 kg por mil plantas. o BRS imigrante, cujo nome é uma homenagem aos povos imigrantes que consolidaram no Brasil o hábito de cultivo e consumo de hortaliças, em especial o tomate, foi desenvolvido via contrato de cooperação técnica com a Agrocinco Ltda, nos termos da Lei de inovação Tecnológica, de 02/12/2004, regulamentada em 11/12/2005.