Novas variedades de Conilon, classificadas internacionalmente como bebida superior, prometem aumentar a renda dos produtores do Espírito Santo, estado que responde 80% da produção nacional
A conquista da classificação internacional de “Bebida Superior” vem ampliando cada vez mais o mercado do café Conilon. Vinte anos após as primeiras cultivares recomendadas para o estado do Espírito Santo, três novas variedades clonais, melhoradas geneticamente, são lançadas pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Incaper). Entre seus diferenciais, prometem melhorar a qualidade da cafeicultura capixaba e aumentar em 20% em média a renda dos produtores rurais.
O Espírito Santo é o segundo maior produtor brasileiro de café e responde por 80% da produção de Conilon do País. A cafeicultura está presente em quase todos os municípios capixabas e representa 44% do PIB agrícola do estado. É a atividade que mais gera empregos e distribui renda no Espírito Santo. Envolve 131 mil famílias, gera cerca de 400 mil empregos e está presente em 60 mil propriedades rurais, em área total de 450 hectares, dos quais 280 mil hectares com Conilon.
“Por trás da xícara tem gente, tem meio ambiente, tem política pública, tem quase trinta anos de pesquisa, tem o empenho do produtor rural, dos profissionais do Incaper e muitas outras coisas envolvidas. A qualidade do café produzido no Espírito Santo está encantando o mundo”, afirma Evair Vieira de Melo, diretor-presidente do Incaper.
Novas variedades
Resultado de mais de 20 anos de pesquisa e desenvolvimento, as novas variedades possuem diversas características que as diferenciam das variedades de Conilon disponíveis no mercado. Batizadas de “Diamante Incaper 8112”, “Jequitibá Incaper 8122” e “Centenária Incaper 813”, distinguem-se pela época de maturação dos frutos. Para o produtor, o escalonamento da colheita traz diversas vantagens, como a melhor gestão da mão de obra e a utilização mais adequada de terreiros e secadores. A alta produtividade das cultivares ajuda no aumento da produção na indústria cafeeira. E a excelente qualidade da bebida é a maior vantagem para o consumidor.
As três novas variedades possuem alta produtividade, podendo alcançar rendimentos superiores a 120 sacas beneficiadas por hectare em plantios irrigados com alta tecnologia. Além disso, apresentam boa estabilidade de produção, uniformidade de maturação, moderada resistência à ferrugem.
Nomes duradouros
Os nomes atribuídos às novas variedades clonais de café Conilon lançadas pelo Incaper, representam algo em comum: durabilidade, longevidade, perpetuidade.
- Diamante Incaper 8112 — Além de precioso, o diamante é o material mais duro que existe, e não pode ser riscado por nenhum outro material, senão o próprio diamante. Batizar a variedade precoce de “Diamante” indica resistência e reflete o quão valiosa é a cafeicultura capixaba. De maturação precoce, a variedade “Diamante Incaper 8112” é colhida no mês de maio. A produtividade média é de 80,73 sacas beneficiadas por hectare, o que supera em 39,19% a média da variedade Emcapa 8111 e, em 14,73%, a média da “vitória Incaper 8142”, lançadas em 1993 e 2004, respectivamente.
- Jequitibá Incaper 8122 — A variedade intermediária ganhou este nome em homenagem à árvore símbolo do Espírito Santo. Em tupi, Jequitibá significa “gigante da floresta”, tão imponente quanto a cafeicultura de Conilon no Espírito Santo. O nome “Jequitibá” foi dado à variedade de maturação intermediária numa referência à sustentabilidade, ao compromisso que a atividade tem com a preservação ambiental.
De maturação intermediária, a colheita da variedade “Jequitibá Incaper 8122” concentra-se no mês de junho. A produtividade média da variedade “Jequitibá Incaper 8122” é de 88,75 sc.benef./ha. Superou em 47,92% e 26,07% a média da variedade “Emcapa 8121” (intermediária) e “vitória Incaper 8142”, lançadas em 1993 e 2004, respectivamente, pelo Incaper.
- Centenária Incaper 8132 – Além de celebrar os 100 anos do café Conilon no Espírito Santo, comemorados em 2012, o nome da variedade clonal tardia denota a longevidade e durabilidade de tudo o que é secular. Uma respeitosa homenagem à vasta experiência do Estado no que se refere à cafeicultura do Conilon. De maturação tardia, a variedade é colhida no mês de julho. A produtividade média da variedade “Centenária Incaper 8132” é de 82,36 sc.benef./ha. Superou em 37,27% e 16,99% a média da variedade “Emcapa 8131” (tardia) e “vitória Incaper 8142”, lançadas em 1993 e 2004, respectivamente pelo Incaper.
Como adquirir mudas
Para ter acesso às novas variedades, os produtores rurais e demais interessados devem recorrer aos Escritórios Locais de Desenvolvimento Rural do Incaper, presentes em todos os municípios capixabas. Viveiristas cadastrados no Mapa multiplicarão as mudas. Atualmente a capacidade de produção é de 21 milhões de mudas por ano, mas a expectativa é que a quantidade chegue a 35 milhões.