Sistema reúne diferentes espécies vegetais na mesma área
Sistemas agroflorestais biodiversos com alta capacidade para melhorar o meio ambiente. Esta é a definição dos SAFs, que são formados por plantios de diferentes e diversas espécies vegetais na mesma área e ao mesmo tempo, os chamados consórcios.
“Nesses sistemas incluem-se árvores e arbustos nativos ou exóticos e culturas agrícolas de diferentes ciclos”, explica o pesquisador Embrapa Agropecuária Oeste Dourados, MS, Milton Parron Padovan. “A escolha das espécies vegetais para compor um sistema agroflorestal depende dos objetivos de cada agricultor”, acrescenta.
Uma das estratégias mais adotadas é a implantação de grande diversidade de espécies de árvores e arbustos, bem como de culturas agrícolas. “Ao iniciar um SAF, são implantadas as espécies vegetais para fins agrícolas (batata-doce, rúcula, cebolinha, açafrão, gengibre, abóboras, milho, feijões, mandioca, couve, banana, citros, entre outras) e, ao mesmo tempo, as árvores e arbustos destinados à melhoria ambiental”, informa Padovan.
Processo
Segundo o especialista, quando é feita a colheita de cada espécie agrícola de ciclo curto, implanta-se outra cultura, logo após, utilizando-se a rotação de cultivos (por exemplos, colhe a batata-doce e planta feijões na mesma área; colhe feijões e planta abóboras, e assim por diante).
Nesse processo utilizam-se espécies de ciclo anual, como algumas hortaliças, espécies produtoras de grãos, entre outras; espécies bianuais, como abacaxi, sorgo forrageiro, etc.; trianuais (mamão, maracujá) e espécies perenes como banana, citros, coco-da-baia, manga, abacate, entre outras.
“Assim, o sistema proporciona segurança alimentar e nutricional e viabilidade econômica, pois é possível produzir alimentos e gerar renda continuamente, desde os primeiros meses e até durante décadas”, informa.
Biodiversidade
A boa diversidade vegetal nos SAFs forma diferentes alturas e as partes aéreas e raízes das plantas, com as diferentes características de cada espécie, somam-se para fortalecer os processos naturais, também chamados de serviços ambientais, resultando em melhorias do meio ambiente.
“Um dos importantes serviços ambientais que esses sistemas proporcionam é a melhoria do microclima, pois tanto a temperatura do ar como a do solo ficam mais estáveis, mais agradáveis aos produtores e a todas as espécies vegetais cultivadas, bem como aos organismos nativos que vivem nos SAFs, os quais ajudam a melhorar a qualidade do solo e o equilíbrio biológico”, aponta o pesquisador.
Outro serviço ambiental destacável, de acordo com Padovan, é a melhoria do ciclo da água, pois facilita a sua infiltração no solo, alimenta o lençol freático e, consequentemente, fortalece as nascentes e os mananciais superficiais de água. “Vários estudos também mostram o aumento da fertilidade, estrutura e da vida do solo, melhorando a sua qualidade, reduzindo e até dispensando o uso de fertilizantes”, destaca.
Equilíbrio
De acordo com o especialista, com o aumento do equilíbrio biológico nesses sistemas, ocorre baixo ataque de pragas e doenças nos cultivos agrícolas, tornando-se desnecessária a utilização de defensivos e, consequentemente, facilitando a viabilização da produção orgânica.
“Além, disso, esses sistemas produzem outros serviços ambientais, tais como melhoria da polinização e aumento da estocagem de carbono no solo e na biomassa das plantas (importante para diminuição de gás carbônico na atmosfera e, consequentemente, diminuição dos impactos com o aquecimento global)”, enumera.
Os sistemas agroflorestais biodiversos podem ser adotados para diversificação da produção agropecuária, recuperação de Áreas de Reserva Legal (ARLs), bem como de Áreas de Preservação Permanente (APPs). “Esses sistemas exercem múltiplas funções em APPs e ARLs, pois possibilitam a produção de alimentos e geração de renda ao mesmo tempo em que recupera essas áreas”, arremata o pesquisador.