Mais do que uma ferramenta que agrega boa imagem ao produto, a certificação é um selo de qualidade usado para aumentar as vendas e abrir as portas de novos mercados consumidores, inclusive internacionais. Ciente disso, Minas Gerais apoia o processo e o incentiva na produção de três mercadorias tipicamente regionais: cachaça, café e carne.
Maior fabricante de café do país com 383 propriedades produtoras e a expectativa de chegar a 800 até o fim do ano, Minas Gerais está trilhando o caminho da certificação para se tornar um exportador de grãos. O processo de aperfeiçoamento é incentivado pelo governo e a transformação não se restringe ao modo de produzir, mas influencia também as relações familiares.
Exigências como o controle das operações, da colheita, dos lotes de café, da compra de insumos, da venda de produtos, entre outras, são pré-requisitos para angariar o documento oferecido pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG). Para consegui-lo, enquanto o homem aperfeiçoa as práticas agrícolas, a mulher está assumindo o papel de gestora, cuidando da contabilidade. Cabe à Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), orientar os produtores rurais tanto nas questões técnicas quanto nas adequações necessárias na propriedade para que ela seja certificada. O trabalho em conjunto gera grande diferencial na qualidade da bebida e consequentemente, no preço do café.
Cachaça
Outra bebida que Minas está investindo na certificação é a cachaça. Líder da indústria com detenção de 50% da fabricação nacional, Minas Gerais possui 8.466 alambiques e uma produção que alcança 230 milhões de litros por ano. Segundo os dados da Associação Mineira dos Produtores de Aguardente de Qualidade (Ampaq), o negócio movimenta R$1,3 bilhão só com o mercado interno, gerando cerca de 240 mil empregos. Oferecido pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (Ima), o selo da Certificação da Cachaça Artesanal de Alambique garante que a bebida foi produzida de maneira puramente artesanal e a cachaça sobe de preço no mercado. Somente em 2009, O Ima já qualificou 158 cachaçarias mineiras. Até o ano passado, apenas dez delas possuíam a marca.
Carne bovina
Maiores exportadores para países da União Europeia, os produtores mineiros de carne bovina também investem cada vez mais na certificação. Das 1566 propriedades brasileiras que exportam para este canto do mundo, 581 estão em Minas Gerais e a expectativa é de que o selo aumente ainda mais o número.
Coordenado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (Ima), a certificação foi dada a 645 propriedades no ano passado e a mais 267 em 2009. A meta é que até o fim do ano, mil fazendas sejam alcançadas. O objetivo do documento é atestar a identificação dos animais, o controle das movimentações de entrada e saída, mortes e nascimentos, insumos, controle sanitário e uso de produtos farmacêuticos. Ou seja, o processo comprova a qualidade da carne produzida e impulsiona as vendas, além de aumentar o preço do produto. A carne do boi certificado vale R$6 a mais por arroba.
No acumulado de janeiro a outubro, enquanto a exportação de carne bovina no país teve queda, em Minas houve aumento de 26,3%. Foram quase 54,4 mil toneladas, na comparação com as 43,1 toneladas produzidas em 2008, segundo os dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Apesar da crise econômica mundial que ocasionou a retração do preço da mercadoria em quase 17%, o aumento de quase 90% de exportação da carne mineira para a União Europeia gerou um incremento de 5% na receita do segmento.
Entre janeiro e outubro deste ano, as vendas de Minas Gerais para a União Europeia alcançaram US$57,8 milhões com a venda de 8,6 mil toneladas de carne. No mesmo período de 2008, foram US$22,8 milhões e 3,3 mil toneladas do produto. Já em nível nacional houve redução de 12% das exportações. O Brasil vendeu para fora do país, 584,3 mil toneladas nos seis primeiros meses deste ano contra 668,2 mil toneladas no mesmo período de 2008.