Todo novo produto ou hábito de consumo que chega ao mercado desperta, além da curiosidade, dúvidas sobre procedência, valor nutritivo e outras questões interessantes a cada tipo de público. O mercado orgânico brasileiro, que nem é tão novo assim, também passa por isso, mas enquanto o consumidor começa a ter mais acesso a esses alimentos, os produtores também precisam conhecer um pouco além do básico.
Um dos pontos fundamentais desse modo de produção é a certificação, legitimada por selos do próprio país ou entidades independentes e idôneas chamadas certificadoras. Embora tenham processos diferentes, o objetivo de ambos é garantir que o produtor seguiu corretamente os preceitos orgânicos do solo à bandeja do supermercado. Com essa enorme responsabilidade, o produtor tem se familiarizar com questões recentes, que logo devem chegar ao Brasil.
No mundo, o número de certificadoras é crescente, e já passa de 400 instituições com perfis diferentes, voltadas a orgânicos, sustentabilidade, comércio justo, etc. Isso significa não só variedade de escolha, mas também oferece maiores chances de adequação ao produtor. Pode-se assim destacar alguns pontos que merecem mais tempo de análise. Uma das primeiras preocupações é sobre a ética por trás da entidade, sua independência, estabilidade, eficácia, critérios atualizados, transparência de processos, dentre outros. Tal rigor evita que o produtor seja acusado de “greenwash”, ou “maquiagem verde”, aquele que apenas finge que sua empresa atua sustentavelmente.
Outro elemento é conhecer a própria produção ou empresa, sabendo reconhecer o limite de seus sistemas produtivos. Por exemplo, se não for possível certificar todos os produtos de uma linha – por motivos econômicos ou de volume insuficiente, – iniciar com poucos é um caminho mais seguro.
Os motivos econômicos citados acima não o foram por acaso. Como o processo de certificação envolve custos como avaliação de auditores e possíveis alterações na produção, isso tem um peso importante no orçamento. Apesar dos benefícios de uma certificação, é vital que o empreendedor tenha clara consciência se pode ou não sustentar os investimentos necessários.
Também ocorre que, nessa diversidade de certificadoras, os diferentes pontos de vista entre elas começam a ficar mais nítidos. Às vezes, é até interessante optar por uma certificação em especial para diferenciar-se no mercado, mas é valioso que o produtor pesquise dentro de seu setor, fazendo comparações, questionando diferenças e os valores que as certificadoras realmente representam. Isso porque, se for firmada uma parceria de trabalho, logo o consumidor irá associar a imagem dos dois no mercado. Outro elemento vital à certificadora e que deve ser analisado pelos produtores é o impacto dos resultados obtidos, transformados em vantagens reais para o meio ambiente e vantagens econômicas inerentes ao próprio negócio – algo que pode ser conferido por meio de balanços, aferições (como o padrão ISO) e até estudos de instituições independentes.
Embora essas questões pareçam intimidantes a princípio, a produção orgânica está intimamente ligada à certificação. Para o produtor brasileiro que exporta ou importa, elas são mais cotidianas, mas com o selo brasileiro num horizonte próximo já pode ser hora de se preparar. Sem contar com a crescente atenção do consumidor, valorizando produtos com mais valor agregado.