Inseto pode causar prejuízos de até US$ 53 milhões ao ano. Controle biológico com nematoide é principal ferramenta para conter avanço da praga no Brasil (Foto: Francisco Santana/Embrapa)
A vespa-da-madeira (Sirex noctilio) está entre as mais perigosas ameaças aos plantios de pinus no Brasil. Apesar de discreta, a praga é capaz de comprometer gravemente a produtividade e a qualidade da madeira, com perdas estimadas em até 53 milhões de dólares por ano. Seu impacto crescente acende o alerta no setor florestal, especialmente em estados do Sul, onde os plantios comerciais de pinus são uma base econômica importante.
O ciclo de infestação começa de forma quase imperceptível. As fêmeas da vespa perfuram o tronco das árvores para depositar ovos, junto com uma substância tóxica e um fungo.
Essa combinação paralisa o sistema de condução da árvore, provocando amarelamento da copa, respingos de resina, manchas azuladas no interior da madeira e, em última instância, a morte da planta. Árvores estressadas ou danificadas são as mais suscetíveis ao ataque.
Uma das formas mais eficazes de combate à praga é o controle biológico com o nematoide Deladenus siricidicola, comercializado sob o nome de Nematec e desenvolvido pela Embrapa Florestas. O micro-organismo parasita as larvas da vespa, se multiplica dentro delas e esteriliza as fêmeas.
“Esse nematoide possui uma fase de vida parasitária. Quando entra em contato com a larva da vespa, ele se multiplica dentro do corpo do inseto, penetra nos ovos e esteriliza as fêmeas. Dessa forma, além de reduzir diretamente a população, também impede a proliferação da praga”, explica a pesquisadora Susete Penteado, da Embrapa Florestas.
Distribuído pelo Funcema (Fundo Nacional de Controle de Pragas Florestais), o Nematec está disponível aos produtores entre março e agosto, período mais indicado para o controle. No Paraná, a APRE Florestas centraliza os pedidos junto aos produtores e os encaminha à Embrapa.
Vídeo sobre monitoramento, detecção e controle biológico da vespa-da-madeira
Além do tratamento biológico, o manejo adequado das áreas de plantio é essencial para a prevenção. A retirada de árvores mortas ou com sinais de ataque, a utilização de árvores-armadilha e o monitoramento contínuo são práticas recomendadas. Segundo a Embrapa, a aplicação correta dessas estratégias pode reduzir os prejuízos em até 70%.
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Diante do avanço da praga, iniciativas de capacitação ganham ainda mais relevância. No próximo dia 6 de junho, a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE Florestas) e a Embrapa Florestas promovem um curso técnico presencial sobre controle da vespa-da-madeira.
O evento, aberto a associados e ao público em geral, será ministrado pelos pesquisadores Susete Penteado e Paulo Pereira e terá parte teórica e prática, com destaque para estratégias de prevenção, aplicação do nematoide e diferenciação entre a Sirex noctilio e a nova praga Sirex obesus, detectada no Brasil em 2023.