Mantendo altura e largura mínimas de 40 centímetros, o rizicultor eleva a capacidade de armazenamento e aumenta a eficiência no uso da água em 10 a 15%
Usar a água com responsabilidade é a primeira lição para quem produz arroz irrigado. As plantas precisam de uma lâmina de água durante todo o ciclo de desenvolvimento e, por isso, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) orienta os produtores sobre o uso eficiente e sustentável desse recurso.
Uma das recomendações é simples, mas faz toda a diferença: reforçar as taipas e mantê-las com altura adequada. As taipas sao como valas feita no solo, que servem para evitar o vazamento da água dos campos de arroz, bem como armazenar água da chuva.
“A água da chuva é capaz de suprir mais de 40% da demanda da cultura de arroz. Mas quando as taipas são baixas, estreitas e desniveladas, não conseguem suportar um volume maior de água – e bastam alguns dias de estiagem para a lavoura começar a sentir os impactos”, explica a Epagri.
Essa situação favorece a infestação por plantas daninhas e reduz a disponibilidade de nutrientes para a cultura, o que pode levar a perdas superiores a 50%.
Com taipas reforçadas, mantendo altura e largura mínimas de 40 centímetros, o rizicultor eleva a capacidade de armazenamento e aumenta a eficiência no uso da água em 10 a 15%.
Risco de enchentes
De acordo com levantamento da Epagri, as áreas que não sofreram restrição de água para irrigação produziram 20 sacas a mais de arroz por hectare na safra 2019/20 no município de Nova Veneza. O armazenamento de água da chuva nas lavouras ainda reduz o risco de enchentes e a dependência da agricultura pelo abastecimento vindo de rios e córregos.
No arrozal de 25 hectares de Wanderlei Moretto, em Forquilhinha, as taipas são tão reforçadas que ele anda sobre elas de bicicleta para fazer o manejo da lavoura.
“Taipas mais largas duram mais tempo e suportam bastante água sem vazamentos. A área de produção diminui muito pouco e a produtividade melhora bastante porque a água evita a germinação do arroz daninho. É um manejo sustentável que ajuda a agricultura e a sociedade”, diz o agricultor, que colhe cerca de 180 sacas por hectare.
O uso eficiente da água é um dos principais temas trabalhados pela Epagri com os rizicultores. Só em 2020, 1,5 mil hectares tiveram as taipas reforçadas no Sul do estado. E para facilitar a operação, a Epagri deu apoio técnico a empresas que desenvolveram uma máquina, acoplada ao trator, capaz de redimensionar as taipas com rapidez.
O implemento é adquirido em grupos e a compra pode receber apoio de políticas públicas da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, por meio do Fundo de Desenvolvimento Rural, acessadas via Epagri.