É essencial o treinamento para conhecer bem o comportamento dos bovinos, evitando, assim, situações de estresse, que prejudicam a inseminação
Na busca por resultados reprodutivos no rebanho, é muito importante ter atenção com o manejo dos animais e encarar a inseminação com uma etapa de um processo mais abrangente, que é a fertilização. Fertilizar é diferente de inseminar. Para que o projeto tenha sucesso, é preciso planejamento desde o início — escolha do sêmen — até a inseminação em si, ato mecânico que exige apenas treinamento.
Treinamento
O inseminador precisa de treinamento que o integre ao projeto, de forma que ele tenha consciência da responsabilidade de fertilizar, chamando para si todo o manejo com os animais. no caso de grandes fazendas, nas quais o inseminador fica, por necessidade, no curral, cabe a ele treinar seus terceiros no manejo do reconhecimento da vaca em cio e no manejo de conduzi-la ao curral sem agressão.
É importante providenciar água e alimento de acordo com a necessidade do animal para que na chegada ao curral ele fique por um período de descanso de, no mínimo, 20 minutos, com espaço suficiente para evitar competição e brigas. é preciso que a fêmea esteja tranquila na hora de ser conduzida em direção ao tronco para ser inseminada.
Hormônios
O cuidado com o manejo é fundamental, pois o desempenho normal da função reprodutiva depende totalmente da ação dos hormônios, e a produção desses hormônios sofre influência direta do estresse.
Quando um animal é mantido em ambiente inadequado, seu organismo desencadeia uma série de reações hormonais na tentativa de restabelecer o equilíbrio orgânico, chamado de homeostase. em situações agudas, o HHa (hipotálamo) libera adrenalina, noradrenalina e catecolaminas, as quais desencadeiam reações adrenérgicas imediatas, verificadas em situações emergenciais (fi ght-or-flightsyndrome), causando mudanças em quase todo o sistema endócrino.
Reação rápida
A adrenalina é secretada para promover o fornecimento rápido de energia (aumento da glicemia), com aumento dos batimentos cardíacos, da taxa respiratória e circulação. Seus efeitos são bastante drásticos, por isso os níveis séricos precisam diminuir rapidamente. neste instante, a fêmea para de produzir os hormônios da reprodução que possibilitam a fertilização e ou a implantação do ovo no útero. ou seja, seus efeitos são bastante drásticos e todo esse processo prejudica o resultado da inseminação. Por isso, a condução dos animais para a seringa, brete e tronco deve ser feita por peão que conheça comportamento e temperamento dos bovinos, e evite situações que causem estresse.
Tronco de contenção
O uso correto do tronco de contenção para inseminação é outro fator de grande importância para o sucesso da fertilização. de acordo com o veterinário, a contenção em tronco deve ser feita com calma para que o equipamento não fique marcado na memória da fêmea bovina como local a ser evitado por lembrar ansiedade, medo, dor ou agressão. Se houver a necessidade de acionar as peças de contenção (pescoço e vazio), isso deve ser feito com o animal parado para não lesionar ou causar dor. nesse tipo de trabalho, a pressa será, certamente, um fator causador de estresse.
Vacas que, mesmo no Programa intensivo de inseminação em tempo Fixo (IATF), não aceitem a condução tranquila, deverão ser destinadas à cobertura natural, diminuindo a perda de sêmen e aumentando a possibilidade da fertilização.
Retorno econômico
À primeira vista, essas recomendações podem parecer aos produtores e técnicos uma preocupação excessiva e dispendiosa, mas, certamente, eles se surpreenderão com os benefícios que essa mudança de atitude trará à rotina de trabalho, às pessoas envolvidas no manejo dos animais e, principalmente, com o retorno financeiro que será agregado em termos de percentual na fertilização com sêmen.
Economicamente, o mérito reprodutivo é considerado cinco vezes mais importante que o desempenho de crescimento, e dez vezes mais relevante que a qualidade final do produto. no Brasil, essa relação é maior do que 300 vezes para os sistemas de produção de bovinos de corte em regime exclusivo de pastagens. diante disto, a melhoria do sistema de produção de carne bovina brasileira passa, necessariamente, pela melhoria no manejo reprodutivo e nos processos de seleção para características reprodutivas.