Hoje, é crescente a preocupação com relação à conservação do ambiente, o que repercute diretamente no setor agropecuário, que busca formas alternativas de controle de pragas visando minimizar ou diminuir a utilização de agrotóxicos no processo de produção de alimentos, fibras e matérias-primas dos diversos processos industriais, com o objetivo de suprir as necessidades humanas.
Para obter um sistema de produção que contemple a sustentabilidade ambiental deve-se adotar técnicas que promovam a agrobiodiversidade, a utilização dos processos biológicos naturais e o uso racional de insumos externos.
Em resposta a essa busca, surgiu o Manejo Integrado de Pragas (MIP), que consiste na utilização inteligente de várias medidas de controle, visando reduzir as populações de pragas nos agroecossistemas com eficiência econômica e consciência ecológica e social.
No entanto, apesar da grande disponibilidade de técnicas disponíveis e das cobranças cada vez mais crescentes por uma agricultura mais limpa, ainda se utilizam agrotóxicos de amplo espectro, devido ao baixo custo e facilidade de utilização. O uso indiscriminado destes produtos nos cultivos pode ocasionar desequilíbrios biológicos, impedindo a atuação e o desenvolvimento de inimigos naturais.
Justamente devido a essa atuação, pragas que anteriormente eram consideradas de menor importância, passaram a ter alta incidência, causando perdas nas lavouras, como verificado com a cultura da soja nos Estados de Mato Grosso do Sul, Goiás e Paraná com relação a lagarta falsa-medideira, Pseudoplusia includens. Essa praga teve sua população aumentada devido à utilização de inseticidas de amplo espectro, os quais proporcionaram desequilíbrios biológicos no agroecossistema, impedindo ou prejudicando o estabelecimento de inimigos naturais. Aliado a isso, estudos recentes têm evidenciado que a utilização de fungicidas, especialmente para a ferrugem asiática, estão também afetando negativamente o desenvolvimento de fungos benéficos, como por exemplo o Nomuraea rileyi, conhecido como fungo causador da doença branca na lagarta.
O Controle Biológico é uma importante estratégia que, através da liberação, incremento e conservação de parasitoides, predadores e microorganismos, pode impedir que os insetos-praga atinjam níveis capazes de causar dano econômico. Essa estratégia de controle tem como principais vantagens o fato de não deixar resíduo, ser mais específico, assim como permanente, entre outras. No entanto, para o seu sucesso a cultura deve ser manejada de forma integrada, buscando a associação entre os diversos fatores e meios de controle.
Para o controle da lagarta falsa-medideira, deve-se não somente minimizar a utilização de agrotóxicos, buscando a utilização de forma racional, mas também viabilizar outras formas de controle que possam manter a população do inseto em níveis abaixo daqueles considerados danosos à cultura. Sendo assim, pesquisas tem sido realizadas buscando alternativas que possam ser utilizadas no controle desse inseto, entre as quais pode-se destacar a utilização de espécies de Trichogramma que atuam parasitando os ovos da praga, a utilização de Baculovirus sp. e de predadores que causam a mortalidade das lagartas e de parasitoides de pupas que ao ser parasitada evita a emergência de adultos da lagarta falsa-medideira. A associação destes diferentes agentes de controle biológico nas diferentes fases do inseto pode manter a população de P. includens abaixo dos níveis que causam redução na produtividade da soja. Todavia, essas pesquisas estão ainda sendo avaliadas, mas o resultados obtidos, até então, são promissores para a implementação do controle biológico da praga.