A Preserva Mundi é mais uma participante do projeto OrganicsNet, da Sociedade Nacional de Agricultura, que investiu em produtos 100% orgânicos e certificados pela Control Union. Localizada no município de São João de Pirabas, estado do Pará, junto à floresta Amazônica, ela trabalha em parceria com as comunidades ribeirinhas, contribuindo com a renda de várias famílias e o desenvolvimento daquela região
O elemento inovador da empresa surge com seus principais produtos, feitos a partir de plantas originárias da Índia e do sudeste asiático, respectivamente, o neem (ou nim) e o noni. O primeiro é uma árvore, a Azadirachta indica, única representante do gênero da família Meliaceae e que é utilizada pelos indianos há mais de 4000 anos. Suas diversas aplicações aproveitam folhas, frutos, sementes, casca e madeira na medicina humana e veterinária, cosmética e também na agricultura, como defensivo agrícola sustentável. Como ilustração de seu alcance, o neem é utilizado na medicina Ayurveda, uma das mais antigas do mundo, cujo conceito é tratar a doença antes de esta ser percebida.
Já o noni, Morinda citrifolia, é uma fruta de história mais recente, de “apenas” 2.000 anos de utilização pelos povos das ilhas do Oceano Pacífico. Ainda que a medicina ocidental não tenha dado seu aval positivo, a polpa do noni é aproveitada crua, cozida ou em suco na medicina natural para o tratamento e prevenção de diversos males mencionados no site da empresa.
Em outra ação sustentável, a Preserva Mundi também incentiva as comunidades ribeirinhas a aproveitarem as sementes locais, antes perdidas nos rios, para a produção de óleos vegetais. Isto não só é uma conscientização para a preservação da mata nativa como funciona para gerar uma renda extra às famílias.
Nesta entrevista com A LAVOURA, a diretora comercial da empresa, Romina Lindemann, mostra como a Preserva Mundi surgiu no Pará e conquistou mercados no Ceará, Brasília, Minas Gerais, Pernambuco, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Roraima e São Paulo.
A Lavoura – Conte-nos um pouco do histórico da criação da empresa.
A empresa percebeu a ação tóxica sobre o meio ambiente e as pessoas e decidiu investir em uma alternativa para o defensivos químicos utilizados na produção de alimentos por produtos não agressivos ao ser humano e o meio ambiente. Nessa linha chegamos ao neem (Azadirachta indica) utilizado há mais de 4.000 anos na Índia com esse objetivo.
A Lavoura – Com quais produtos/culturas a Preserva Mundi lida?
A Preserva Mundi cultiva o neem numa região do nordeste do estado do Pará à qual a planta se adaptou muito bem. Todo o plantio, assim como seus produtos, possuem certificação orgânica.
A Lavoura – Por que decidiu apostar nas culturas do neem e noni?
O neem não é nenhuma novidade no mundo, mas no Brasil é uma cultura relativamente nova. No caso no noni, sentimos que o mercado estava exigindo um produto nacional pois até o momento da decisão de implantação da cultura o mercado só dispunha de produto importado.
A Lavoura – Quais são as aplicações de cada uma?
O neem, além de ser um excelente repelente de insetos (combate mais de 400 tipos), é muito eficiente no controle e prevenção de várias doenças quando consumido em forma de chá.
O noni é uma fruta muito rica em nutrientes e seu suco é um excelente complemento alimentar.
A Lavoura – Sob que formas elas são comercializadas? Frutos, mudas, sementes…?
O neem é comercializado em forma de extrato das folhas, óleo extraído das sementes, folhas desidratadas, sabonete e em forma de chá. Já o noni é comercializado em forma de suco e chá.
A Lavoura – Como realizam a divulgação das mesmas, plantas ainda pouco conhecidas no país?
Participando do maior número de feiras e eventos, e através de projetos como o OrganicsNet.
A Lavoura – Como manter um fluxo constante de renda e de entrega de produtos já que as culturas são sazonais?
Estas culturas, especificamente, produzem com regularidade durante o ano todo. Não temos preocupação com este tema.
A Lavoura – Percebe falta de qualificação da mão-de-obra?
Sim, na nossa região há uma carência muito grande de mão-de-obra qualificada.
A Lavoura – Já pensaram em aderir/voltar à produção convencional?
Não, em nenhum momento cogitamos essa hipótese.
A Lavoura – Em sua opinião como empreendedora, qual o ponto que oferece mais dificuldade para a expansão do setor orgânico especificamente? Por exemplo, comercialização, armazenamento, embalagem, transporte…
Apesar do crescimento do mercado de produtos orgânicos, achamos que a falta de informação ainda é a grande dificuldade que os produtores enfrentam, mas como vivemos em um país de tamanho continental, a logística também é um problema.
A Lavoura – Teve que alterar alguma estratégia comercial devido à crise?
Não, o mercado se manteve estável durante a crise.
A Lavoura – Quais são os planos da Preserva Mundi para 2010?
Divulgar cada vez mais nossa marca e produtos, desenvolver um novo visual para embalagens e rótulos, assim como continuar com a pesquisa e testes de novos lançamentos.
Jacira Collaço – Médica veterinária