Altura das plantas afeta a produtividade e a qualidade das fibras
Os reguladores de crescimento são essenciais para a cultura do algodoeiro que está em expansão em diversos Estados brasileiros. Essas substâncias sintéticas interferem no balanço hormonal das plantas, afetando a síntese e a velocidade de translocação do hormônio giberelina.
Essas informações são do pesquisador Fernando Mendes Lamas, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS). Conforme explica, a giberelina é responsável pelo crescimento e multiplicação celular. “Quando se aplica o regulador de crescimento, ocorre uma queda na velocidade de síntese e de translocação da giberelina e, consequentemente, há uma redução na multiplicação e no alongamento celular, o que resulta em plantas mais compactas”, diz ele.
O algodoeiro é uma planta perene, anual, com hábito de crescimento indeterminado. Hoje, no Brasil, especialmente no Brasil Central, o algodoeiro é cultivado de forma mecanizada, inclusive a colheita. “Quando não se manejam as plantas adequadamente, com regulador de crescimento, elas apresentam um porte muito alto que vai interferir negativamente na qualidade das fibras. Além disso, plantas com porte muito elevado podem ter a sua produtividade reduzida, mas o principal é a questão da qualidade da fibra”, observa.
Dosagem recomendada
De acordo com Lamas, não existe uma dose padrão, portanto, a dose correta variável e deve ser definida em função das cultivares, que têm porte diferente. “Se pegarmos a cultivar Embrapa, BRS 500 B2RF, de porte alto, tenho que usar uma determinada dose. Se for, por exemplo, a FM 911 GLTP, de porte baixo, a dose deve ser menor”, compara. “Depende também das condições ambientais, porque o porte é uma característica da cultivar, mas extremamente influenciada pelo ambiente.”
A dose também depende do estádio de crescimento da planta. Por exemplo, uma planta que sofreu um ataque de bicudo vai crescer mais que o desejável, portanto, precisa de uma dose maior.
Lamas afirma que mais importante do que a dose é o momento das aplicações, isso porque entre os primeiros botões florais e as primeiras flores,o algodoeiro apresenta uma taxa de crescimento elevada. “Então, a primeira aplicação do regulador deve que ser feita no início do aparecimento dos primeiros botões florais”, ensina. “A primeira aplicação, para cultivar de porte elevado, deve ocorrer quando a altura da planta estiver em torno de 30 cm a 35 cm. Já para uma cultivar de porte mais baixo, quando as plantas estiverem com uma altura de 35 cm a 40 cm.”
Segundo Lamas, a dose inicial recomendada é de 50 g de ingrediente ativo. Ele informa que hoje, no Brasil, há dois ingredientes ativos, mas com formulações diferentes: um produto comercial, com 50 g do ativo por litro e com 100 g do ativo por litro; e um produto comercial com 250 g do ativo por litro.
“Na primeira aplicação, a recomendação é de, no mínimo, 15 g do ingrediente ativo por hectare. Para as aplicações seguintes, é preciso monitorar o crescimento da planta. Na maioria dos casos, utilizar doses crescentes”, orienta. “Para monitorar, é preciso medir a altura das plantas, principalmente dos últimos cinco internódios. É com base nisso é que se fazer as aplicações.”
Taxa de crescimento
Em função da taxa de crescimento é que será definida a dose. O ideal, na opinião do pesquisador, é que essa taxa seja inferior a 1,5 cm/dia, pois sempre que o algodoeiro estiver crescendo mais do que 1,5 cm/dia, fica difícil de realizar o controle.
“Recomenda-se utilizar regulador de crescimento até quando acima da última flor a planta apresenta no máximo cinco nós. Se acima da última flor mais alta, a planta tem mais de cinco nós, ela ainda está crescendo, então, é preciso usar regulador de crescimento. Se acima da última flor a planta apresenta só cinco nós ou menos, ela já está com a taxa de crescimento bem reduzida”, orienta. “Neste caso, pode-se fazer uma aplicação com uma dose maior para encerrar o ciclo.”
O pesquisador afirma quer o ideal é aplicar o regulador de crescimento de forma isolada. “Com um fungicida, um inseticida, até tudo bem, mas com herbicida, que no caso seria o glifosato, não se recomenda”, diz. “Resumindo, deve-se evitar os coquetéis.”