Incidência de diarreia em bezerros aumenta em períodos chuvosos e de calor
O excesso de umidade e as temperaturas mais elevadas são chamarizes para o aumento de casos de diarréia infecciosa em bezerros. O clima desfavorável para o rebanho facilita a proliferação de diferentes microrganismos transmissores dessa doença, que contaminam os animais.
Mestre em Comportamento e Ecologia de Zooparasitas e doutora em Ciência Animal, a bióloga Ana Carolina de Souza Chagas – também pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste (SP) – orienta o pecuarista para que fique atento a essa época do ano, com o intuito de reduzir os riscos de ocorrência da diarreia.
Conforme a estatal, o fato de as condições climáticas serem determinantes é validado por um levantamento do Centro de Pesquisa da Embrapa, que apontou: cerca de 70% das mortes de bezerros leiteiros lactentes concentram-se entre os meses de novembro e março, período que apresenta as maiores médias pluviométricas.
Taxa de mortalidade
Em todo o mundo, a taxa de mortalidade de bezerros, devido à diarreia infecciosa, passa de 30%. A desidratação e a desnutrição prejudicam o desenvolvimento dos animais e podem levá-los à morte, acarretando importantes perdas econômicas ao pecuarista.
Segundo a pesquisadora, o produtor rural precisa ficar atento, porque a maioria das mortes em decorrência da doença pode ocorrer nas primeiras duas semanas de vida do animal, quando o sistema imunológico ainda não está estabilizado.
Além disso, a debilidade (ou fraqueza) deixa o bezerro mais suscetível a adquirir outras infecções, como a pneumonia, por exemplo, que também retardam o desenvolvimento do filhote.
Boas práticas
Os bezerros com a patologia apresentam fezes pastosas ou aquosas, que podem ser identificadas pela observação do períneo ou da cauda suja de fezes.
Entretanto, com o manejo correto, controle e prevenção dos microrganismos, é possível reduzir, significativamente, os prejuízos com a diarreia. A pesquisadora Ana Carolina recomenda que quando o animal apresentar sintomas da doença, ele deve ser isolado e tratado com medicamentos adequados e dieta balanceada. E alerta: “É importante ter o acompanhamento de um médico veterinário, principalmente quando ocorrer a contaminação do rebanho”.
A especialista destaca, porém, que a melhor alternativa ainda é a prevenção, principalmente por ser uma boa prática, mais simples e de baixo custo. O produtor também deve garantir que o recém-nascido receba o colostro nas primeiras seis horas de vida, período crucial para determinar sua imunidade.
“A higiene é extremamente importante na prevenção da diarreia. Os bebedouros e comedouros devem estar suspensos para evitar sujeira e contaminação e devem ser limpos periodicamente”, indica Ana Carolina.
Mais recomendações
Outra recomendação da pesquisadora é trocar os animais de lugar toda vez que o piso se apresentar inadequado, como consequência do pisoteio, com formação de barro ou sem cobertura de pasto.
“Eles devem ser alocados individualmente, por meio de estacas de metal fincadas ao solo. Os bezerros são conectados às estacas por meio de cordas de nylon de aproximadamente 2,5 metros de comprimento. A disposição dos bezerros no piquete busca permitir o contato visual e evitar o contato direto entre os animais, o que facilita a transmissão de doenças”, detalha a bióloga.
Essas medidas – continua Ana Carolina – “reduzem as chances de o bezerro ser infectado com a doença e diminuem os prejuízos físicos e financeiros que a diarreia pode causar”.