Como garantir a produtividade das lavouras no período de estresse hídrico
As alterações do clima dos últimos anos trouxeram grandes desafios para os produtores, especialmente na cultura da cana-de-açúcar. Ao longo da safra 2021/2022, por exemplo, o período de estresse hídrico contribuiu, e muito, para um déficit global da commodity.
No Brasil, por exemplo, as condições climáticas adversas no início de 2021 tiveram como consequência uma quebra histórica de produtividade na última safra de cana-de-açúcar da região Centro-Sul.
Mas o que acontece, de fato, com o cultivo em um período de seca? “Quando a planta entra em estresse hídrico ela passa a consumir o que já acumulou ao longo do seu crescimento, visto que a água também atua enquanto solvente para os minerais disponíveis no solo, permitindo a absorção de nutrientes pelas raízes”, explica o engenheiro agrônomo e gerente de Mercado da Ubyfol, João Alves.
Desafios
O especialista afirma que, por essa razão, o período de seca pede máxima atenção do produtor pois, como consequência, a escassez hídrica acaba trazendo resultados negativos para a lavoura, causando danos que debilitam o crescimento das raízes e colmos – que armazenam o açúcar –, além de acelerar a maturação das plantas, o que pode trazer queda na produtividade e comprometer a qualidade.
“Sabendo que, ao entrar no período de seca, a planta paralisa seu desenvolvimento para ter um gasto mínimo das reservas, e que quando as chuvas retornarem ela precisa retomar seu crescimento e evolução, é essencial garantir que durante a janela de estresse hídrico o vegetal perca o mínimo de suas reservas”, orienta o agrônomo. “Assim, a retomada de crescimento será mais favorável.”
Para que isso aconteça, ele comenta que o manejo pré-seca é uma alternativa que dará ao produtor condições de trabalhar a fisiologia da planta em busca da melhor eficiência possível.
Cuidados
De acordo com o especialista, a boa notícia é que no mercado já existem produtos que auxiliam o produtor nesse desafio e apoiam a lavoura trabalhando a fisiologia da planta para que ela seja eficiente no uso de suas reservas.
Ele explica que, por meio de soluções que ofereçam nutrientes e o balanço de aminoácidos adequados – fósforo, potássio, magnésio e enxofre –, a cana consegue ter uma maior atividade fotossintética e enzimática. “Com isso, ela adquire maior tolerância à seca, podendo retornar seus processos de absorção de nutrientes com maior rapidez, tornando-se mais resistente aos estresses abióticos, preservando o TCH (toneladas de cana por hectare) e ATR (açúcar total recuperável) do canavial”, detalha.
Diante desse cenário, o agrônomo diz que é fundamental incentivar o produtor rural a estar cada vez mais familiarizado com as fases de desenvolvimento da planta e com as tecnologias que podem fazer a diferença em cada uma delas.
“Dessa forma, ele estará atento às oportunidades de contribuir com o crescimento do canavial, amenizando as consequências de fatores externos na cultura, garantindo maior controle de qualidade e melhor produtividade da colheita”, conclui Alves.