Orientações foram desenvolvidas por meio de projeto de pesquisa da Epagri
A Instrução Normativa nº 18 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que entrou em vigor em março deste ano, trata das normas técnicas para a produção integrada de cebola, desenvolvidas por meio de projeto de pesquisa da Epagri. As orientações técnicas atualizadas, ao serem aplicadas integralmente pelo produtor, contribuem para a gestão da propriedade, a redução de custos e a agregação de valor ao produto, melhorando a renda e reduzindo perdas e desperdícios.
Segundo o coordenador do projeto na Epagri, pesquisador na Estação Experimental de Ituporanga, SC, Francisco Olmar Gervini de Menezes Júnior, a publicação da norma é um marco na cebolicultura nacional.
“Com ela, o produtor poderá produzir alimento seguro ao consumo humano, ao mesmo tempo em que racionaliza insumos, respeita a legislação ambiental e trabalhista, gera empregos e mercado, e aumenta a rentabilidade da lavoura. Com a produção integrada todos ganham: produtor, consumidor, ambiente e cadeia produtiva”, observa Menezes Júnior.
Para o gerente da Estação Experimental de Ituporanga, Daniel Pedrosa Alves, a homologação da instrução normativa reforça a importância do trabalho de pesquisa da Epagri. “Com o apoio e os investimentos do Governo Federal e de Santa Catarina, a Epagri tem contribuído para as várias cadeias produtivas do setor agrícola ao gerar informações e tecnologias aplicadas pelo setor produtivo”, afirma. “Isso tem contribuído para colocar o Estado como maior produtor de cebola do Brasil.”
Santa Catarina é o maior produtor nacional de bulbos de cebola, com mais de 8 mil famílias envolvidas na atividade. A cebola é a principal hortaliça cultivada no Estado, com 70% da produção concentrada na região do Alto Vale do Itajaí.
Normas
As normas técnicas para a produção integrada de cebola estão divididas em 16 tópicos: Gestão da Propriedade, Gestão Ambiental, Organização de Produtores, Material Propagativo, Implantação da Cultura; Nutrição de Plantas; Manejo do Solo e da Cobertura Vegetal; Irrigação, Proteção Integrada da Planta, Colheita e Pós Colheita, Monitoramento de Resíduos, Legislação Trabalhista, Processo de Embalagem, Registro de Informações e Rastreabilidade, Certificação, e Assistência Técnica.
Na instrução normativa estão contidos os referenciais tecnológicos de como produzir a cebola no sistema de produção integrada, um dos pré-requisitos para a certificação e recebimento do selo Brasil Certificado, através do Inmetro. A próxima etapa, através de cursos, será a formação de responsáveis técnicos e auditores, os quais serão responsáveis por orientar, acompanhar e auditar as atividades desenvolvidas nas propriedades, com vistas à certificação.
O Sistema
O Sistema de Produção Integrada de Cebola envolve uma série de técnicas que buscam garantir alimentos seguros para o consumidor. Um dos pilares são as Boas Práticas Agrícolas que incluem a rastreabilidade. O produtor, o técnico e o fiscal adotam procedimentos que permitem acompanhar todo o processo produtivo, de forma a certificar a qualidade do que será colhido. Para isso, todas as práticas adotadas na lavoura são registradas em cadernos de campo.
O projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) e pelo Mapa. Foi desenvolvido com apoio da Estação Experimental em Caçador e dos escritórios municipais da Epagri em Alfredo Wagner, Atalanta e Ituporanga, além do Instituto Federal Catarinense/Campus Rio do Sul e Embrapa Hortaliças. O projeto contou com a participação de representantes da Associação Nacional dos Produtores de Cebola (Anace) e de produtores do estado catarinense.
Em 2016 o projeto foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) como uma boa prática para o desenvolvimento sustentável. O trabalho faz parte da plataforma digital de boas práticas da organização.