Tecnologia foi certificada pela experiência catarinense com o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças
Nesta semana, o extensionista Marcelo Zanella, da Gerência Regional da Epagri em Florianópolis, esteve na Escola de Agroecologia de Parelheiros, na capital paulista, para receber o certificado pela experiência catarinense com o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH). O encontro faz parte do projeto Cinturão + Verde – Agricultura periurbana, mudança do clima e abastecimento de grandes centros urbanos, desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O SPDH foi uma das sete experiências selecionadas em todo o Brasil pela FGV, em chamada pública para identificação de soluções que contribuam para a redução de riscos e vulnerabilidades climáticas de agricultores familiares, com potencial de escala e replicabilidade.
O Sistema
O Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) foi desenvolvido pela Epagri para transição da agricultura convencional para a agroecológica. A tecnologia, que hoje está difundida por 4 mil hectares em Santa Catarina, permite reduzir o uso de agrotóxicos e adubos altamente solúveis até eliminá-los das lavouras. As pesquisas na área começaram em 1998, e a meta é que toda a olericultura catarinense seja conduzida nesse sistema até 2030.
O SPDH promove a saúde da lavoura com práticas voltadas para o conforto das plantas. Isso significa reduzir o estresse relacionado a fatores como temperatura, umidade, salinidade e PH do solo, luminosidade e ataque de pragas e doenças.
“Na nutrição da planta, é preciso seguir as taxas diárias de absorção de nutrientes ajustadas às reservas nutricionais do solo, aos sinais apresentados pelas plantas e às condições ambientais”, explica Marcelo Zanella, engenheiro-agrônomo da Epagri. “Se a planta fica mais resistente, exige menos insumos para se desenvolver de forma adequada”, completa.
Práticas conservacionistas
Segundo o especialista, o sistema prevê uma série de práticas conservacionistas. “A principal é a proteção permanente do solo com palhada, utilizando plantas de cobertura para formar biomassa. Além dessas plantas, conhecidas como adubos verdes, são mantidos na área de plantio os restos vegetais de culturas anteriores”, esclarece.
Zanella acrescenta que o revolvimento do solo é restrito à linha de plantio e, nessa área, o olericultor deve praticar rotação de culturas. “Cada hectare de horta precisa de, pelo menos, 10 toneladas de palha por ano”, informa.
Além de proteger o solo, as plantas de cobertura servem de alimento para macro e microrganismos, aumentam a concentração de matéria orgânica, reduzem o surgimento de plantas espontâneas e mantêm a umidade e a temperatura mais estáveis.
“Com a rotação de várias espécies, há redução nos problemas fitossanitários, aumento na biodiversidade e na ciclagem de nutrientes, mantendo e melhorando a fertilidade do solo”, comenta Zanella.
Reduzindo o uso de adubos e agrotóxicos, o agricultor gasta, em média, 50% menos para produzir hortaliças em SPDH. A melhoria na qualidade e na uniformidade das plantas permite reduzir em 35% as perdas na colheita. Além disso, as taxas de infiltração de água no solo chegam a ser três vezes maiores que no sistema convencional – a redução média no uso de água para irrigação é de 80%.