Com a aproximação do período de semeadura da soja para a safra 2009/2010, a Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) alerta aos produtores sobre os cuidados na hora de escolher entre as cultivares convencionais e as transgênicas. A indicação das transgênicas é, principalmente, para áreas com alta infestação de plantas daninhas, pois facilitam os manejos para reduzir “sementeira” das plantas invasoras, desde que utilizadas tecnologias de aplicação corretamente, diz o pesquisador Carlos Lasaro.
Ele orienta que, a partir do momento que se tem uma área sem tantos problemas com plantas daninhas, é interessante voltar ao cultivo das variedades convencionais. “Essa recomendação visa à redução de problemas que podem ocorrer com o plantio sucessivo de transgênicos, que levaria à seleção de plantas daninhas resistentes até mesmo ao herbicida glifosato, podendo ocasionar aumento do custo de produção da cultura e baixa eficiência do uso da tecnologia transgênica”, diz.
Cultivares
Sobre as cultivares de soja da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicadas para o Mato Grosso do Sul, a novidade entre as convencionais é a BRS 285, lançada em 2008 e desenvolvida pelo convênio entre a Empresa e a Fundação Vegetal. A cultivar é a única indicada para todo o Estado. Segundo Carlos Lasaro, provavelmente já existe um volume de sementes disponíveis desse material no mercado, produzido pelos cotistas da Fundação. “A BRS 285 apresenta bom potencial produtivo para todo o Estado e, principalmente, para o Norte onde ela tem um ciclo que possibilita o cultivo de milho safrinha”, informa.
A cultivar é do grupo de maturidade relativa 7.4, de ciclo médio. O grupo de maturidade indica o ciclo total da cultivar, da emergência à maturação da colheita. Quanto menor essa numeração, mais precoce é a cultivar. Outras características da variedade são presença do período juvenil longo (PJL), característica fisiológica que permite à planta ter um porte maior, e a resistência ao nematoide de galha M. incognita. “O PJL é que permite à BRS 285 ter adaptação para o Norte do Estado, sem limitações de porte”, explica o pesquisador.
Variedades para o Sul de MS
Outra convencional é a BRS 239, que apresenta alto potencial produtivo e já é conhecida pelos produtores, sendo uma das principais cultivares convencionais plantadas no Sul do Estado. Apresenta resistência ao nematoide de galha M. incognita e é moderadamente resistente ao M. javanica. A cultivar tem ciclo semiprecoce e grupo de maturidade 6.9.
A BRS 240 também é uma cultivar moderadamente resistente aos nematoides de galha e tem bom potencial produtivo. Apresenta ciclo pouco mais precoce que a BRS 239, com grupo de maturidade 6.8. Outras duas novidades convencionais são a BRS 283 e BRS 284, que são as primeiras cultivares da Embrapa com tipo de crescimento indeterminado e indicadas para Mato Grosso do Sul.
Quanto às transgênicas, existem quatro cultivares já conhecidas pelos produtores do Sul do Estado: BRS 243 RR, BRS 245 RR, BRS 246 RR e a BRS 255 RR. “O destaque em termos de área de produção, nas duas últimas safras, é para a BRS 245 RR”, destaca Carlos Lasaro. Ele cita como característica importante, tanto para a BRS 243 RR quanto para a BRS 246 RR, a resistência à podridão radicular de fitóftora.
Como novidades transgênicas estão as cultivares BRS 291 RR e BRS 292 RR.
A BRS 291 RR é uma cultivar do grupo de maturidade 6.6 e, por isso, considerada de ciclo precoce. Também apresenta resistência à podridão radicular de fitóftora e tem ótimo potencial produtivo para o Sul do Estado.
Já a BRS 292 RR tem o ciclo um pouco mais longo, com grupo de maturidade próximo de 7.3. Apresenta período juvenil longo. “Em solos de alta fertilidade, vale ressaltar a importância de se fazer a semeadura com menos plantas estabelecidas, em torno de dez a 12 plantas por metro”, orienta o pesquisador. A cultivar tem bom potencial produtivo e resistência à podridão radicular de fitóftora.
Sobre a época de semeadura para as cultivares, Lasaro recomenda que seja seguido o zoneamento agrícola para a cultura da soja em Mato Grosso do Sul – safra 2009/10, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. “Apesar de as pesquisas de vários programas de melhoramento terem desenvolvido cultivares com características que permitem a semeadura mais antecipada, como crescimento indeterminado e presença de período juvenil longo, é mais prudente seguir o zoneamento agrícola, considerando que nas últimas safras houve grandes perdas de produção, principalmente devido a semeaduras antecipadas, antes de 15 de outubro, e instabilidade climática recorrente no Estado”, conclui o pesquisador.