Segundo levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as exportações de mel renderam ao País uma receita de US$5,53 milhões. Só em dezembro de 2010 houve aumento de 48,3% no volume produzido (1650 mil toneladas). O preço médio de comercialização do produto chegou a US$3,35 o quilo, gerando um crescimento de 28% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Entre os principais compradores estão Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido.
Além de elevar a renda e ser uma fonte riquíssima em proteínas, vitaminas e minerais, a criação de abelhas pode ser uma grande aliada para a preservação da natureza. Esses insetos são responsáveis pela reprodução de 40 a 90% dos vegetais devido ao processo de polinização, ou seja, cuidam do transporte de pólen de uma flor para outra, de acordo com Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Pensando em contribuir com o meio ambiente, José Augusto Martins, morador da zona Oeste de São Paulo, tomou a decisão de ser apicultor há 18 anos ao ver um apiário abandonado cheio de traças de cera (inseto que causa danos à colmeia).
Sucesso
Após extrair mel deste primeiro local, Martins o distribuiu para os amigos, que logo começaram a pedir mais. Com o sucesso, ele resolveu abrir mais um apiário com produção de 300 caixas, contando com 100 mil abelhas e um aparelho de centrifugação para retirada do mel. Para garantir a qualidade de seu trabalho, o produtor rural faz parte da Associação dos Criadores de Abelhas Melíferas (APACAME). “Percebi que as pessoas preferem esse nobre alimento direto de um produtor que conheçam, por ser mais confiável”, diz. “Se pudesse, só viveria da renda da comercialização do que eu produzo”, completa o também dono de uma empresa de autopeças.
O contato com a natureza e a paixão pela criação de abelhas foi decisivo para que o apicultor realizasse uma dissertação chamada “A geometria no mundo das abelhas” na USP – Universidade de São Paulo. “As abelhas, com uma proeminente sabedoria milenar, dão ao homem um verdadeiro exemplo de trabalho comunitário e sustentável. Sem apego algum ao individualismo, pois tudo é comunitário, elas usufruem dos valores dados pela natureza e contribuem para o seu equilíbrio. Em troca de néctar das flores que a natureza lhes oferece, elas retribuem com sua ação polinizadora para multiplicar e enriquecer o reino vegetal, animal e humano com sementes e frutas”, afirma Martins.
Meio ambiente
Segundo ele, a troca periódica de ceras, o cuidado para evitar traças, a manutenção de espaço interno adequado para suas atividades as auxilia na sua reprodução e é uma forma de ajudá-las a contribuir com meio ambiente. “As abelhas são um exemplo de sustentabilidade. Ao mesmo tempo em que tiram matéria-prima da natureza, elas devolvem em polinização, um serviço que fazem de modo inigualável”, assegura. “Assim, criá-las nos proporciona um nível de consciência maior, pois é exemplar sua cuidadosa e desprendida organização social, e a sua eficiência e perfeição na ocupação do espaço físico nos encanta”, acrescenta.
Atualmente José Augusto produz quatro toneladas de mel por ano, além de produtos como própolis, pólen, balas, sachê, favos com moldura hexagonal ou retangular. O material também é comercializado em exposições ou em entrepostos. O processo de extração do mel é realizado na zona rural da cidade de Casa Branca ou em São Lourenço da Serra, interior de São Paulo, onde Martins possui uma casa de campo. O envase do mel e a embalagem dos demais são realizados em espaço apropriado, na própria residência.