Cientistas da Emater e sociedade goiana investigam broca-do-tronco
A Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) está buscando formas de elaborar medidas paliativas e definir o controle adequado da broca-do-tronco do pequizeiro, praga que surgiu em Goiás e em Minas Gerais e tem assustado os produtores com a morte rápida das árvores, até então aparentemente sadias.
Para isso, foram instalados dois ensaios em propriedades com registro da ocorrência da praga que ataca o tronco e as raízes do pequizeiro, construindo galerias em seu interior, fazendo com que o fluxo da seiva seja obstruído e dificultando a absorção de nutrientes pela planta.
Descoberta
Em dezembro de 2019, Lucilene Nogueira dos Santos Holanda, também chamada Lene, notou uma espécie de serragem ao pé dos pequizeiros da chácara da família Holanda, em Abadia de Goiás. Embora a chácara não seja voltada para a produção rural, no local há 100 pés de pequi.
Lene procurou a Emater e no fim do ano passado descobriu que a serragem na base das árvores eram as fezes da lagarta, segundo a pesquisadora da Emater, Karin Collier, que coordena a investigação que vem sendo realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Emater, na Estação Experimental Nativas do Cerrado, em Goiânia.
A cientista Karin explica que a união entre a comunidade e as entidades de pesquisa é fundamental para a evolução do trabalhom de identificação e análise dos mecanismos biológicos da lagarta para, então, encontrar formas de combate. “Os avanços só estão sendo possíveis graças à cooperação dos produtores e da sociedade. A divulgação do problema tem levado o nome da Emater e com isso eles têm feito contato”, relata.
Em estágio de descrição biológica e compreensão comportamental da broca-do-tronco, a operação de investigação instalou duas áreas de ensaio em propriedades atingidas pela praga. Segundo Karin, a metodologia não está completa, mas a previsão é que até o início de 2022 já se tenha estipulado o tratamento testado adequado.
Esperança
A agricultora familiar de Hidrolândia, Célia Maria Silva Santos, estava aflita depois de ver cair dois dos 80 pés de pequi de sua propriedade. “Percebi que até as plantas mais jovens também estavam sendo atacadas”, conta Célia.
A esperança chegou junto com a visita da equipe técnica da Emater, liderada pela pesquisadora Karin. Os profissionais estão atuando em três eixos simultaneamente: o monitoramento, para mapear a ocorrência da praga em Goiás; o estudo do ciclo de vida do inseto, processo conduzido por meio de sua criação em laboratório; e a elaboração de alternativas para a recuperação dos pequizeiros atacados.
A praga
Os primeiros registros em quantidades significativas de broca-do-tronco aconteceram em 2019 em Janpovar, no norte de Minas Gerais. Quando o ataque foi identificado em Goiás, a Emater passou a integrar a força-tarefa para descobrir a espécie da lagarta junto com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).
Em junho deste ano, as entidades realizaram uma rodada de palestras para apresentarem informações inéditas sobre a broca. Pela primeira vez, foram divulgadas imagens detalhadas da lagarta e informações sobre sua fase adulta, quando se torna uma mariposa.
Goiás e Minas Gerais estão entre os três Estados com maior volume de produção de pequi do País. Na terceira posição, conforme a Radiografia do Agro, o Estado Goiano conta com 433 estabelecimentos e produção anual estimada em 2.017 toneladas.